Populistas de direita se tornam segunda força em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e impõem à CDU, terceira colocada, seu pior resultado na história no estado. Pleito era visto como termômetro sobre política migratória.
Anúncio
O partido União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, sofreu um duro revés neste domingo (04/09) nas eleições estaduais de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, encaradas como um teste para a atual política migratória alemã.
Segundo pesquisa de boca de urna da TV pública ARD, a legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) conseguiu 21% dos votos para o Parlamento estadual, ficando em segundo lugar e jogando para terceiro, com 19%, o partido de Merkel.
Com 30,5% dos votos, o primeiro lugar ficou com o Partido Social-Democrata (SPD), que governa o estado em coalizão com a CDU há uma década. Juntas, as duas legendas tiveram queda de nove pontos percentuais em relação às últimas eleições, em 2011.
Foi o pior resultado da história do partido de Merkel no estado. E muito se deve à ferrenha campanha feita pela AfD contra a política migratória da chanceler, tentando capitalizar o medo entre muitos alemães da consequência da entrada de mais de 1 milhão de refugiados no país.
Segundo a pesquisa, o partido A Esquerda conseguiu 12,5% dos votos, e o Partido Verde ficou com a margem mínima para entrar no Legislativo regional, de 5%. Confirmado o resultado, CDU e SPD ainda teriam força para se juntar e apontar o governador do estado.
Lançada em 2013 como uma bandeira anti-União Europeia, a AfD ficou perto de entrar no Parlamento alemão naquele ano. Desde então, acirrou seu discurso, cada vez mais antimigração, e assegurou presença nos Legislativos de nove dos 16 estados alemães.
Dentro de duas semanas, será a vez de Berlim ir às urnas. Até as eleições gerais para o Parlamento alemão, em setembro do ano que vem, serão outros três pleitos estaduais. Além disso, em 12 de fevereiro será escolhido o sucessor de Joachim Gauck na Presidência alemã.
RPR/ots
A vida de um refugiado após selfie com Merkel
Há quem seja viciado em tirar autorretratos no celular, só ou acompanhado. Outros ridicularizam a moda como coisa de adolescentes. Para o sírio Anas Modamani, de 19 anos, um selfie foi o momento que transformou sua vida.
Foto: Anas Modamani
Encontrando Angela Merkel
Quando estava alojado no acampamento de refugiados de Berlim-Spandau, Anas Modamani ficou sabendo que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, viria visitar e conversar com os migrantes. O sírio de 19 anos, um adepto das mídias sociais, resolveu tirar um selfie com a chefe de governo, na esperança de que a iniciativa iniciasse uma mudança real em sua vida.
Foto: Anas Modamani
Fuga para a Europa
Quando a casa dos Modamani em Damasco foi bombardeada, Anas, seus pais e irmãos se transferiram para Garia, uma cidade menor. Foi aí que o jovem resolveu escapar para a Europa, na esperança de que sua família se unisse a ele mais tarde, quando tivesse conseguido se estabelecer. Primeiro, viajou para o Líbano, seguindo então para a Turquia, e de lá para a Grécia.
Foto: Anas Modamani
Jornada perigosa
Por pouco, Anas não morreu no caminho. Para atravessar o Mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia, ele teve que pegar um barco inflável, como a maioria dos refugiados. O sírio conta que a embarcação estava superlotada, acabando por virar, e ele quase se afogou.
Foto: Anas Modamani
Cinco semanas a pé
O trajeto entre a Grécia e a Macedônia ele teve que fazer a pé, ao longo de cinco semanas, seguindo então para a Hungria e a Áustria. Em setembro de 2015, alcançou sua destinação final: Munique. Uma vez na Alemanha, Anas decidiu que queria ir para Berlim, onde está vivendo desde então.
Foto: Anas Modamani
Espera por asilo
Na capital alemã, o jovem de Damasco passou dias inteiro diante da central para refugiados LaGeSo. Lá, ele conta, a situação era difícil, sobretudo com a chegada do inverno. Por fim, foi enviado para o acampamento de Berlim-Spandau. Ele queria chamar a atenção para sua situação como refugiado, e um selfie com Merkel lhe pareceu a oportunidade ideal.
Foto: Anas Modamani
Enfim uma família
Anas confirma que o retrato ao lado da chanceler federal foi um elemento de mudança chave em sua vida. Ele recebeu grande atenção midiática depois que o selfie foi postado online, e foi assim que sua família adotiva chegou até ele. Há dois meses o sírio de 19 vive em Berlim com os Meeuw, que o apoiam em todos os aspectos.
Foto: Anas Modamani
Saudades de casa
Anas diz nunca ter estado tão feliz como agora, ao lado de sua família alemã. Além de fazer curso de idioma alemão, tem numerosas atividades culturais e já fez muitos amigos. Com curso médio completo na Síria, ele pretende fazer o curso superior na Alemanha. Porém, sua prioridade no momento é obter oficialmente asilo e poder trazer seus pais e irmãos para a Alemanha.
Foto: Anas Modamani
Onda de rejeição aos refugiados
O sírio Anas Modamani espera ter uma vida longa e segura em sua terra de adoção. Contudo está preocupado com os atuais sentimentos negativos contra os refugiados na Alemanha. Ele teme que esse clima de rejeição possa escalar e influenciar as leis referentes aos migrantes. Se isso acontecer e ele não obtiver asilo, será o fim do sonho de ter a própria família junto de si.