Parlamento holandês: massacre de armênios foi genocídio
22 de fevereiro de 2018
Aprovação de resolução ameaça agravar ainda mais tensões entre Haia e Ancara. Matança de até 1,5 milhão de armênios durante Primeira Guerra é pomo de discórdia entre Turquia e numerosos países.
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O Parlamento holandês aprovou nesta quinta-feira (22/02), por 142 votos contra três, uma resolução reconhecendo como genocídio o massacre de até 1,5 milhão de armênios em 1915 pelo Império Otomano, Estado antecessor da atual República da Turquia.
A moção, que passou com o apoio de todos os principais partidos, ameaça comprometer ainda mais as relações diplomáticas entre Haia e Ancara, dois aliados no âmbito da Otan. Estas são tensas desde que, em março de 2017, a Holanda proibiu um ministro turco de fazer campanha em seu território pelo referendo constitucional que favoreceu a presidência de Recep Tayyip Erdogan.
Uma segunda moção aprovada nesta quinta-feira pede o envio de um alto funcionário do governo holandês à cerimônia formal em memória das vítimas do massacre, em 24 de abril, na capital da Armênia, Yerevan. Em ocasiões anteriores, o embaixador representara a Holanda.
A ministra do Exterior da Holanda, Sigrid Kaag, confirmou que um representante oficial será enviado, mas ressaltou: "É um sinal de respeito pelas vítimas", e não de que Haia reconheça a matança dos armênios como genocídio. Ela afirmou que o governo não vai seguir a posição do Parlamento.
Ela insistiu, ainda, que a decisão do Parlamento nada tem que ver com as atuais tensões com Ancara. "Essa questão não deve ser politizada", afirmou.
Diversos países e instituições internacionais já aprovaram resoluções semelhantes, entre os quais a Organização das Nações Unidas, a Igreja Católica, Brasil, o Parlamento e o Conselho Europeus, assim como Alemanha, Brasil, Bulgária, França, Itália, Rússia e Venezuela.
O termo "genocídio" foi definido pela ONU em 1948 como atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. A Turquia nega que a perseguição e matança sistemática dos armênios, no auge da Primeira Guerra Mundial, constitua tal crime.
Também a cifra de 1,5 milhão de vítimas é questionada. Na impossibilidade de uma contabilização concreta das mortes, ela se baseia no fato de que antes da Primeira Guerra cerca de 2 milhões de armênios viviam no território do Império Otomano, e em 1922 seu número não chegava a 400 mil.
AV/afp/rtr/dpa
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Ani, cidade-fantasma e patrimônio armênio
No lado turco da fronteira entre Armênia e Turquia se localiza a espetacular cidade medieval de Ani. A cidade deserta é símbolo do patrimônio cultural e religioso armênio. Mesmo abandonada, ela ainda guarda tesouros.
Foto: DW/F. Warwick
Entrada proibida
Debruçada sobre o rio Akhurian na província turca de Kars, a cidade armênia de Ani se localizava entre várias rotas comerciais leste-oeste. Construída no século 17, Ani agora tem vista para a fronteira turco-armênia. A placa alerta que a entrada na área é proibida.
Foto: DW/F. Warwick
Cavalos selvagens
Em seu apogeu, a cidade chegou a ter uma população de 100 mil habitantes. Agora, desabitada e abandonada por quase 300 anos, terremotos abrindo fendas ao longo da fronteira com a Armênia, o vandalismo e a mínima preservação fizeram com que os edifícios, palácios e fortificações de Ani desabassem lentamente.
Foto: DW/F. Warwick
Reino perdido
Entre 961 e 1045, Ani foi capital do reino armênio dos Bagrátidas. A cidade era famosa por sua grandeza e glória. A capital desse reino único, que englobava a atual Armênia e o leste da Turquia, é considerada pelos armênios como parte essencial de seu patrimônio e identidade nacionais.
Foto: DW/F. Warwick
Porta do Leão
A Porta do Leão era provavelmente a entrada principal da cidade. A rua atravessa o centro até a cidadela. Em 1996, grandes partes do muro, torre e da porta foram seriamente danificadas durante a reconstrução.
Foto: DW/F. Warwick
Rua principal
A rua principal de Ani partia da Porta do Leão em direção à fortaleza da cidade. A estrada foi escavada antes da Primeira Guerra Mundial, revelando um antigo sistema de tubulação de água que percorria o subsolo da cidade.
Foto: DW/F. Warwick
Cidade das 1.001 igrejas
Ani já foi chamada "Cidade de 1.001 igrejas". A Igreja de São Gregório foi construída por volta do século 10. Ela se localizava na extremidade da planície elevada com vista para o vale e para o rio.
Foto: DW/F. Warwick
Danos recentes
O interior da Igreja de São Gregório está recoberto de afrescos da mesma época que o edifício. Nos últimos anos, eles foram danificados por grafiteiros.
Foto: DW/F. Warwick
Sob vigilância
No extremo sul da cidade localiza-se a catedral, construída no ano 1001. É o maior e mais imponente edifício no local. No fundo, vê-se uma torre de vigilância russa que garante segurança para a Armênia ao longo da fronteira com a Turquia.
Foto: DW/F. Warwick
A igreja do mercador
Encomendada por um rico comerciante chamado Tigran Honents, a Igreja de São Gregório de Tigran Honents foi concluída em 1215.
Foto: DW/F. Warwick
Paredes iluminadas
A Igreja de São Gregório de Tigran Honents é inteiramente coberta por afrescos com dois temas principais: a vida de Cristo e a vida de São Gregório, o Iluminador, santo padroeiro da Armênia.
Foto: DW/F. Warwick
Terra de pastagem
O gado pasta perto da mesquita de Minuchihr, que está situada entre a cidadela e a catedral. Acredita-se que a mesquita tenha sido construída pelo emir Minuchihr, o primeiro da dinastia Shaddadida, que governou Ani a partir de 1072.