Parlamento alemão torna proteção climática obrigação legal
15 de novembro de 2019
Bundestag aprova texto que prevê novas metas de redução de gases poluentes e pacote climático com investimentos de até 54 bilhões de euros em energia, transporte e inovação.
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A câmara baixa do Parlamento da Alemanha aprovou nesta sexta-feira (15/11) parte do pacote climático anunciado pelo governo em setembro, incluindo o trecho que torna a proteção ao clima uma obrigação legal na Alemanha. Após um longo debate entre entre partidos de oposição e os da coalizão de governo, o Bundestag estabeleceu metas concretas de redução de gases de efeito estufa para setores individuais, como energia, transporte e habitação.
Cada ministério será responsável por cumprir metas nos próximos anos. O objetivo é garantir que a Alemanha reduza suas emissões de CO2 até 2030, que deverão se manter em nível correspondente a 55% das emissões registradas em 1990.
No total, 54 bilhões de euros (247 bilhões de reais) devem ser gastos em proteção climática na Alemanha até 2023. Essa verba deve ser parcialmente gerada por receitas provenientes de medidas que sobretaxam combustíveis fósseis, como gás, gasolina e diesel.
Mudanças na legislação tributária também devem tornar as viagens de trem mais baratas e as viagens aéreas, mais caras. Além disso, estsão previstos incentivos fiscais para medidas que visam melhorar o isolamento térmico de residências e a substituição de antigos sistemas de aquecimento a óleo. Parte do pacote ainda depende de aval do Bundesrat, a câmara alta do Parlamento.
O debate final foi novamente marcado por acusações mútuas entre entre o governo e a oposição. Anton Hofreiter, líder da bancada dos Verdes, acusou o governo de "fracassar na tarefa humana de proteção do clima", classificando o projeto de lei de "insuficiente e contraproducente em muitas áreas".
Os socialistas do partido A Esquerda citaram críticas de entidades ambientalistas para condenar a política climática do governo.
O partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), maior legenda da oposição no Bundestag, acusou o governo de "histeria climática" e chamou o pacote climático de "injusto e antissocial". Já os liberais afirmaram que as medidas vão onerar os cidadãos, sem ajudar o clima.
Oradores dos partidos de coalizão defenderam as decisões, afirmando que o fator decisivo é que a proteção climática na Alemanha agora está fixada em lei.
Para tirar a foto perfeita, hordas de usuários vão para lugares famosos divulgados no Instagram, destruindo ali o habitat natural: ironicamente, influenciadores das mídias sociais estragam alguns dos lugares que amam.
Foto: instagram.com/publiclandshateyou
Tudo pela foto perfeita
Devido a chuvas incomumente fortes no inverno passado, o sul da Califórnia sofreu eclosão maciça de flores silvestres na primavera, levando mais de 50 mil pessoas à área. Para a foto perfeita do Instagram, muitos pisotearam e deitaram sobre as delicadas flores silvestres, o que significa que elas não voltarão a crescer. Bastam algumas pessoas para destruir um ecossistema por anos.
Foto: Reuters/L. Nicholson
Quando a natureza viraliza
O que costumava ser um ponto de encontro familiar local, com vista para o rio Colorado perto do Grand Canyon, se transformou num dos lugares mais "instagramizados" dos EUA. Desde o lançamento do Instagram, visitação de Horsehoe Bend aumentou de alguns milhares para alguns milhões de visitantes anuais. Todos os dias, milhares de pessoas obstruem trilhas, congestionam o tráfego e exaurem recursos.
Foto: imago/blickwinkel/E. Teister
Consequências não intencionais
Quando o fotógrafo Johannes Holzer postou uma foto do lago em que cresceu na Baviera, os usuários do Instagram começaram a ir para lá. Em entrevista à emissora Bayrische Rundfunk, o fotógrafo disse que o gramado que desce para o lago agora parece uma trilha de soldados, há lixo e pontas de cigarro em todos os lugares e nunca se está mais sozinho. A lição? Deixar de lado a geolocalização.
Depois que um vilarejo austríaco de 700 habitantes foi exaltado no Instagram como belo local para tirar fotos, uma média de 80 ônibus turísticos e 10 mil visitantes começaram a chegar todos os dias. Os moradores reclamam que turistas simplesmente entram em suas propriedades para tirar melhores fotos, deixando o lixo para trás, filmando com drones que assustam pássaros e acabando a tranquilidade.
A Praia Jardín, em Tenerife, é um local popular para fotógrafos, pois os turistas construíram centenas de pequenas torres feitas de pedras que coletaram da praia nas proximidades. A visão pode ser linda, mas ela é realmente prejudicial para o ecossistema, pois animais como aranhas, insetos e lagartos vivem embaixo das pedras e perdem seu abrigo quando são levados para longe da praia.
Foto: Imago Images/McPHOTO/W. Boyungs
Não deixe rastro
Além disso, organismos vegetais essenciais para saúde do solo são arrancados quando se mudam as pedras de lugar. É por isso que ambientalistas desmontaram as torres no início deste ano, publicando explicações no Instagram com a hashtag #pasasinhuella, que significa "não deixe rastro". Mas, poucos dias após a campanha, os usuários do Instagram logo começaram a reconstruir as torres de pedra.
Foto: Imago Images/robertharding/N. Farrin
Pipoca que não é para levar
"Praia da Pipoca" é uma praia em Fuerteventura, na Espanha, coberta de algas mortas que parecem pipoca. A praia ganhou popularidade no Instagram, mas, infelizmente, as pessoas que vão ao local para tirar a foto perfeita também levam a "pipoca" para casa como lembrança. Estima-se que 10 quilos desaparecem a cada mês. Por isso, o Projeto Clean Ocean começou a compartilhar fotos como essa.
Foto: Clean Ocean Project
Islandeses contra-atacam
Com mais de 10 milhões de imagens no Instagram, Islândia se tornou destino muito popular para usuários que querem obter a foto perfeita e acabam prejudicando a vida selvagem ao sentar-se em geleiras. O conselho de turismo Visit Iceland lançou agora várias iniciativas que promovem o comportamento responsável dos turistas, que no aeroporto têm de assinar um termo de que vão respeitar a natureza.
Foto: picture-alliance/E. Rhodes
Repreensão vigilante
A conta anônima do Instagram Public Lands Hate You (Terras públicas odeiam você) faz parte de uma tendência que aponta o dedo para o comportamento irresponsável de alguns usuários. A conta reposta imagens de pessoas que violam as regras na natureza, o que levou marcas a romper contratos com alguns influenciadores e até mesmo à abertura de investigações do Serviço Nacional de Parques dos EUA.