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Itália aprova missão naval na costa da Líbia

2 de agosto de 2017

Marinha italiana enviará embarcações para ajudar Guarda Costeira líbia a deter fluxo migratório no Mediterrâneo. Mais de 2 mil pessoas já morreram neste ano ao se arriscarem na travessia rumo à Europa.

Embarcação da Marinha italiana
Embarcações da Marinha italiana vão fornecer apoio a operações na LíbiaFoto: Getty Images/AFP/G. Isolino

O Parlamento da Itália aprovou nesta quarta-feira (02/08) uma missão naval por tempo limitado par ajudar a Guarda Costeira da Líbia a reduzir o número de embarcações de migrantes que fazem a perigosa travessia do Mar Mediterrâneo rumo à Europa. O tema vem gerando atritos políticos na Itália, meses das eleições nacionais marcadas para 2018.    

Ao anunciar a missão naval na semana passada, o governo italiano disse que a iniciativa surgiu a pedido do governo da Líbia. A intenção era enviar seis embarcações para tomar parte nas operações, mas o planejamento teve de ser revisto após protestos em Trípoli. Fontes do governo italiano afirmam que o país deverá enviar apenas dois navios.

O plano foi inicialmente acordado entre o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, e Fayez Serraj, que encabeça o governo líbio reconhecido internacionalmente, com sede em Trípoli.

A ministra italiana da Defesa, Roberta Pinotti, afirmou que as embarcações da Marinha italiana vão apenas fornecer apoio à Guarda Costeira da Líbia, sem violar a soberania do país do norte da África.  

"Forneceremos apoio logístico, técnico e operacional aos navios líbios, os ajudando e apoiando em ações compartilhadas e coordenadas", afirmou Pinotti ao Parlamento nesta quarta-feira. "Nosso objetivo é reforçar a soberania da Líbia", disse a ministra.

A câmara baixa do Parlamento aprovou a missão naval com 328 votos a favor e 113 contra, de um total de 630 parlamentares. A medida precisa agora do aval do Senado.

Fluxo migratório diminui

Após um aumento da chegada de migrantes através da Líbia no início do ano, os números vem diminuindo nas últimas semanas. O Ministério italiano do Interior informou nesta quarta-feira que 95.215 pessoas chegaram ao país na primeira metade de 2017, o que significa uma redução de 2,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O ministério informou que 11.193 pessoas foram registradas nos portos italianos no mês de julho. Em 2017, o total no mesmo período foi de 23.552. Em torno de 2.230 migrantes morreram este ano tentando realizar a travessia do Mediterrâneo.

Nos últimos quatro anos, o total de migrantes que chegaram á Itália foi de cerca de 600 mil, sobrecarregando a capacidade dos centros de acolhimento e aumentando as tensões políticas no país. Espera-se que nas eleições nacionais, marcadas para maio de 2018, a imigração seja um tema central no debate político. Os partidos populistas de direita acusam o governo centrista de nada fazer para barrar o fluxo migratório.

O governo entrou em atrito com ONGs que participam de operações de resgate no Mediterrâneo ao impor um código de conduta e exigir que policiais armados participem das missões para ajudar a identificar traficantes de pessoas. As embarcações estão proibidas de mover as pessoas resgatadas de um barco para outro em alto mar, o que, segundo as ONGs, deverá resultar em mortes evitáveis.

Apenas três das nove ONGs que atuam em operações de resgate no Mediterrâneo aceitaram as condições impostas pelo governo italiano. A Itália não especificou quais seriam as consequências para os que não acatarem o código de conduta.

RC/rtr/dpa/afp

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