Partido alemão defende fronteiras abertas a refugiados
9 de junho de 2018
Em votação durante a convenção nacional da legenda, maioria dos delegados aprova texto que defende o acolhimento de requerentes de refúgio e rejeita deportações. Questão migratória provocou divisões dentro da sigla.
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O partido alemão A Esquerda aprovou neste sábado (09/06) um texto apresentado pelos líderes Katja Kipping e Bernd Riexinger que descreve a política migratória da legenda, defendendo, por exemplo, "fronteiras abertas" a refugiados e rejeitando sua deportação a seus países de origem.
A moção foi aprovada por uma grande maioria em votação durante a convenção nacional do partido neste sábado na cidade de Leipzig, envolvendo os 583 delegados da sigla alemã.
O texto se baseia em três pontos: o fim do conflito no Oriente Médio, incluindo cessar a exportação de armas; a implementação de um programa social que solucione os problemas de moradia e desemprego na Alemanha; e a garantia de rotas de fuga seguras e legais, além de fronteiras abertas às pessoas que buscam proteção.
"Nós rejeitamos as deportações", afirma o texto da liderança, acrescentando que famílias requerentes de refúgio devem ser reunificadas, ao invés de separadas. Além disso, a sigla defende o fim das mortes de migrantes no Mediterrâneo e nas fronteiras externas da Europa.
As propostas provocaram divisões dentro do partido, envolvendo especialmente um grupo em torno da parlamentar Sahra Wagenknecht, que advertiu que A Esquerda estava se tornando incapaz de agradar a alguns setores de sua tradicional base de apoio. Wagenknecht critica principalmente a política de fronteiras abertas e o acesso ilimitado ao mercado de trabalho alemão.
Em discurso neste sábado, Kipping, líder da legenda e uma das autoras do texto, adotou um tom mais diplomático e afirmou que todos têm o direito de ter suas próprias opiniões sobre diferentes assuntos, aparentemente em referência a Wagenknecht. "Ninguém tem que decidir por um lado, porque nós somos todos parte da Esquerda", disse.
Ela destacou, no entanto, a importância de se aceitar as políticas do partido uma vez que elas sejam aprovadas pela maioria de seus membros. Segundo Kipping, é uma "questão de respeito por todos os delegados" da legenda.
Entre os críticos, a líder da Esquerda mencionou Oskar Lafontaine, marido de Wagenknecht e um dos fundadores do partido, em 2007, quando deixou o Partido Social-Democrata (SPD). Ele é um dos membros que defendem certas restrições à imigração.
Kipping argumentou, contudo, que A Esquerda está do lado de "pessoas carentes na rota dos refugiados" e em forte "contraste com a direita autoritária". "Seria irresponsável subestimar esse aceno à direita. Isso fornece um terreno fértil para um novo fascismo", afirmou.
Líderes reeleitos
Também neste sábado, os membros da Esquerda reelegeram os colíderes Katja Kipping e Bernd Riexinger para mais um mandato de dois anos à frente da legenda.
Kipping, de 40 anos, foi aprovada com 64,4% dos votos, e Riexinger, de 62 anos, conquistou 73,8% de aprovação. Eles comandam o partido desde 2012.
Segundo dados oficiais da sigla, A Esquerda possui atualmente quase 64 mil membros, o que a torna o quinto maior partido político da Alemanha. Nas eleições gerais do ano passado, conquistou 69 dos 709 assentos do Parlamento, após obter 9,2% dos votos.
EK/afp/rtr/dw
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As imagens que marcaram a crise migratória
Fotos impressionantes do enorme fluxo de migrantes para a Europa em 2015 e 2016 circularam pelo mundo. No Dia Mundial do Refugiado, vale lembrar a perseverança dos que foram forçadas a deixar seus países.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A meta: sobreviver
Uma jornada combinada com sofrimento e perigo para corpo e alma: para fugir da guerra e da miséria, centenas de milhares de pessoas, principalmente da Síria, viajaram pela Turquia para a Grécia em 2015 e 2016. Ainda há cerca de 10 mil pessoas nas ilhas de Lesbos, Chios e Samos. De janeiro a maio deste ano, chegaram mais de 6 mil novos refugiados.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A pé até a Europa
Em 2015 e 2016, milhões de pessoas tentaram, a pé, chegar à Europa Ocidental através da Turquia ou da Grécia até a Macedônia, Sérvia e Hungria. Este fluxo não parou mesmo depois de a chamada rota dos Bálcãs ter sido fechada e muitos países terem bloqueado suas fronteiras. Hoje, a maioria dos refugiados vai para a Europa usando a perigosa rota pelo Mediterrâneo através da Líbia.
Foto: Getty Images/J. Mitchell
Consternação mundial
Esta foto chocou o mundo em setembro de 2015: numa praia da Turquia foi encontrado o corpo do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos. A imagem se espalhou rapidamente pelas redes sociais e se tornou um símbolo da crise dos refugiados. Depois dela, a Europa não podia mais se omitir.
Foto: picture-alliance/AP Photo/DHA
Caos e desespero
Sabendo que a rota de fuga para a Europa seria fechada, milhares de refugiados tentaram desesperadamente entrar em trens e ônibus na Croácia. Alguns dias depois, em outubro de 2015, a Hungria fechou a fronteira e criou campos com contêineres, onde os refugiados seriam mantidos durante a análise de seu pedido de asilo político.
Foto: Getty Images/J. J. Mitchell
Hostilidades
A indignação foi grande quando uma repórter cinematográfica húngara deu uma rasteira num refugiado sírio que corria com um menino no colo. Ele tentava passar por uma barreira policial na fronteira húngara em setembro de 2015. No auge da crise de refugiados aumentavam as hostilidades contra imigrantes, com ataques xenófobos a abrigos de refugiados também na Alemanha.
Foto: Reuters/M. Djurica
Fronteiras fechadas
O fechamento oficial da rota dos Bálcãs, em março de 2016, gerou tumultos nos postos de fronteira, onde milhares de migrantes não puderam mais avançar e houve relatos de violência policial. Muitos, como estes refugiados, tentaram contornar os postos de fronteira entre a Grécia e a Macedônia.
Uma criança ensanguentada coberta de poeira: a fotografia de Omran, de 5 anos, chocou o público em 2016 e se tornou um símbolo dos horrores da guerra civil da Síria e do sofrimento de seu povo. Um ano mais tarde, novas imagens mostrando o menino bem mais feliz circularam na internet. Apoiadores do presidente sírio afirmam que a primeira imagem foi usada para fins de propaganda.
Foto: picture-alliance/dpa/Aleppo Media Center
Em busca de segurança
Um sírio carrega a filha na chuva em Idomeni, entre a Grécia e a Macedônia. Ele procura abrigo na Europa. Segundo o Regulamento de Dublin, o asilo político precisa ser solicitado no primeiro país da União Europeia a que o refugiado chegou. Por isso, muitos que prosseguem viagem são mandados de volta. Por sua localização fronteiriça, Itália e Grécia são os países onde mais chegam refugiados.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Esperança
A Alemanha continua sendo o principal destino dos migrantes, embora a política de refugiados e de asilo do país tenha se tornado mais restritiva após o grande afluxo no final de 2015. Nenhum outro país europeu acolheu tantos refugiados como a Alemanha, que recebeu 1,2 milhão de pessoas desde 2015. A chanceler federal Angela Merkel foi um ícone para muitos dos recém-chegados.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Miséria nos campos de refugiados
No norte da França, um enorme campo de refugiados, a chamada "Selva de Calais", foi fechado. Durante a evacuação, em outubro de 2016, houve um incêndio no acampamento. Cerca de 6.500 moradores foram removidos para outros abrigos na França. Meio ano depois, organizações de ajuda relataram sobre muitos refugiados menores de idade que vivem como sem-teto em volta da cidade de Calais.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Laurent
Afogamentos no Mediterrâneo
ONGs e guardas costeiras estão constantemente à procura de barcos de migrantes em perigo. Eles preferem atravessar o mar em embarcações precárias superlotadas a viver sem perspectivas na pobreza ou em meio à guerra civil. Só em 2017, a travessia já custou 1.800 vidas. Em 2016 foram registrados 5 mil mortos.
Foto: picture alliance/AP Photo/E. Morenatti
Milhares esperam na Líbia
Centenas de milhares de refugiados da África Subsaariana e do Oriente Médio esperam em campos líbios para atravessar o Mar Mediterrâneo. Muitos estão nas mãos de contrabandistas humanos e traficantes de pessoas. As condições nesses locais são catastróficas, dizem ONGs. Testemunhas relatam casos de escravidão e prostituição forçada. Ainda assim, continua vivo o sonho de chegar à Europa.
Foto: Narciso Contreras, courtesy by Fondation Carmignac