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Paris Saint-Germain mira elite do futebol mundial com dinheiro do Catar

26 de setembro de 2012

Salários astronômicos para metas ambiciosas: essa é a receita dos xeques do Catar que compraram o tradicional clube francês Paris Saint-Germain. Os críticos estão indignados.

Foto: picture-alliance/dpa

Até agora, o trabalho do diretor esportivo do Paris Saint Germain (PSG), o brasileiro Leonardo, foi muito agradável. Durante o verão europeu, ele pôde fazer à vontade o que todo cartola sonha fazer: comprar jogadores.

E Leonardo nem mesmo teve que consultar olheiros atrás de talentos escondidos (e baratos): ele simplesmente saiu comprando no primeiro escalão do futebol mundial: Thiago Silva por 40 milhões de euros, Zlatan Ibrahimovic por 22 milhões ou 26 milhões por Ezequiel Lavezzi.

"A multa rescisória de 108 milhões de reais foi paga em dinheiro", declarou o vice-presidente do São Paulo após a venda do meio-campista Lucas Moura. O jovem de 20 anos vai se transferir em janeiro de 2013 para o PSG. Ao todo, Leonardo investiu nesta janela de transferência gigantescos 147 milhões de euros, mais do que o dobro do segundo maior investidor, o Chelsea.

Thiago Silva é uma das novas estrelas do Paris Saint-Germain e custou mais de 40 milhões de eurosFoto: dapd

Rio de dinheiro contra seca de títulos

Tudo isso é possível graças ao dinheiro do Quatar Investment Group, grupo de investidores que comprou o clube francês no ano passado. Os xeques árabes querem levar o PSG ao topo do futebol mundial. "É claro que queremos ganhar a Liga dos Campeões um dia. Mas somos realistas e sabemos que isso vai levar tempo", diz Nasser Al-Ghanim Khelaifi, representantes do investidores e presidente do PSG.

"Primeiro queremos mostrar que somos o melhor clube da França", completa. Os torcedores sonham com um título nacional há 18 anos. O início de temporada foi fraco, com seis pontos em quatro jogos, mas agora o clube está em segundo lugar na tabela, com doze pontos em seis jogos – apenas um ponto atrás do líder, o Lyon.

O técnico italiano Carlo Ancelotti, contratado por Leonardo no início do ano, está confiante. "Cabe a nós encontrar o equilíbrio certo dentro de campo", diz.

Leonardo é responsável por colocar o projeto dos árabes em práticaFoto: dapd

O projeto de Leonardo

Ancelotti também faz questão de dizer que não assinou por dinheiro, mas porque queria participar do projeto. Afirmação semelhante fez o sueco Zlatan Ibrahimovic, que vai ganhar um salário líquido de mais de 14 milhões de euros por ano. Isso é mais do que o melhor jogador do mundo, Lionel Messi, ganha no Barcelona.

A ex-ministra francesa do Esporte, Roselyne Bachelot, criticou os valores pagos pelo PSG. "Estou quase enojada por causa desses salários absolutamente inacreditáveis. Enquanto isso, nossos pequenos clubes lutam para sobreviver." Também o técnico do Lorient, Christian Gourcuff, reagiu com indignação, afirmando que o PSG é uma ameaça para o futebol mundial.

O trabalho de Leonardo e seus fundos árabes também é criticado na Bundesliga. "Quase passo mal ao ver o salário de Ibrahimovic", declarou o presidente executivo do Bayern de Munique, Karl-Heinz Rummenigge, pedindo sanções por parte da Uefa.

O diretor executivo da Liga Alemã de Futebol (DFL), Christian Seifert, disse esperar que as novas regras de fair play financeiro da Uefa coibam excessos desse tipo. "Manchester City e Paris Saint-Germain são dois candidatos a receber um telefonema da Uefa", diz Seifert. "É o que se espera, senão é melhor deixar para lá [as regras]".

Até o presidente Hollande como inimigo

A Uefa quer examinar as contas dos clubes pela primeira vez em 2013. Talvez por isso Leonardo estivesse com pressa para formar a sua equipe estelar – até lá, os valores astronômicos pagos pelos jogadores não vão mais chamar tanta atenção. Mas ainda vão restar os salários, também astronômicos.

Aí o inimigo é outro: ninguém menos que o presidente francês, François Hollande, que pretende pôr em prática sua promessa de campanha e cobrar uma taxa de 75% de imposto de renda para quem ganhar mais de 1 milhão de euros por ano. Isso seria doloroso para Ibrahimovic e outros jogadores da Ligue 1 francesa.

Mas até para isso Leonardo e seus investidores árabes têm uma solução: eles querem assumir o pagamento dos impostos dos jogadores. Assim Ibrahimovic não teria que abrir mão de um centavo e poderia se concentrar em jogar bola.

Autor: Jens Krepela (ro)
Revisão: Alexandre Schossler