Europa se torna o primeiro continente a adotar medida de caráter simbólico, que visa aumentar a pressão por ações concretas contra o aquecimento global. Texto é aprovado por ampla maioria.
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O Parlamento Europeu declarou nesta quinta-feira (28/11) a "emergência climática" na União Europeia (UE), tornando a Europa o primeiro continente a decretar a medida. O ato é, em grande parte, simbólico, e se destina a aumentar a pressão sobre os agentes públicos por medidas concretas contra as mudanças climáticas.
A resolução foi aprovada em Estrasburgo por 429 votos a favor e 225 contra, enquanto 19 deputados se abstiveram. Nela, o Parlamento Europeu pede à Comissão Europeia e aos Estados-membros que tomem medidas para aumentar a proteção do clima e se compromete a também fazer o mesmo.
Em uma declaração, os parlamentares europeus pediram que a Comissão Europeia "assegure plenamente que todas as propostas legislativas e orçamentárias relevantes estejam completamente alinhadas" com a meta de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC em relação à era pré-industrial, prevista no Acordo de Paris sobre o clima.
A votação ocorreu a dias da abertura da Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP) em Madri e duas semanas antes de a Comissão Europeia apresentar o primeiro rascunho de seu Acordo Verde Europeu.
A nova presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen – cujo mandato começa oficialmente neste domingo –, propôs um Acordo Verde Europeu, que visa alcançar a "neutralidade climática" até 2050. A proposta inclui um aumento nos impostos sobre o carbono, investimentos mais pesados em negócios sustentáveis, redução da poluição e maior proteção das florestas, parques nacionais e espaços verdes.
Os legisladores europeus disseram que o bloco deve assumir um papel de liderança na luta internacional contra as mudanças climáticas.
As atuais metas de emissões visam reduzir os gases de efeito estufa da UE em 40% até 2030 em relação aos níveis de 1990.O pacto proposto por von der Leyen visa aumentar os cortes para ao menos 50%. No entanto, Estados como Polônia, Hungria e República Tcheca, que dependem amplamente de combustíveis fósseis, como o carvão, relutam em se comprometer com a neutralidade das emissões de carbono até 2050 e pedem financiamento adicional.
Segundo o Parlamento Europeu, mais de mil unidades administrativas em todo o mundo – Estados, cidades e comunidades – já declararam "emergência climática" por causa das consequências das mudanças climáticas, considerando, assim, prioritária a mitigação do aquecimento global. Em setembro, o Parlamento austríaco aprovou uma resolução similar.
Na Alemanha, a medida foi aprovada por 43 cidades, incluindo Colônia, Leipzig e Wiesbaden. A primeira delas foi Constança, em maio. Algumas administrações implementaram, junto com a declaração de "emergência climática", medidas amplas de cunho ambiental, como transformação de faixas para automóveis em ciclovias ou aumento dos preços para estacionamento nos centros urbanos.
A Islândia fez um funeral para sua primeira geleira a desaparecer devido à mudança climática. Enquanto isso, em outras partes do mundo o derretimento avança – da Antártida à Groenlândia, mas também na África e Patagônia.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NASA
Morte de uma geleira
A Islândia prestou homenagem à primeira geleira do país a desaparecer devido às mudanças climáticas. Okjökull perdeu seu status de geleira em 2014. Em 18 de agosto, o país realizou um funeral simbólico e inaugurou uma placa de cobre em homenagem à geleira morta. "Nos próximos 200 anos todas as nossas principais geleiras deverão seguir o mesmo caminho", prevê a mensagem cravada na placa.
Foto: Getty Images/AFP/J. Richard
Risco na Antártida
Acredita-se que a geleira Thwaites, parte da camada de gelo da Antártida Ocidental, represente um grande risco para o aumento do nível do mar no futuro. Caso derreta, o bloco gelado pode elevar em 50 centímetros o nível do mar, segundo revelou um estudo da Nasa no início de 2019. A Antártida abriga 50 vezes mais gelo do que todas as geleiras de montanha do mundo juntas.
Foto: Imago Images/Zuma/NASA
Beleza ameaçada na Patagônia
A galeira Grey, no Chile, fica nos campos gelados da Patagônia, que representam a maior extensão de gelo do Hemisfério Sul fora da Antártida. Pesquisadores estão monitorando de perto o derretimento na região, já que isso poderia ajudá-los a entender o que pode acontecer com outras geleiras, como as da Antártida e da Groenlândia, em climas mais quentes no futuro.
Foto: picture alliance/dpa/blickwinkel/E. Hummel
Geleira empacotada
A galeira do Ródano, na Suíça, dá origem ao rio Ródano. Há vários anos cientistas têm coberto seu gelo com mantas brancas resistentes aos raios ultravioleta durante o verão, na tentativa de retardar seu derretimento. Pesquisadores acreditam que o clima mais quente poderá erradicar dois terços do gelo nas geleiras alpinas até o final deste século.
Foto: Imago Images/S. Spiegl
Derretimento na Nova Zelândia
A geleira Franz Josef, na Ilha Sul da Nova Zelândia, é um destino turístico popular. A massa de gelo costumava seguir um padrão cíclico de avanço e recuo. Mas, desde 2008, Franz Josef vem diminuindo rapidamente. Se antes os guias costumavam levar os turistas a pé diretamente até o glaciar, agora a única maneira de alcançá-lo é de helicóptero.
Foto: DW/D. Killick
O gelo africano desaparece
As geleiras do monte Kilimanjaro também estão em risco. Em 2012, pesquisadores apoiados pela Nasa estimaram que o gelo restante na montanha mais alta da África deve desaparecer até 2020. O Kilimanjaro é uma das principais atrações turísticas da Tanzânia e um gerador crucial de receita num país onde a maioria das pessoas vive abaixo do limite da pobreza.
Foto: Imago Images/robertharding/C. Kober
Perigo no meio do rio
O estado americano do Alasca abriga milhares de geleiras. Um estudo divulgado em 2019 revelou que algumas delas estão derretendo 100 vezes mais rápido do que os cientistas previam anteriormente. Em agosto de 2019, dois alemães e um austríaco foram encontrados mortos após andar de caiaque num lago em Valdez. Autoridades acreditam que os turistas morreram pela queda de gelo glacial.
Foto: imago/Westend61
Esta cresce, mas não o suficiente
Jakobshavn, a maior geleira da Groenlândia, está crescendo, conforme revelou um estudo da Nasa no início de 2019. Mas, embora uma borda da geleira tenha engrossado ligeiramente desde 2016, a camada de gelo em geral ainda está derretendo rapidamente, superando em muito a expansão. Cientistas acreditam que o crescimento se deva a um afluxo de água fria do Atlântico Norte, um fenômeno temporário.