Bundestag libera 362 bilhões de euros para investimentos do governo em 2020, em áreas como defesa e transporte público. Novo orçamento também inclui primeiras medidas do pacote climático apresentado por Berlim.
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O Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) aprovou nesta sexta-feira (29/11) um orçamento recorde para investimentos do governo no próximo ano em áreas como defesa, educação, transporte público e meio ambiente. As verbas federais para os gastos governamentais – aprovadas por 371 votos a 270 – serão de 362 bilhões de euros, ou seja, 5,6 bilhões a mais do que em 2019.
"O orçamento vai assegurar a implementação de desafios importantes que estamos enfrentando", disse o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, durante os debates finais no Bundestag.
O governo terá em 2020 um recorde também no orçamento militar, com 45,05 bilhões de euros (em 2019 eram 43,23 bilhões), com verbas adicionais destinadas às missões da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) no exterior e aos compromissos assumidos ante a Otan.
Dessa forma, a Alemanha se aproxima do objetivo de dedicar 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) à Otan, compromisso assumido por todos os países-membros da aliança militar do Atlântico Norte. O total dedicado pelo governo alemão no próximo ano é de 1,42% do PIB.
Em um discurso inflamado no Bundestag na última quarta-feira, a chanceler federal Angela Merkel prometeu que seu país atingirá a meta de 2% "até o início da década de 2030", e ressaltou a importância da Otan como um "bastião da paz e da liberdade".
Apesar de alguma resistência de membros do Partido Social-Democrata (SPD) – parceiro da União Democrata Cristã (CDU) de Merkel na coalizão de governo – o orçamento militar ficou dentro dos parâmetros desejados pelo Ministério da Defesa, liderado por Annegret Kramp-Karrenbauer, líder da CDU e a pessoa mais cotada para substituir Merkel na chefia de governo.
Os detalhes do orçamento, amplamente debatidos durante quatro dias no Bundestag, incluem também algumas das medidas previstas no pacote de medidas para combater as mudanças climáticas, apresentado pelo governo em setembro. Entre as ações estão a redução das taxas sobre a venda de bilhetes ferroviários, aumento dos impostos sobre viagens aéreas e apoio financeiro a edifícios que trocaram os sistemas de aquecimento a óleo.
Entretanto, o pacote climático enfrentou obstáculos no Bundesrat (câmara alta do Parlamento) nesta sexta-feira, principalmente em razão do descontentamento dos governos estaduais com os custos. Uma das medidas mais importantes para combater a crise do clima, a introdução de preços sobre as emissões de carbono, foi adiada para 2021.
A questão é bastante controversa na Alemanha – país que ainda possui uma significativa indústria de combustíveis fósseis – mesmo sendo considerada uma das medidas mais eficientes para a redução das emissões de CO2.
Pouco menos de 12% do novo orçamento é dedicado à infraestrutura e investimentos sociais, somando 42,9 bilhões de euros que devem ser dedicados à expansão e manutenção de rodovias, novas ciclovias, novos jardins de infância e digitalização de escolas, além de melhor cobertura de telefonia celular nas áreas rurais.
A maior parte das verbas do governo para 2020, como ocorre todos os anos, ficará com o Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais, que administra 150 milhões de euros, dos quais 100 bilhões são dedicados ao sistema previdenciário.
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.