Partido de Merkel assegura coalizões em governos estaduais
14 de junho de 2017
Democrata-cristãos fecham acordos em Renânia do Norte-Vestfália e Schleswig-Holstein. Em ambos os estados, legenda da chanceler federal destitui os social-democratas – principais adversários nas eleições gerais.
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A União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, selou acordos para formar governos de coalizão em dois importantes estados do país. A decisão pode ser uma prévia das eleições gerais setembro, nas quais Merkel busca seu quarto mandado como chefe de governo.
Quatro semanas depois de conquistar uma maioria inesperada no estado da Renânia do Norte-Vestfália, a CDU e o Partido Liberal Democrático (FDP) acertaram os termos de uma coalizão para governar o estado, o mais populoso da Alemanha.
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"O acordo de coalizão está de pé", disse o presidente regional dos democrata-cristãos, Armin Laschet, nesta quarta-feira (14/06), após a sétima rodada de negociações em apenas três semanas. A aliança deve ser apresentada oficialmente na sexta-feira.
O ponto principal acertado foi uma abordagem de "tolerância zero" em questões de segurança. Os planos incluem uma expansão da vigilância por imagens de vídeo e da força policial. "Ainda temos certo trabalho a fazer, mas as principais questões foram resolvidas", afirmou o líder do FDP, Christian Lindner.
Somadas, as duas legendas têm 100 dos 199 assentos disponíveis no Parlamento estadual da Renânia do Norte-Vestfália. O democrata-cristão Laschet busca a nomeação como governador e, assim, suceder a social-democrata Hannelore Kraft.
Tríade em Schleswig-Holstein
No estado mais ao norte da Alemanha, Schleswig-Holstein, a CDU e o FDP se aliaram ao Partido Verde no governo estadual. "Tivemos conversações difíceis", relatou o líder regional da CDU, Daniel Günther, embora as negociações tenham sido realizadas "numa atmosfera muito boa e harmoniosa".
A responsável pela negociação para o Partido Verde, Monika Heinold, disse que o acordo possui o que ela classificou de "caligrafia verde". Líder regional do FDP, Heiner Gag, entretanto, afirmou que os partidos conseguiram delinear uma "visão futura para Schleswig-Holstein".
Essa constelação de coalizão governamental foi tentada apenas uma vez em nível estadual, mas nunca na formação de um governo federal. Assim como na Renânia do Norte-Vestfália, os democrata-cristãos puseram fim a um governo antes liderado pelos social-democratas e que incluía o Partido Verde.
Em busca de seu quarto mandato de chanceler federal, Merkel sempre governou a Alemanha com coalizões. De 2005 a 2009, os democrata-cristãos dividiram a administração do país com o SPD. Entre 2009 e 2013, a CDU governou ao lado do FDP. E desde 2013, o partido de Merkel retomou a aliança federal com os social-democratas.
Atuais pesquisas de intenção de voto projetam uma vantagem de dois dígitos para a CDU nas eleições legislativas de setembro. Em segundo lugar, aparece o SPD, de Martin Schulz.
PV/rtr/ap
Merkel a caminho do quarto mandato
Quem poderia pensar? Vista como líder interina de seu partido após saída de Helmut Kohl, Merkel chefia a CDU desde 2000 e, há 11 anos, a Chancelaria Federal. Confira momentos de uma carreira que ainda não chegou ao fim.
Foto: Getty Images/C. Koall
Primeiro juramento
"Eu quero servir a Alemanha". A promessa foi feita por Angela Merkel no dia 22 de novembro de 2005, quando tomou posse como chanceler. Depois da vitória apertada nas eleições gerais, ela se tornou a primeira mulher e a primeira alemã da antiga parte oriental a ocupar o cargo. Merkel se tornou a chefe de governo, comandado pela grande coalizão formada entre os partidos CDU, CSU e SPD.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Bergmann
Quem tem medo do cão de Putin?
Merkel é conhecida por sempre ser racional e se manter calma. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, quis aparentemente testar os nervos da chanceler quando a recebeu na residência presidencial em Sochi, em 2007. Putin conseguiu revelar o ponto fraco de Merkel: ela tem medo de cães. Isso não impediu que o presidente russo deixasse o labrador Koni farejar os sapatos da chanceler.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Astakhov
Resgate financeiro
Em situações de crise, Merkel age com frieza. Quando os mercados financeiros entraram em colapso em 2008 e ameaçaram prejudicar a economia alemã, a chanceler se empenhou na proteção do euro e na criação de fundos de resgate para as economias mais fracas do bloco europeu. Ela se destacou como eficiente gestora de crises, mas não escapou de receber críticas de países como Grécia e Espanha.
Foto: picture-alliance/epa/H. Villalobos
Caminho para o segundo mandato
Apesar do pior desempenho da aliança conservadora na história, Merkel venceu as eleições de 27 de setembro de 2009. Depois de se aliar ao Partido Social-Democrata (SPD), a chanceler estava pronta para iniciar o segundo mandato ao lado de outro parceiro, o Partido Liberal Democrático (FDP).
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Resposta rápida
Merkel que, como física, é conhecida por pensar de forma objetiva, não previu a catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão. Defensora da política nuclear na Alemanha, Merkel mudou de posição em tempo recorde. A extensão do prazo de funcionamento das usinas foi suspenso e a Alemanha iniciou o processo de colocar fim ao uso da energia nuclear.
Foto: Getty Images/G. Bergmann
O homem ao seu lado
Quem o reconheceria? Quem conhece sua voz? Há dez anos, o marido de Merkel, Joachim Sauer, professor de Química da Universidade Humboldt, em Berlim, se mantém discreto. Eles estão casados desde 1998.
Foto: picture alliance/Infophoto
Amizade em crise
As escutas de comunicações de políticos alemães por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, abalaram as relações da Alemanha com a Casa Branca. Até o celular de Merkel foi alvo de espionagem. Uma frase da chanceler ficou famosa: "Não é aceitável que países amigos espiem uns aos outros".
Foto: Reuters/F. Bensch
O paciente grego
O clube de fãs de Merkel é extenso, mas na Grécia é provavelmente menor. A hostilidade contra a chanceler alemã nunca foi tão grande como em 2014, no auge da crise da dívida grega. A imagem de velha inimiga ressurgiu, mas Merkel se manteve firme em relação à política de austeridade que previu cortes e reformas a serem cumpridos por Atenas.
Foto: picture-alliance/epa/S. Pantzartzi
Emotiva, às vezes
Tipicamente reservada, Merkel quebrou os protocolos durante a final da Copa do Mundo de 2014 no Rio de Janeiro. A chanceler federal alemã celebrou a vitória da Alemanha sobre a Argentina ao lado do presidente alemão, Joachim Gauck. Ela estava no auge de sua popularidade, assim como a seleção vitoriosa.
Foto: imago/Action Pictures
"Nós podemos fazer isso!"
Para Merkel, o direito de asilo a refugiados não pode ser limitado. "Nós podemos fazer isso" se tornou o credo da chanceler sobre a política alemã de acolhida aos migrantes que fogem de guerras e perseguições. Se o país dará conta da enorme demanda, isso já é uma pergunta ainda em aberto.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
"E agora, Merkel?"
Sexta-feira 13 – um massacre em novembro. A França está em situação de emergência e Merkel ofereceu "toda a assistência" ao país vizinho. O medo do terrorismo se espalha. Não há dúvidas de que esse é o maior desafio de Merkel em dez anos no poder.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Barulho na coalizão
Foi o castigo máximo para a chanceler federal. No congresso da CSU, em novembro de 2015, Horst Seehofer a repreendeu. O líder da legenda-irmã do partido de Merkel na Baviera criticou que a política migratória da chefe alemã de governo fez com que o país perdesse o controle de suas próprias fronteiras. Uma humilhação que Merkel teve que suportar de pé e sem oportunidade de resposta.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Hoppe
Será que ele não poderia ficar?
Seria um alívio para Merkel continuar a lidar com Obama. Mas, no início, ela era bastante cética quanto a ele. O monitoramento do celular da chanceler federal, no contexto do escândalo de espionagem da NSA, parecia abonar a sua postura reservada. Mas, agora, um parceiro previsível sai de cena e dá lugar a Donald Trump. O jornal "New York Times" já a chama de "defensora do Ocidente liberal".
Foto: Reuters/F. Bensch
Merkel mais uma vez
Finalmente, após meses de intensas especulações em torno de sua candidatura à reeleição, Merkel confirma a sua intenção de concorrer a um quarto mandato. Durante entrevista coletiva em 20/11, ela diz à liderança de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), estar preparada para chefiar a legenda na eleição parlamentar alemã, prevista para setembro ou outubro de 2017.