Parlamento italiano proíbe símbolos nazistas e fascistas
13 de setembro de 2017
Lei prevê prisão de seis meses a três anos para quem fizer saudações, vender memorabilia ou fizer propaganda na internet. Projeto ainda precisa passar pelo Senado.
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A câmara baixa do Parlamento da Itália aprovou nesta terça-feira (12/09) a proibição da exibição pública de símbolos nazistas ou fascistas. O projeto de lei, que ainda precisa ser ratificado pelo Senado, prevê prisão de seis meses a quase três anos para quem fizer saudações nazistas ou fascistas, vender memorabilia do gênero ou divulgar conteúdo nazista ou fascista na internet.
O projeto de lei, proposto pelo Partido Democrata (PD), foi elaborado após uma série de incidentes de cunho xenófobo em todo o país, que recebe levas de migrantes vindos da África e que atravessam o Mar Mediterrâneo.
Uma confeitaria no sul da Itália, por exemplo, chegou a expôr em sua vitrine uma torta com o rosto de Adolf Hitler. Já o partido neofascista Forza Nuova preparava uma marcha em Roma para o dia 28 de outubro, 95º aniversário da tomada do poder pelo ditador Benito Mussolini.
Na Itália, não é raro ver calendários, canecas, chaveiros e até garrafas de vinho pró-Mussolini em estantes de lojas. De acordo com a lei atual, a propaganda fascista só é penalizada se for considerada parte de um esforço para restaurar o antigo Partido Fascista. O novo projeto endurece a legislação ao proibir a chamada "saudação romana", de braços em riste, bem como a distribuição de imagens e acessórios dos partidos fascistas e nazistas.
Partidos da oposição, incluindo o populista Movimento Cinco Estrelas e o partido de centro-direita Forza Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, disseram que o projeto de lei representa uma ameaça à liberdade de expressão.
Mas o deputado Emanuele Fiano, do PD, que elaborou a lei, rebateu: "Esse projeto de lei não ataca as liberdades pessoais, mas vai agir como um freio à regurgitação neofascista e ao retorno da ideologia de extrema direita", disse.
Mussolini governou a Itália de 1922 até 1943, tendo levado o país para a Segunda Guerra Mundial ao lado de Hitler. Ele foi executado em 1945.
IP/dpa/rtr
Suásticas viram grafites divertidos em Berlim
Suásticas viram grafites divertidos em Berlim
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Cubo mágico
Os ângulos retos característicos das suásticas viram base para um motivo colorido. A iniciativa PaintBack foi fundada em Berlim pelo artista de grafite e empresário Ibo Omari. A ideia nasceu em 2015, quando um freguês da loja de tintas para grafite de Omari quis comprar um spray de tinta para cobrir uma pichação nazista.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kembowski
Pichando símbolos do ódio
Além de ser dono de uma loja de materiais para grafiteiros, Ibu Omari, de 37 anos, dirige um clube jovem que reúne crianças e adolescentes de origem alemã e imigrante para promoção de atividades diversas, incluindo arte de rua. "Nós, como artistas da rua, queríamos enviar a mensagem 'você está usando o grafite de forma abusiva', diz ele, para justificar a criação da iniciativa PaintBack.
Foto: picture alliance / dpa
Gato na janela
Omari e outros voluntários adultos usam os motivos criados pelos menores de seu clube para "embelezar" as suásticas. O grafite é aplicado quando alguma suástica é encontrada nas redondezas, após ser obtida uma autorização do dono da propriedade pichada. "Escolhemos imagens doces e atrevidas", diz ele.
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Coruja
A maioria dos motivos é desenhado por crianças, para que mesmo os iniciantes, que não são artistas de grafite, possam reproduzi-las facilmente. A ideia da iniciativa é responder aos símbolos nazistas, ícones do ódio e do preconceito, com "humor e amor'".
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Mosquito
A ação visa combater a tendência de aumento de pichações nazistas, que voltaram a se multiplicar, aparentemente alimentadas pelo afluxo de mais de um milhão de imigrantes após a chanceler Angela Merkel ter aberto as fronteiras em 2015. A agência de inteligência doméstica alemã registrou aumento de 7% dos crimes politicamente motivados em 2016, um terço deles foi tido como "crime de propaganda".
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Humor contra o preconceito
Omari, cujos pais fugiram do Líbano como refugiados quando ela ainda estava por nascer, disse que os jovens de seu clube são importantes para transformar em ação "os sentimentos de choque e impotência" provocados pelas pichações de suásticas. Assim, eles apagam, com humor, símbolos nazistas e, ao mesmo tempo, deixam suas próprias marcas em Berlim.