Partes da Austrália retomam lockdown devido à variante delta
27 de junho de 2021
Sydney, maior cidade do país, e regiões vizinhas ficarão em confinamento por duas semanas, em uma medida que afeta cerca de cinco milhões de pessoas. Ao menos outros quatro estados também aumentam restrições.
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A maior cidade da Austrália, Sydney, começou na noite deste sábado (26/06) um confinamento de duas semanas para combater um surto de coronavírus causado pela variante delta, considerada mais contagiosa. Os moradores poderão sair de casa apenas para tarefas essenciais, serviços médicos e exercícios. Ao menos outros quatro estados australianos também endureceram as medidas de restrição devido ao aumento de casos.
Após um lockdown ter sido decretado em quatro bairros de Sydney na sexta-feira, as autoridades estenderam a medida, no sábado, para a toda a área metropolitana e regiões vizinhas, englobando cerca de cinco milhões de pessoas.
Desde as 18h de sábado (horário local), toda a área da Grande Sydney, de Blue Mountains e as comunidades costeiras próximas estão em confinamento. A maioria dos cinco milhões de residentes da região não tem permissão para deixar a cidade desde quarta-feira para evitar que o vírus se espalhe para outras áreas.
"A variante delta está se provando um inimigo particularmente temível", disse o ministro da Saúde do estado de Nova Gales do Sul, cuja capital é Sydney.
O atual surto de coronavírus em Sydney está relacionando a um motorista que transportava tripulações de companhias aéreas do aeroporto para os hotéis de quarentena. Em duas semanas, as autoridades registraram mais de 110 casos.
"Temos que nos preparar para um número potencialmente grande de casos nos próximos dias", alertou Gladys Berejiklian, governadora de Nova Gales do Sul.
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Restrições em outros estados
Neste domingo, a Austrália registrou um dos maiores números de infecções locais neste ano, forçando, também, restrições mais rígidas em ao menos outros quatro estados. No total, foram 38 casos de diferentes variantes, 30 deles em Sydney, quatro no Território do Norte, três em Queensland e um na Austrália Ocidental.
Trata-se da primeira vez em meses que tantas regiões diferentes do país relataram novas infecções no mesmo dia.
Por essa razão, Queensland, Austrália Ocidental, Território da Capital Australiana e Austrália Meridional implementaram regras de distanciamento social mais rígidas, como a proibição de chegada de pessoas vindas de regiões afetadas e a retomada do uso obrigatório de máscara em ambientes fechados.
As quatro infecções no Território do Norte não têm relação com os casos de Sydney e se devem à contaminação inicial de um trabalhador de uma mina de ouro, que foi fechada. Devido às infecções, mais de 150 mil pessoas em Darwin e arredores iniciaram neste domingo um confinamento de 48 horas.
Após esse período, será anunciado se o bloqueio será suspenso ou estendido. São as primeiras restrições na região desde um bloqueio nacional no início da pandemia.
"Eu prefiro lamentar que tenhamos sido duros demais muito cedo, do que ser muito brando e arriscar tudo", disse o governador do Território do Norte, Michael Gunner, em uma coletiva de imprensa.
A Austrália conteve amplamente as infecções pelo coronavírus com o fechamento de fronteiras e regras estritas de quarentena. No total, foram registrados oficialmente mais de 30 mil casos e 910 mortes desde o início da pandemia.
No entanto, especialistas em saúde acreditam que haverá novos surtos até que a maioria dos australianos seja vacinada. A imunização no país anda a passos lentos: cerca de 24% dos 25 milhões de habitantes da Austrália foram parcialmente vacinados e 4,6% estão completamente imunizados, de acordo com dados do site Our World in Data, da Universidade de Oxford.
Variante delta
A variante delta (antes chamada B.1.617.2 e conhecida como variante indiana) foi detectada pela primeira vez em outubro de 2020, no estado indiano de Maharashtra. Desde então se espalhou amplamente na Índia e ao redor do mundo.
Ela tem múltiplas mutações. As funções exatas de cada mutação ainda não foram investigadas cientificamente. O que se sabe até agora, entretanto, é que as mutações permitem que o vírus se ligue mais facilmente às células das pessoas e escape de algumas reações imunológicas, segundo Deepti Gurdasani, epidemiologista clínico da Universidade Queen Mary, de Londres.
le (reuters, lusa, afp)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine