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Parlamento britânico avança para impedir Brexit sem acordo

4 de setembro de 2019

Deputados impõem derrota a Boris Johnson e colocam em pauta votação de proposta que obriga premiê a pedir novo adiamento da saída da UE. Chefe de governo diz que convocará eleição antecipada caso moção seja aprovada.

Boris Johnson
"Eleição pode ser única saída", diz Boris Johnson, em discurso no ParlamentoFoto: picture-alliance/Xinhua/UK Parliament/R. Harris

O parlamento britânico se rebelou nesta terça-feira (03/09) contra o primeiro-ministro britânico, o conservador Boris Johnson, colocando em pauta uma moção suprapartidária visando impedir uma saída sem acordo da União Europeia (UE).

Por 328 votos a favor e 301 contra, os deputados aprovaram uma medida retirando do governo o controle da agenda parlamentar e possibilitando que seja debatida nesta quarta-feira, em caráter de urgência, uma legislação que obrigue Johnson a solicitar à UE um novo adiamento do Brexit, caso não seja alcançado um acordo antes de 31 de outubro.

Johnson ameaçou convocar eleições antecipadas – medida cuja aprovação necessita de dois terços dos votos do Parlamento. "Não quero eleição, mas se os deputados votarem para forçar outro adiamento inútil do Brexit, então esse será o único modo de resolver isso", afirmou o premiê.

Para chegar ao resultado, 21 deputados do Partido Conservador votaram ao lado da oposição. A votação foi realizada horas depois de Johnson perder sua maioria no Parlamento britânico, com a ida de um deputado do seu Partido Conservador para o oposicionista Partido Liberal Democrata.

O parlamentar Philip Lee anunciou num comunicado sua mudança de partido, por não concordar com a postura do governo em relação ao Brexit. Em carta endereçada a Johnson e divulgada no Twitter, Lee afirmou que Londres está "perseguindo agressivamente um Brexit prejudicial". Ele acusou o governo de "usar manipulação política, bullying e mentiras".

Johnson tinha até então uma maioria apertada, de apenas uma cadeira, incluindo seu parceiro de coalizão, o Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte.

Os legisladores retomaram os trabalhos nesta terça-feira após o recesso parlamentar de verão. Entre dez e 20 conservadores dissidentes, incluindo o ex-ministro das Finanças Philip Hammond, planejaram votar junto com a oposição e aprovar uma moção suprapartidária visando impedir uma saída da União Europeia (UE) sem acordo em 31 de outubro.

O projeto de lei exige que Johnson peça ao bloco europeu que adie o Brexit para 31 de janeiro, a menos que o Parlamento britânico aprove um novo acordo ou vote por um Brexit sem acordo até 19 de outubro. 

O primeiro-ministro insiste em manter em aberto a opção do no deal (divórcio sem acordo com a UE), na tentativa de forçar Bruxelas a fazer concessões de última hora e aceitar um acordo que seja mais favorável economicamente ao Reino Unido.

A decisão do premiê, na semana passada, de suspender as atividades do Parlamento britânico por cinco semanas, a partir de 10 de setembro, acirrou ainda mais as tensões e gerou uma onda de protestos pelo país. Muitos acusam Johnson de atentar contra a democracia.

A manobra deixa os parlamentares pró-UE com poucos dias para tentar impedir uma ruptura dolorosa com a União Europeia. Em recesso de verão desde 25 de julho, o parlamento britânico retomou suas atividades nesta terça-feira e será suspenso novamente na próxima terça-feira.

Desde que assumiu o cargo em julho, após a renúncia de sua antecessora, Theresa May, Johnson promoveu uma reviravolta nas tradições políticas do país e inflamou os ânimos tanto das correntes favoráveis quanto das contrárias ao Brexit.

MD/dpa/rtr

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