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Parlamento da Ucrânia destitui presidente Yanukovytch

22 de fevereiro de 2014

Presididos por representante da oposição, parlamentares aprovam saída de Viktor Yanukovytch e marcam eleições para o dia 25 de maio. Ex-primeira-ministra Yulia Timochenko é libertada após mais de dois anos de prisão.

Foto: picture-alliance/dpa

O Parlamento ucraniano destituiu o presidente Viktor Yanukovytch e marcou novas eleições para 25 de maio. A sessão, em que 328 dos 450 parlamentares aprovaram a saída do chefe de Estado por abuso de poder, foi transmitida ao vivo pela televisão neste sábado (22/02).

Os parlamentares já haviam aprovado medidas que reduzem o poder do presidente, assim como a imediata libertação da ex-primeira-ministra Yulia Timochenko, efetuada poucas horas mais tarde. Desde 2011 ela cumpria uma pena de sete anos de prisão, acusada de abuso de cargo e desvio de verbas.

Seguidores da ex-primeira-ministra afirmam que houve irregularidades no processo, realizado durante o governo de seu arqui-inimigo Yanukovytch, eleito em 2010, e que as acusações teriam sido motivadas por razões políticas.

Presa desde 2011, Yulia Timochenko foi libertada neste sábadoFoto: picture-alliance/dpa

Yanukovytch resiste

Antes mesmo da destituição, o presidente ucraniano afirmara que não renunciaria nem deixaria o país, além de tachar de "ilegais" todas as decisões do Parlamento rumo à formação de um governo de transição. O presidente chamou de "tentativa de golpe" os últimos acontecimentos, comparando a atual situação com o surgimento do nazismo na Alemanha, nos anos 1930.

As declarações foram feitas durante um pronunciamento na televisão. Sob pressão da oposição, Yanukovytch e agentes de segurança deixaram a capital Kiev neste sábado.

Ele está em Kharkiv, leste da Ucrânia, região considerada bastião das forças governistas. O paradeiro de Yanukovytch permaneceu desconhecido durante horas, o que levou a imprensa a especular se ele havia deixado o país. Alguns veículos de imprensa afirmam que vários integrantes do governo já deixaram a Ucrânia.

Antes das votações, a maioria dos parlamentares aprovara Alexander Turtchinov para substituir o até então presidente da Verkhovna Rada (Parlamento unicameral) Vladimir Rybak, homem de confiança de Yanukovytch, que deixou o cargo alegando problemas de saúde. Turtchinov é um dos fundadores do partido oposicionista Pátria, juntamente com Timochenko, e sua eleição é vista como primeiro passo para a formação de um novo governo na Ucrânia.

Protestos prosseguem em KievFoto: LOUISA GOULIAMAKI/AFP/Getty Images

População nas ruas

Os órgãos de segurança do Ministério do Interior da Ucrânia se posicionaram oficialmente do lado da oposição em Kiev, segundo comunicou na internet o departamento federal responsável pela polícia. As autoridades afirmam querer servir apenas ao povo ucraniano, e apoiam totalmente a reivindicação da população de mudanças o mais breve possível.

"A milícia conclama a população a, por meio de esforços conjuntos, preservar a ordem no país; a não permitir a destruição da infraestrutura dos órgãos que asseguram o cumprimento da lei, que foi construída ao longo de anos e que é sempre necessária ao povo para a proteção contra ações ilícitas", informou o ministério.

Enquanto a situação política no país permanece caótica, manifestantes em Kiev tomaram áreas próximas ao gabinete presidencial e detém o controle da capital. Após uma tumultuada semana de protestos e mortes, muitos receiam uma eventual divisão do país.

As regiões no oeste da Ucrânia criticam a corrupção da gestão Yanukovytch e querem uma aproximação do país com a União Europeia; enquanto as cidades do leste são a favor da manutenção dos laços políticos com a Rússia. Os protestos começaram em novembro passado depois que o presidente ucraniano suspendeu um acordo de parceria com a UE, por influência de Moscou.

MSB/dpa/rtr/ap

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