Sigla de Scholz perde força em pleito de estado-chave alemão
15 de maio de 2022
Conservadores da CDU tiveram o melhor resultado e podem seguir no comando da Renânia do Norte-Vestfália, estado mais populoso e com maior economia da Alemanha. Verdes triplicam votação e serão decisivos em novo governo.
O conservador Hendrik Wüst, atual governador da Renânia do Norte-Vestfália, tem boas chances de seguir no cargoFoto: Rolf Vennenbernd/dpa/picture alliance
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A União Democrata Cristã (CDU) saiu como a maior vencedora da eleição estadual realizada neste domingo (15/05) na Renânia do Norte-Vestfália, o estado mais populoso e relevante economicamente da Alemanha.
Resultados preliminares indicam que o partido da ex-chanceler federal Angela Merkel recebeu 35,7% dos votos. O Partido Social-Democrata (SPD), legenda do atual chanceler federal, Olaf Scholz, teve 26,7%, 4,6 pontos percentuais a menos do que na eleição anterior, em 2017.
No sistema federativo alemão, os deputados estaduais têm um poder considerável e o resultado deste pleito é considerado uma mensagem importante para Scholz.
Antiga zona mineradora da Alemanha Ocidental, a Renânia do Norte-Vestfália era tradicionalmente um bastião do SPD, mas os conservadores da CDU já haviam ganhado as eleições de 2017. Pesquisas eleitorais recentes indicavam que as duas legendas estavam em empate técnico na disputa deste ano.
Cerca de 13 milhões de pessoas estavam aptas a votar no pleito, apelidado "eleição federal em miniatura" devido à sua relevância.
O que significa o resultado para os partidos?
O atual governador, Hendrik Wüst, da CDU, assumiu o cargo de Armin Laschet no ano passado, que se lançou em uma fracassada campanha eleitoral para substituir Angela Merkel como novo chanceler federal alemão.
A CDU atualmente governa a Renânia do Norte-Vestfália em coalizão com o Partido Liberal Democrático (FDP), mas, segundo os resultados preliminares, os liberais receberam somente 5,9% dos votos, pouco acima dos 5% necessários para superar a cláusula de barreira e ter direito a assentos no parlamento estadual. Dessa forma, os dois partidos não conseguiriam garantir a maioria para governar.
Isso deve dar ao Partido Verde, que recebeu 18,2% dos votos, quase o triplo da eleição passada, uma posição decisiva na formação do próximo governo. Os verdes já haviam alcançado seu melhor resultado nacional no ano passado e compõem a coalizão do governo federal, ao lado do SPD e do FDP.
Em termos numéricos, a CDU poderia formar uma coalizão com os verdes para governar o estado. Outra possibilidade, mais remota, seria uma coalizão entre sociais-democratas, verdes e liberais, que também alcançaria a maioria, segundo os resultados preliminares.
O estado alemão de Schleswig-Holstein também realizou eleições no domingo passado e deu uma grande vitória à CDU. No final de março, porém, o pequeno estado de Saarland deu ao SPD uma vitória importante, pondo fim a anos de coalizão entre SPD e da CDU.
bl (dpa, Reuters)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Aliança 90/Os Verdes e A Esquerda.
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não está organizada. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Getty Images
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com o proletariado. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
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Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: REUTERS/T. Schmuelgen
Partido Liberal Democrático (FDP)
O FDP foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". Resgata a herança política de legendas liberais proibidas pelo nazismo.
Foto: picture-alliance/dpa
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
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Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, e atualmente representada no Parlamento Europeu e em legislativos estaduais alemães, a AfD se alinha com outros partidos populistas de direita europeus, como FPÖ, FN ou Ukip. Só em 2016 ela definiu seu programa partidário, que oscila entre visões reacionárias, conservadoras, liberais e libertárias.
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Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Partido Nacional-Democrata da Alemanha (NPD), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violeta, que reivindica uma política espiritualista.