Partido de Merkel quer mulheres em 50% dos cargos até 2025
8 de julho de 2020
CDU pretende introduzir regime de cotas para aumentar participação feminina em cargos de liderança. Proposta prevê mulheres ocupando de 30% dos postos a partir do ano que vem, com aumento paulatino.
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A liderança do União Democrata-Cristã (CDU), o partido da chanceler federal alemã, Angela Merkel, aprovou nesta quarta-feira (08/07) um projeto que visa introduzir cotas vinculativas para representação feminina nos principais cargos da legenda conservadora.
A partir do próximo ano, pelo menos 30% dos cargos de liderança partidária, a partir das estruturas distritais, deverão ser preenchidos por mulheres. A cota deve ser aumentada gradualmente para 40% em 2023 e 50% em 2025.
A comissão encarregada de redigir as diretrizes internas do partido concordou com as novas cotas em uma reunião realizada durante a madrugada, afirmaram fontes do partido.
A proposta ainda deve ser levada à aprovação dos membros do partido durante a convenção da CDU em dezembro.
Fontes familiarizadas com as negociações disseram à agência de notícias AFP que exceções às cotas obrigatórias podem ser feitas "se não houver mulheres suficientes concorrendo ao cargo".
Os presidentes de distrito deverão informar o partido sobre o desenvolvimento da proporção de mulheres e as medidas para promovê-las.
A comissão não chegou a uma decisão exigindo as cotas para candidaturas nas eleições estaduais, europeias e federais.
No entanto, fontes disseram que há a possibilidade de um compromisso prevendo uma meta de pelo menos três vagas para mulheres entre as dez primeiras posições nas listas de candidatos no sistema de representação proporcional da Alemanha a partir de 2021. O número aumentaria para quatro em 2023 e cinco em 2025.
A nova regra foi acertada após duras negociações. O projeto original sugeria metas de maior alcance, que incluíam uma cota obrigatória de 50% a partir de 2023 para os escritórios do partido e para as listas de candidatos. Mas setores do partido opuseram-se fortemente à proposta.
O anúncio da CDU ocorre no mesmo dia em que o Ministério da Família da Alemanha apresentou a primeira estratégia nacional do país para a igualdade de gênero. A estratégia estabelece nove objetivos para alcançar a igualdade entre homens e mulheres na Alemanha, com o objetivo de influenciar a legislação.
A CDU ocupou uma pluralidade de cadeiras no Bundestag alemão por décadas e até agora relutava em impor regras de igualdade de gênero, ao contrário de outros partidos, mais à sua esquerda. As novas regras, caso aprovadas, provavelmente terão amplos efeitos na paridade de gênero na política alemã.
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Aliança 90/Os Verdes e A Esquerda.
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
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União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não está organizada. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
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Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com o proletariado. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
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Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
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Partido Liberal Democrático (FDP)
O FDP foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". Resgata a herança política de legendas liberais proibidas pelo nazismo.
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A Esquerda (Die Linke)
Die Linke surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
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Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, e atualmente representada no Parlamento Europeu e em legislativos estaduais alemães, a AfD se alinha com outros partidos populistas de direita europeus, como FPÖ, FN ou Ukip. Só em 2016 ela definiu seu programa partidário, que oscila entre visões reacionárias, conservadoras, liberais e libertárias.
Foto: Reuters/W. Rattay
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Partido Nacional-Democrata da Alemanha (NPD), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violeta, que reivindica uma política espiritualista.