Partido de Olaf Scholz vence eleição na Baixa Saxônia
9 de outubro de 2022
Último pleito estadual deste ano na Alemanha era visto como termômetro sobre aprovação do governo federal de coalizão. SPD ficou na frente, com 33,4% dos votos. Ultradireitistas dobraram número de votos.
Anúncio
Em meio a uma crise energética e uma recessão iminente na Alemanha, eleitores do estado da Baixa Saxônia foram às urnas neste domingo (09/10) para eleger o novo Legislativo.
O pleito, o último estadual do ano na Alemanha, era visto como um teste importante de confiança para o Partido Social-Democrata (SPD) do chanceler federal, Olaf Scholz, que governa o país em coalizão com os verdes e o Partido Liberal Democrático (FDP) .
O SPD, sigla de centro-esquerda de Scholz, foi a vitoriosa, com 33,4% dos votos.
Em seguida, vem a conservadora União Democrata Cristã (CDU), partido da ex-chanceler federal Angela Merkel, com 28,1%.
Desta forma, o atual governador, Stephan Weil (SPD), deve seguir no poder. Atualmente, ele governa o estado em uma grande coalizão com a CDU – o que é descartado para a nova gestão.
Assim, os sociais-democratas devem acertar uma coalizão com os verdes, que ficaram em terceiro lugar, com 14,5% dos votos. A manobra é necessária para assegurar mais da metade das cadeiras no legislativo estadual. Os dois partidos já governaram juntos de 2013 a 2017.
Outro destaque do pleito foi a ascensão dos ultradireitistas do Alternativa para Alemanha (AfD), que conquistaram 10,9% dos votos - quase o dobro de 2017. O partido se beneficiou das grandes preocupações e temores sobre novosaumentos de preços e da insatisfação com a política do governo em Berlim, além de bater na tecla do aumento do número de refugiados.
O FDP, que faz parte da coalizão do governo federal, ficou com 4,7% dos votos, não conseguindo superar a barreira de 5% dos votos e ficando assim fora do legislativo estadual. Com 2,7% dos votos, também o A Esquerda ficou sem mandatos.
Anúncio
Energia no centro do debate
Um grande ponto de discórdia na campanha foi a decisão do governo federal de fechar a usina nuclear de Emsland, na Baixa Saxônia, uma das três últimas ainda em operação na Alemanha.
A CDU se manifestou a favor de manter o funcionamento da usina para além de 2022, o que foi rechaçado pelo SPD e, acima de tudo, pelos Verdes.
Para vencer, o SPD contou com o bônus de ter Weil no cargo de governador. Aos 63 anos, ele governa o estado há 10 anos, com seu jeito sólido, um tanto reservado. Embora questões políticas federais, como a crise de energia e a inflação, dominassem a campanha eleitoral e a satisfação com o governo federal liderado pelo SPD tenha diminuído, Weil aparentemente conseguiu manter as críticas afastadas.
"Lutamos e vencemos", disse, após a divulgação dos primeiros resultados neste domingo.
Antes do pleito, Weil disse à revista alemã WirtschaftsWoche que esta foi a campanha eleitoral "mais difícil" de sua vida.
"Nunca vi tantos pontos de interrogação e preocupações nos rostos dos cidadãos", afirmou.
Já a CDU falhou pela segunda vez com Bernd Althusmann, que já havia perdido para Weil em 2017 – depois ele assumiria como vice-governador e secretário da Economia.
O fato de a CDU, como segunda colocada, reivindicar formar um governo e tentar forjar uma aliança com os verdes e, talvez, o FDP é considerado improvável.
le (DPA, AFP, Reuters, AP, ots)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.