Deputados centristas alemães censuram retórica da campanha Boicote, Desinvestimento, Sanções, contra Israel. Críticas severas a deturpação, com arame farpado e símbolo da SS, do logo do festival Eurovisão em Tel Aviv.
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Uma aliança transpartidária do Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão) aprovou nesta sexta-feira (17/05) resolução condenando como antissemítica a campanha Boicote, Desinvestimento, Sanções (BDS) e cortando as subvenções a quaisquer organizações que "apoiem ativamente" o movimento pró-palestino.
O BDS visa pressionar Israel financeiramente a dar fim à ocupação dos territórios palestinos e a conceder igualdade integral a seus cidadãos árabes. Sua terceira reivindicação-chave – garantir aos refugiados palestinos de 1948 e direito de retorno a Israel – é controversa, pois, segundo alguns, ameaçaria o direito do Estado à existência. O movimento foi criado em 2005 e conta com apoio de mais de 170 organizações pró-palestinas.
"O padrão de argumentação e os métodos do BDS são antissemíticos", consta da resolução do Bundestag. Além disso, os apelos a boicotar artistas israelenses e os adesivos "Don't buy" aplicados a mercadorias do país "recordam a fase mais terrível da história alemã". A alusão é ao regime nazista de 1933-1945 e ao Holocausto, em que foram assassinados mais de 6 milhões de judeus na Europa.
A resolução exige ainda, corte do apoio financeiro a organizações que questionem o direito do Estado de Israel à existência ou respaldem ativamente o BDS, assim como a projetos que conclamem a boicotar o país. Ela foi apresentada por todas as legendas centristas do parlamento federal alemão, incluindo a União Democrata Cristã (CDU), da chefe de governo Angela Merkel, sua irmã bávara União Social Cristã (CSU), Partido Social-Democrata (SPD), Partido Liberal Democrático (FDP) e Verde.
A populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) apresentou sua própria resolução, exigindo a proibição radical do BDS. O partido socialista A Esquerda defendeu uma linha mediana, propondo a condenação de toda declaração antissemita do BDS.
Comparações com nazismo, Eurovisão
Durante o debate na sexta-feira, o deputado Axel Müller, da CDU, afirmou que a campanha do BDS nas redes sociais é ocasionalmente influenciada pela "propaganda da ditadura [nazista]". "Espero que nos lembremos as muitas imagens cheias de ódio do Terceiro reich, onde se viam cartazes dizendo 'Alemães não compram de judeus', um primeiro passo a caminho do genocídio."
Na ocasião, o verde Omid Nouripour foi um dos diversos parlamentares a lembrar o significado do festival da canção Eurovisão (ESC, na sigla em inglês), cuja final transcorre neste sábado em Tel Aviv, criticando a conclamação do BDS a boicotar o evento.
Ele condenou especialmente a deturpação do logo do evento pelo BDS, com arame farpado e o símbolo da força paramilitar nazista SS: "Isso é simplesmente intolerável. É o tipo de comparação da política israelense com os crimes dos nazistas contra judeus, ciganos roma, homossexuais e muitos outros, que nada tem a ver com a crítica ao governo de Israel."
Nouripour enfatizou que o ESC "é um dos formatos mais bem-sucedidos, das últimas décadas, de compreensão internacional e intercâmbio cultural na Europa", portanto "o fato de o BDS estar tentando organizar um boicote a essa forma de entendimento internacional diz muito sobre o caráter do movimento".
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.