Europa aprova meta ambiciosa de redução de emissões
8 de outubro de 2020
Lei prevê corte de 60% nas emissões de CO2 na União Europeia até 2030, em vez da meta atual de 40%. Medida precisa ser aprovada pelos países-membros do bloco.
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O Parlamento Europeu aprovou nesta quinta-feira (08/10) uma proposta para reduzir as emissões que geram as mudanças climáticas. A nova meta prevê um corte de 60% nas emissões de CO2 da União Europeia (UE) até 2030, aumentando a meta sugerida pela Comissão Europeia de uma redução de 55% em relação aos níveis de 1990.
Em sessão plenária em Bruxelas, e não em Estrasburgo devido à pandemia de covid-19, os eurodeputados aprovaram a mudança por 392 votos a favor, 161 contra e 142 abstenções. Eles esperam agora que os Estados-membros do bloco não tentem diluir a meta nas próximas negociações.
Com a meta atual prevendo um corte de 40% nas emissões até 2030, muitos líderes nacionais consideram a redução de 60% ambiciosa demais.
A Comissão Europeia havia proposto um corte de pelo menos 55%, mas os eurodeputados, desejando evitar uma redução muito menor que esse índice, acabaram aprovando uma lei climática mais abrangente e, com isso, esperam pressionar os países a manter ao menos a meta de 55%.
Os parlamentares europeus aprovaram também a ambiciosa meta de alcançar a neutralidade climática até 2050, ou seja, zerar o nível de emissões líquidas de carbono até a metade do século, e tornar assim a Europa o primeiro continente do mundo a alcançar esse objetivo.
O Parlamento pediu ainda que os países do bloco eliminem "os subsídios diretos ou indiretos às indústrias fósseis" até 2025, e solicitou à Comissão Europeia que proponha um novo objetivo de emissões para 2040.
A lei completa, que inclui a nova meta de corte de emissões para 2030, foi aprovada por uma maioria de 231 votos a favor.
A relatora da nova legislação, Jytte Guteland, do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), saudou a votação, realçando que a aprovação "envia uma mensagem clara à Comissão e ao Conselho, tendo em vista as próximas negociações". "Esperamos que todos os Estados-membros atinjam a neutralidade climática, o mais tardar, até 2050", sublinhou.
Cabe agora ao Conselho Europeu aprovar a nova meta, um processo nada fácil devido à dependência de certos países europeus em indústrias fósseis. Até agora, apenas poucos países expressaram apoio à proposta dos eurodeputados.
Com uma forte indústria de carvão, a República Tcheca, por exemplo, já havia se oposto ao corte de 55% proposto pela Comissão Europeia e disse que precisava de uma análise econômica detalhada para decidir se aprovaria novas metas.
As reduções de emissões de gases que causam o efeito estufa são essenciais para desacelerar o processo de mudanças climáticas, mas cientistas, políticos e industriais discordam sobre o quão urgente e radical esse corte precisa ser para evitar um aquecimento global acima de 1,5 °C, conforme estabelecido no Acordo de Paris.
CN/afp/lusa/rtr
Alguns dos recursos mais escassos no mundo
Embora pareçam intermináveis, reservas de elementos essenciais como água, carvão e areia estão ameaçadas. Uso excessivo, má distribuição e fatores climáticos tornam recursos naturais cada vez mais valiosos.
Foto: AFP/S. Qayyum
Água, a fonte da vida
Em algumas partes do mundo, o acesso à água doce é considerado rotina, mas na verdade é um luxo. A água doce representa apenas 2,5% do volume total de água no mundo e mais da metade disso é gelo. A agricultura é responsável por 70% da água consumida no mundo. Até 2050, prevê-se que dois terços da população mundial sofram com escassez de água, o que afetará todos os aspectos da vida das pessoas.
Foto: picture-alliance/Zumapress
Solo, o novo ouro
A disputa pela terra está aumentando mundo afora. À medida que a população mundial cresce, a terra disponível não aumenta. Pelo contrário, está cada vez mais degradada. Eventos climáticos extremos devido ao aquecimento global agravam estes problemas. Países muito populosos ou nações com pouca área para agricultura, como China e Arábia Saudita, já buscam terras na África. O solo é o novo ouro.
Foto: Imago/Blickwinkel
Petróleo, ouro negro
A reserva de combustíveis fósseis no planeta é limitada, e, se eles se esgotarem, não poderão ser repostos. Se continuarmos com a atual taxa de consumo, isso levará ao esgotamento. Esse cenário seria um grande desafio para países como o Iraque e a Líbia, que têm grandes reservas de petróleo e gás natural.
Foto: picture-alliance/dpaH. Oeyvind
Carvão, hora de repensar seu uso
O mesmo se aplica ao carvão. Mesmo que países como a Alemanha estejam relutantes em abandonar esta fonte de energia poluente, as reservas estão acabando. Na Polônia, as reservas de linhito das minas em funcionamento deverão esgotar-se até 2030. A hulha pode durar um pouco mais, mas não muito, dizem os especialistas. Por isso, é preciso criar alternativas ao carvão.
Foto: picture alliance/PAP/A. Grygiel
Areia, recurso infinito?
Ao vermos um deserto, a areia parece infinita, mas sua produção natural é um processo bastante lento. É um recurso renovável, mas que está sendo usado em um ritmo tão rápido - na construção, por exemplo - que a natureza não tem tempo para a reposição. Em áreas em desenvolvimento como a África Oriental, onde a população deve duplicar até por volta de 2050, a areia pode tornar-se um recurso escasso.
Foto: picture-alliance/ZB/P. Förster
Extinção de espécies
O descuido do ser humano em relação aos seres vivos está deixando várias espécies à beira da extinção. Os animais são amplamente vistos como recursos pelo ser humano, e como tal, pangolins (foto) podem ser incluídos na lista de recursos naturais escassos. Se esses recursos continuarem sendo explorados de forma insustentável, a vida humana estará em risco.
Foto: picture-alliance/Zuma/I. Damanik
Qual o mais valioso dos recursos escassos?
Parece que está tudo desmoronando e que nada mais pode ser feito para evitar um futuro sombrio. No entanto, uma coisa ainda disponível é o tempo, um recurso escasso, mas extremamente valioso. Alguns dizem que a emergência climática ainda pode ser revertida se forem tomadas medidas ao longo dos próximos 12 anos. E este é um recurso que podemos explorar ao máximo. Não há tempo a perder.