Parlamento iraquiano pede reciprocidade a veto de Trump
30 de janeiro de 2017
Comissão parlamentar recomenda que governo iraquiano responda à ordem do presidente americano que restringe a entrada de cidadãos do Iraque nos EUA. Ministério do Exterior pede que Trump reverta "decisão equivocada".
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O Parlamento iraquiano pediu nesta segunda-feira (30/01) que o governo do país aja com reciprocidade em resposta ao veto do presidente americano, Donald Trump, para a entrada nos Estados Unidos de cidadãos e refugiados provenientes do Iraque.
A ordem executiva assinado por Trump na última sexta-feira gerou críticas de líderes mundiais e protestos em várias cidades e aeroportos americanos. De acordo com o veto temporário, cidadãos e refugiados vindos do Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen ficam proibidos de entrar no país durante três meses.
Após votação, os deputados aprovaram a recomendação feita pela comissão parlamentar de Relações Internacionais ao governo para "agir com reciprocidade" e "pedir às organizações internacionais, à ONU, à Liga Árabe e à Organização para a Cooperação Islâmica que tomem medidas" necessárias para "exigir ao Congresso e ao governo americano que revejam a decisão".
O ministro das Relações Exteriores do Iraque, Ahmed Jamal, lamentou o que chamou de veto "contra um aliado ligado aos Estados Unidos por uma parceria estratégica".
"O veto vem num momento em que nossos corajosos combatentes estão alcançando vitórias contra o 'Estado Islâmico' na batalha por Mossul, com o apoio da coalizão internacional liderada pelos EUA", afirmou em nota, pedindo que Trump reconsidera a "decisão equivocada".
"O verdadeiro desejo do Iraque é reforçar a associação estratégica entre os dois Estados e aumentar os horizontes de cooperação na luta contra o terrorismo, na economia e em tudo aquilo que sirva aos interesses comuns", aponta o comunicado.
Organizações reagem
A Organização da Cooperação Islâmica, que reúne 57 Estados-membros, declarou que o decreto anti-imigração reforça o extremismo e o terrorismo e pediu que o governo americano revise a decisão.
Segundo o comunicado, a medida "seletiva e discriminatória" castiga "injustamente os refugiados que fogem da guerra e da tirania nos seus países".
A presidente da Comissão da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini-Zuma, lamentou que o mesmo país que recebeu muitos africanos como escravos agora proíba a entrada de refugiados do continente.
Presente na mesma conferência, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lembrou que os países africanos são os que mais acolhem refugiados no mundo.
"As fronteiras africanas continuam abertas para todos os refugiados que necessitam de proteção, enquanto as fronteiras em muitos outros países, incluindo nas zonas mais desenvolvidas do mundo, estão sendo fechadas", afirmou.
KG/afp/lusa/ap
Fronteira entre EUA e México: sai metal, entra concreto
Uma das promessas mais polêmicas da campanha de Donald Trump foi construir um muro na fronteira sul dos EUA. Ali, já há uma cerca em alguns pontos, que pode ser substituída por concreto.
Foto: Reuters/J. L. Gonzalez
Trump é familiarizado com construções
"Vou construir um grande muro na nossa fronteira sul – e ninguém constrói muros melhor do que eu, e vou fazer com que o México pague por esse muro." Isso é o que o presidente americano, Donald Trump, disse na campanha eleitoral. Até agora, ele construiu sobretudo arranha-céus e hotéis. O muro está no topo de um plano de 10 pontos sobre política de imigração.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Torres
Final no nada
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3.200 quilômetros – dos quais, cerca de 1.100 quilômetros são protegidos por uma cerca. A fronteira passa por quatro estados americanos e seis mexicanos, por desertos e cidades grandes. Devido à dificuldade de acesso, uma pequena parte da fronteira no Novo México é aberta. Outras áreas são patrulhadas por policiais.
Foto: Reuters/M. Blake
Colosso de metal
O número de imigrantes ilegais que entram no país por ano é estimado em 350 mil, uma grande parte vem do México. Alguns mexicanos irregulares são tolerados no país, mas a família mexicana do outro lado não recebe um visto. Os imigrantes desejam uma vida melhor, emprego e mais dinheiro para as suas famílias.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Zepeda
Apenas um pequeno toque
As famílias permanecem separadas pela cerca. Um abraço é impossível. No máximo, as pessoas conseguem esticar as mãos entre as vigas de aço. Se Donald Trump tornar realidade sua promessa eleitoral, como anunciou, logo o concreto vai substituir o aço, impossibilitando qualquer toque.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/J. West
Preconceitos
"Quando o México nos manda seus cidadãos, não manda os melhores", disse Trump durante a campanha eleitoral. "Eles enviam pessoas que têm muitos problemas. Eles trazem drogas, crime, estupradores. Alguns, suponho, são boas pessoas." Trump quer deportar imigrantes ilegais, pelo menos, os criminosos. Apesar das ameaças, muitos mexicanos continuam querendo emigrar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Bull
Mortes na fuga
Para alguns mexicanos, o sonho termina na fronteira. Eles acabam na prisão. Outros pagam por cruzar ilegalmente a fronteira com a própria vida. Há notícias de que as forças de segurança atiram em migrantes. Seis cidadãos mexicanos inocentes já foram mortos, sem que tenha havido condenação dos responsáveis. Apenas em 2015 um membro da patrulha da fronteira dos EUA foi indiciado.
Foto: Reuters/D.A. Garcia
Armado contra intrusos
Jim Chilton, um fazendeiro americano, vigia sua propriedade. Sua fazenda, de 200 mil metros quadrados, está localizada no sudeste do Arizona e é adjacente ao México. Há apenas uma cerca de arame farpado separando-a do país vizinho. Chilton costuma usar sua arma para defender o terreno.
Foto: Getty Images/AFP/F.J. Brown
Final curioso
"Tortilla Wall". Este é o nome popular e bastante depreciativo de uma parte da fronteira de 22,5 quilômetros de comprimento entre a Otay Mesa Border Crossing, em San Diego (Califórnia), e o Oceano Pacífico.