Parlamentares tentam romper o tabu da menopausa na Alemanha
Elizabeth Schumacher
24 de outubro de 2024
Nove milhões de mulheres alemãs estão na menopausa, condição de saúde pouco compreendida e discutida. Parlamentares discutem políticas públicas um ano antes das eleições gerais, na esperança de atrair eleitoras.
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"A menopausa continua sendo um tabu. Simplesmente não se fala sobre ela, nem cultural, nem social, nem politicamente, embora afete metade da população diretamente e a outra metade indiretamente", diz We Are 9 Million, um grupo de médicos, farmacêuticos, acadêmicos e ativistas alemães que recebeu o nome do número de mulheres na Alemanha que estão passando por essa fase da vida.
Em seu site, o grupo expõe o que mulheres, médicos e pesquisadores vêm dizendo há anos. A falta geral de financiamento e de atenção à saúde da mulher – desde estudos médicos com a maioria dos participantes homens até o fato de os sintomas de ataque cardíaco das mulheres não serem ensinados nas faculdades de medicina – também teve um grande impacto sobre o pouco que se sabe sobre a menopausa, que afeta as mulheres em algum momento entre 45 e 55 anos de idade.
Os sintomas podem incluir não apenas as conhecidas ondas de calor e insônia, mas também depressão, doenças cardiovasculares e problemas neurológicos, como enxaquecas e dificuldade de concentração. Pelo menos um terço das mulheres apresenta versões extremas desses sintomas, causando grandes incômodos no trabalho e na vida familiar.
A We Are 9 Million aponta que a menopausa ainda recebe pouca atenção na formação de um ginecologista e quase nenhuma atenção dos clínicos gerais.
Problemas envoltos em silêncio
No entanto, é exatamente isso que uma nova proposta do bloco de partidos de centro-direita formado por União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) está tentando mudar na Alemanha. O projeto pede que a menopausa desempenhe um papel mais importante nos estudos médicos e nas práticas de gerenciamento de saúde das empresas.
"Precisamos tirar esse tópico da zona de tabu", disse à DW Emmi Zeulner, uma enfermeira formada e agora legisladora da União Social Cristã (CSU), que levou a proposta ao Bundestag, o Parlamento alemão. "A menopausa acontece no 'horário nobre' da vida. As mulheres estão estabelecidas em seus empregos, em sua vida familiar. Elas têm muitas responsabilidades", afirma.
Ela explica que isso faz com que a menopausa não seja apenas algo que as mulheres precisam enfrentar, mas um assunto importante para as mulheres mais jovens, homens e meninos, e também para a economia.
A proposta foi bem recebida por alguns membros da coalizão governamental da Alemanha, composta por sociais-democratas, verdes e liberais. Saskia Weishaupt, integrante do Partido Verde, disse que "saúda" a iniciativa.
Assim como a endometriose, a infertilidade e a menstruação, a menopausa é tão raramente colocada em primeiro plano nos ambientes médicos e sociais que "muitas vezes as mulheres nem sabem que seus sintomas são da menopausa", diz Weishaupt.
Conservadores cortejam eleitoras
A legisladora do Partido Social Democrata (SPD) Heike Engelhardt não ficou tão convencida. Acusando a CDU/CSU de fazer propaganda eleitoral antes da votação federal do ano que vem, ela questionou por que "depois de 16 anos no poder " sob o comando da ex-chanceler Angela Merkel, o bloco não fez nada a respeito. Ela criticou a imprecisão da proposta e ressaltou que, no início deste ano, o bloco conservador votou contra um orçamento do governo que alocava milhões de euros para financiar pesquisas sobre a saúde da mulher.
A centro-direita tem, de fato, lutado para influenciar as eleitoras. O candidato a chanceler da CDU, Friedrich Merz, recentemente ganhou as manchetes ao dizer que, se tornar chanceler federal, não tentará impor um gabinete ministerial com equilíbrio de gênero. Pesquisas de opinião mostram que Merz é impopular entre os eleitores em geral, mas especialmente entre as mulheres.
Em 2017, quase 30% dos eleitores da CDU/CSU eram mulheres. Em 2021, com Merkel fora de cena, esse número caiu para 25%.
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Plano de consenso partidário
Apesar da escassez de mulheres nos corredores do poder, Zeulner diz que espera um "projeto de consenso. Infelizmente, o SPD está sendo relutante". Outros desafios à sua proposta incluem a falta de ginecologistas, especialmente nas áreas rurais.
A respeito dos custos que o plano envolveria, Zeulner explica: "É possível que o projeto realmente leve a economia", pois intervenções médicas mais precoces estão associadas a custos reduzidos no futuro. "As mulheres não terão que esperar cinco, seis, sete semanas ou mais por uma consulta. E elas também voltarão ao trabalho mais cedo."
Em resposta às críticas de Engelhardt, ela acrescentou: "Eu nunca diria que não nos concentramos na saúde da mulher, apenas nos concentramos em muitos outros tópicos. Tópicos que também eram e são importantes (durante os anos de Merkel). Apoiamos pesquisas e financiamentos para lipedema e fertilidade. É claro que sempre é possível fazer mais", acrescenta, argumentando ser por isso que eles estão falando sobre a menopausa agora.
"A coalizão governamental está no poder há três anos, não há três semanas", diz ela. "E até mesmo os 15 milhões de euros que eles destinaram à pesquisa sobre a saúde da mulher no início deste ano já foram reduzidos."
No entanto, há motivos para ter esperança, observa Zeulner, citando os EUA e o Reino Unido como exemplos internacionais, em que mulheres políticas estão engajadas em iniciativas interpartidárias para quebrar o silêncio em torno da menopausa.
O mês de outubro em imagens
O mês de outubro em imagens
Foto: Tomer Neuberg/Xinhua/dpa/picture alliance
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Foto: Alexander Zemlianichenko/AP/picture alliance
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Foto: Bernd Wüstneck/dpa/picture alliance
Bombardeios de Israel matam mais de 80 no norte de Gaza
Ataques israelenses contra um complexo residencial no norte da Faixa de Gaza deixaram pelo menos 87 pessoas mortas e 40 feridas, informou o Ministério da Saúde do território. Este é um dos ataques mais letais desde o início do conflito em 7 de outubro de 2023, quando o grupo extremista Hamas matou 1,2 mil pessoas em Israel. (20/10)
Foto: IMAGO/CTK Photo
Casa de Benjamin Netanyahu é alvo de ataque de drone
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Foto: Ariel Schalit/picture alliance/AP
Biden faz última visita à Alemanha em seu governo
O presidente dos EUA, Joe Biden, se encontrou com o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, no que deve ser a última visita do americano à Alemanha em seu governo. Em um comunicado, os líderes reiteraram o apoio à Ucrânia e discutiram nova rodada de assistência econômica e humanitária ao país. (18/10)
Yahya Sinwar foi mentor dos ataques de 7 de outubro. Ele assumiu a liderança do grupo extremista em julho, ao suceder Ismail Haniyeh, morto no Irã em ataque atribuído a Israel. Netanyahu diz que "guerra não acabou", mas líderes mundiais veem marco no conflito e pedem liberação de reféns. (17/10)
Foto: Yousef Masoud/SOPA Images via ZUMA Press/alliance
Quando um desenho resulta em dois anos de prisão
Em abril de 2022, a russa Masha Moskaleva, de 12 anos, fez na escola um desenho em oposição à guerra na Ucrânia. Isso alertou as autoridades contra seu pai solo. Nas redes sociais, ele teria "desacreditado" o Exército, sendo levado a julgamento. Agora Alexei Moskalyov finalmente saiu da cruel colônia penal onde passou 22 meses. Ativistas acusam repressão como na época soviética. (16/10)
Foto: Maria Moskaleva
Coreia do Norte explode estradas que conectam a Seul
Segundo informações divulgadas pelo Exército sul-coreano, Pyongyang "detonou partes das estradas de Gyeongui e Donghae ao norte da Linha de Demarcação Militar". Seul reagiu com o disparo de tiros de advertência. Essas estradas são consideradas simbólicas na ligação de dois países separados desde a Guerra da Coreia, no início dos anos 50. (15/10)
Foto: Lee Sang-hoon/Matrix Images/picture alliance
Nobel de Economia premia estudo sobre prosperidade de nações
A Real Academia Sueca de Ciências em Estocolmo concedeu o Prêmio Nobel de Economia de 2024 a um trio de pesquisadores baseados nos Estados Unidos. O turco-americano Daron Acemoglu e os britânico-americanos Simon Johnson e James A. Robinson foram escolhidos por suas pesquisas sobre as diferenças de prosperidade entre as nações. (14/10)
Foto: Christine Olsson/TT/picture alliance
Tanques israelenses invadem base da Unifil no Líbano
Missão de paz da ONU no Líbano relatou que dois tanques israelenses destruíram o portão principal e forçaram a entrada em uma base no sul do país. Secretário-geral da ONU diz que tais instalações "jamais devem ser alvos". "Ataques contra forças de paz são uma violação das leis internacionais e podem constituir crimes de guerra", criticou António Guterres. (13/10)
Foto: Thaier Al-Sudani/REUTERS
China anuncia novo pacote de estímulo à economia
China anuncia novo pacote de estímulo à economia com base em um aumento considerável em sua emissão de dívida pública, no intuito de apoiar governos regionais, cidadãos de baixa renda, mercado imobiliário e bancos estatais.A segunda maior economia do mundo enfrenta grandes pressões deflacionárias devido a uma forte desaceleração no mercado imobiliário e à queda na confiança do consumidor. (12/10)
Foto: Alex Plavevski/EPA
Organização antinuclear japonesa ganha Prêmio Nobel da Paz
A organização japonesa Nihon Hidankyo, fundada nos anos 1950 por sobreviventes de bombas atômicas, recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2024 por sua atuação contra as armas nucleares. Segundo o comitê do Nobel, a entidade foi escolhida "por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, por meio de testemunhas, que essas armas nunca mais devem ser usadas". (11/10)
A escritora sul-coreana Han Kang foi laureada com o Prêmio Nobel de Literatura, anunciou a Academia Sueca, em Estocolmo. Segundo a instituição, Han foi escolhida "por sua prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana." (10/10)
Foto: Alastair Grant/AP/dpa/picture alliance
Preparativos para chegada da supertempestade
A Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês) advertiu que o furacão Milton será "catastrófico e mortal" e pediu que os moradores usem as últimas horas antes da chegada da tempestade para deixar a área e, para aqueles que não conseguirem, que "busquem refúgios seguros imediatamente". A expectativa é que o furacão se torne o "mais devastador em 100 anos". (09/10)
Foto: JOE RAEDLE/Getty Images/AFP
Moraes determina desbloqueio do X após rede social cumprir exigências
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou o desbloqueio da rede social X no Brasil, após o cumprimento de várias exigências relacionadas a um processo no qual a empresa era acusada de disseminação de desinformação e discurso de ódio. O X pagou multas de R$ 28 milhões determinadas pelo STF pelo descumprimento de ordens judiciais. (08/10)
Foto: Jorge Silva/REUTERS
Um ano dos ataques do Hamas em Israel
Data marca primeiro aniversário dos ataques terroristas do grupo radical Hamas em solo israelense, que resultaram em cerca de 1.200 mortes, além de mais de 250 reféns levados pelo grupo islâmico para a Faixa de Gaza. Reação de Israel gerou ampla destruição e grave crise humanitária no enclave palestino. (07/10)
Foto: Jim Urquhart/AP Photo/picture alliance
Brasil vai às urnas para eleições municipais
Eleitores de 5.569 municípios do Brasil foram às urnas para escolher os prefeitos e vereadores que os representarão pelos próximos quatro anos. Em todo o país, com exceção do Distrito Federal, 155.912.680 de eleitores estavam aptos a votar. (06/10)
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Trump faz novo comício em local onde sofreu atentado
Com segurança reforçada, o ex-presidente dos EUA e candidato republicano à Casa Branca Donald Trump voltou a Butler, no estado da Pensilvânia, para liderar novo comício no local onde sofreu uma tentativa de assassinato em julho. Trump discursou ao lado do emresário Elon Musk no mesmo palco onde, em 13 de julho foi atingido de raspão na orelha direita por um tiro de fuzil. (05/10)
Foto: Jasper Colt/USA TODAY Network/IMAGO
Elefantes ficam presos após enchente na Tailândia
As enchentes no norte da Tailândia inundaram a cidade de Chiang Mai e o Elephant Nature Park, que abriga cerca de 3 mil animais resgatados. Conservacionistas fizeram uma força-tarefa para resgatar os animais, mas um elefante morreu afogado e outros 30 ainda estão desaparecidos. Segundo as autoridades,o rio Ping Rive atingiu seu maior nível da história. (04/10)
Foto: Thapanee Eadsrichai/REUTERS
Morre Cid Moreira, ícone do telejornalismo brasileiro
O apresentador Cid Moreira morreu aos 97 anos. Ele se tornou o rosto mais marcante do Jornal Nacional, da Rede Globo, e da televisão brasileira. Cid apresentou o JN por mais de 25 anos, liderando aproximadamente 8 mil edições do telejornal. Dono de uma voz grave, a partir do início dos anos 1990 dedicou-se também a gravar salmos bíblicos (03/10)
Foto: Leandro Chemalle/TheNews2/IMAGO
Israel proíbe entrada de secretário-geral da ONU no país
Ministro israelense do Exterior declara António Guterres "persona non grata" por não ter condenado ataque iraniano "de forma inequívoca". Guterres emitiu declaração com alerta sobre escalada do conflito no Oriente Médio. (02/10)
Foto: Richard Drew/AP Photo/picture alliance
Irã ataca Israel com mísseis balísticos
O Irã disparou cerca de 180 mísseis contra Israel, em retaliação ao acirramento da campanha do Estado judeu contra alvos apoiados pelo regime iraniano, como o grupo radical palestino Hamas e o libanês Hezbollah. Israel e EUA afirmaram ter abatido a maior parte dos disparos. Os estilhaços deixaram duas pessoas feridas, mas as promessas de represália sinalizam agravamento do conflito. (01/10)