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Partido de Erdogan perde eleições em Ancara e Istambul

1 de abril de 2019

AKP perde controle das duas maiores cidades da Turquia, mas alega irregularidades e contesta resultados. Eleição era vista como termômetro da popularidade do governo, em meio à recessão econômica.

Apoiadores do partido oposicionista CHP comemoram vitória em Istambul
Apoiadores do partido oposicionista CHP comemoram vitória em IstambulFoto: Getty Images/AFP/Y. Akgul

O partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, sofreu fortes derrotas nas eleições regionais do país, consideradas um termômetro da popularidade do governo.

Dados oficiais divulgados nesta segunda-feira (01/04) confirmam o fim do domínio governista na capital, Ancara, e na maior cidade do país, Istambul, berço político de Erdogan. O AKP contestou os resultados e denunciou irregularidades nas duas votações.

Nada disso, porém, impediu que Erdogan declarasse sua legenda como a grande vencedora, uma vez que, juntamente com o direitista Partido do Movimento Nacionalista, obteve mais de 50% do total dos votos no país. 

Erdogan, que já foi prefeito de Istambul e domina a política turca há 16 anos, participou intensamente da campanha eleitoral, qualificando a votação de uma luta pela sobrevivência da nação.

Depois de o país entrar recentemente numa recessão pela primeira vez em uma década, o pleito se tornou um teste de popularidade para o AKP em todo o país.

O candidato à prefeitura de Istambul do oposicionista Partido Republicano do Povo (CHP), Ekrem Imamoglu, estava à frente de seu concorrente do AKP, o ex-prefeito Binali Yildirim, por uma margem apertada de votos.

Yildirim reconheceu que Imamoglu estivesse à frente na apuração, embora tivesse sugerido que cerca de 320 mil votos seriam declarados nulos e recontados. "Quem quer que receba o mandato será o novo prefeito. Sabemos como parabenizar [o vencedor], mas o processo ainda continua", disse o governista.

"Queremos começar a trabalhar pelo povo tão logo quanto possível", declarou Imamoglu. "Queremos cooperar com as instituições da Turquia para encarar rapidamente os problemas de Istambul."

Estimativas não oficiais divulgadas pela agência estatal de notícias Anadolu afirmam que Imamoglu possuía 48,8% dos votos contra 48,5% de seu adversário, faltando 1% dos votos a serem contabilizados. Segundo a Suprema Comissão Eleitoral, o oposicionista liderava a corrida por 28 mil votos, com quase 4,16 milhões, contra 4,13 milhões de seu concorrente.

O líder regional do AKP em Istambul, Bayram Senocak, disse que a legenda possui várias evidências que demonstram irregularidades na votação e que teriam influenciado o resultado final.

Em Ancara, segundo a Anadolu, o oposicionista Mansur Yavas teria recebido 50,9% dos votos na capital contra 47,1% do governista Mehmet Ozhaseki, o que encerraria 25 anos de domínio do AKP e da legenda islamista que o antecedeu no comando da cidade.

Entretanto, o secretário-geral do AKP, Fatih Sahin, disse que o partido identificou falhas na votação e entrará com uma queixa junto à comissão eleitoral. Ele disse que a diferença entre os dois candidatos diminuirá a ponto da vantagem passar para o lado do governista. Os partidos têm três dias para submeter suas reclamações às autoridades.

Ao jogar seu peso político nas eleições locais, Erdogan qualificou seus adversários como inimigos do Estado, acusando-os de manter relações com milícias curdas ou com o banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que o governo considera terrorista.

Organizações de defesa dos direitos humanos e até países aliados da Turquia no Ocidente vem alertando para as ameaças à democracia sob a liderança de Erdogan, em particular após o fracassado golpe de Estado em 2016, ao qual o governo reagiu com medidas repressivas e com a prisão de dezenas de milhares de pessoas.

O apoio ao AKP, que advém em grande parte do progresso econômico do país, foi abalado pela queda abrupta da lira turca, que gerou temores de uma nova crise. A inflação já chega aos dois dígitos, enquanto aumentam os preços dos alimentos e os índices de desemprego.

O sucesso ou fracasso econômico do país de 81 milhões de habitantes deverá ser determinante para o desempenho do governo nas eleições gerais de 2023.

RC/afp/ap

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