Partido de Olaf Scholz vence eleição no estado do Sarre
27 de março de 2022
Social-democratas romperam hegemonia de 22 anos da CDU à frente do Parlamento estadual. Pleitos estaduais são considerados barômetros importantes do sentimento público e determinam a distribuição do Bundesrat.
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O Partido Social-Democrata (SPD), sigla de centro-esquerda a qual pertence o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, venceu a eleição estadual deste domingo (27/03) no estado do Sarre, no oeste da Alemanha.
De acordo com os primeiros resultados parciais, o SPD obteve 43,5% dos votos, batendo a conservadora União Democrata Cristã (CDU), partido da ex-chanceler federal Angela Merkel, que teve 28,5%. A CDU detinha o poder no estado continuamente desde 1999.
Anke Rehlinger, do SPD, deve ocupar agora o cargo de governadora, substituindo Tobias Hans, da CDU. Ao conquistar 29 das 51 cadeiras no Parlamento estadual, os social-democratas não precisarão de uma coalizão para governar.
A eleição estadual no Sarre é a primeira de várias que ocorrerão em 2022, e os social-democratas esperam continuar aumentando o impulso da eleição nacional de 2021, considerada um golpe histórico para a CDU no nível federal.
Scholz assumiu o cargo em dezembro, liderando uma coalizão com o Partido Verde e o Partido Liberal Democrata (FDP).
O que estava em jogo no Sarre
Pesquisas de opinião antes da votação deste domingo mostravam que o SPD deveria ter um bom desempenho. No entanto, o partido acabou ganhando uma parcela ainda maior dos votos do que o previsto. Desde 2012, CDU e SPD governavam o Sarre em uma chamada "grande coalizão" liderada pelos conservadores.
A derrota histórica da CDU no Sarre também marca a primeira eleição do partido desde que Friedrich Merz assumiu como presidente da legenda, após Armin Laschet deixar o cargo depois da derrota nas eleições gerais do ano passado.
O Partido Verde ficou de fora do Parlamento estadual do Sarre por apenas 23 votos. De acordo com as regras eleitorais alemãs, só assumem as cadeiras os partidos que obtiverem 5% dos votos - mas os verdes conquistaram 4,99502%.
No entanto, funcionários eleitorais apontam que ainda pode haver "desvios" antes do resultado final oficial - e, portanto, com muita sorte, o Partido Verde ainda poderia entrar no Parlamento estadual, ao qual não pertenceu nos últimos cinco anos.
As eleições estaduais na Alemanha não ocorrem todas no mesmo dia como no Brasil e são barômetros importantes do sentimento público. Além disso, determinam a distribuição de votos na câmara alta do parlamento alemão, o Bundesrat.
Enquanto SPD, verdes e liberais tem uma maioria sólida no Bundestag (a câmara baixa), os conservadores detêm a maioria no Bundesrat.
O Sarre é a primeira de três eleições regionais em 2022 em estados administrados por governadores da CDU. No entanto, com apenas 1 milhão de habitantes, não tem muito peso político no Bundesrat.
Um teste mais crítico para o SPD será a eleição em 15 de maio no estado mais populoso da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália. Outros indicadores importantes estarão no estado de Schleswig-Holstein, no norte, liderado pela CDU, quando for às urnas em 8 de maio, e no estado da Baixa Saxônia, no noroeste, em outubro, atualmente governado pelo SPD.
le (ARD, dpa, Reuters, AP, AFP)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.