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Partido de Schröder leva seus corruptos à Justiça

Estelina Farias19 de março de 2002

Cúpula social-democrata processa correligionários envolvidos em escândalo de doações ilegais. Há pressa em esclarecer o caso para evitar um desastre nas eleições federais de setembro.

Chefe de governo, Gerhard Schröder é um dos mais interessados em esclarecer o escândaloFoto: AP

A cúpula do maior partido governista da Alemanha aumentou as pressões sobre as figuras-chave do escândalo de doação ilegal, em Colônia, à legenda presidida pelo chanceler federal, Gerhard Schröder. Em Berlim o diretório nacional mandou para o Tribunal de Justiça de Colônia, nesta terça-feira (19), queixa-crime contra o ex-líder do SPD local Norbert Rüther. Outra denúncia será encaminhada à Justiça, nesta quarta-feira, contra o ex-tesoureiro do partido em Colônia Manfred Biciste.

Com as duas ações, o diretório nacional do SPD quer forçar Rüther e Biciste a revelar quem fez as doações ilegais de 424 mil euros (US$ 374,38 mil) ao partido, entre 1994 e 1999. A cúpula partidária quer também uma confissão de culpa dos protagonistas do escândalo para que possa cobrar deles indenização mais tarde na Justiça. As duas figuras-chave já renunciaram aos seus mandatos e postos, abandonaram a política e estão ameaçados de ser expulsos do SPD.

Propinas

- A denúncia de doações ilegais foi feita no início de março e o Ministério Público está investigando a relação dos donativos com propinas milionárias na construção de um centro de incineração de lixo em Colônia. Nesse meio tempo, 96 dos 109 social-democratas da cidade com cargos legislativos e executivos apresentaram declaração de honra sobre o escândalo. Eles cumpriram o ultimato expirado na noite de segunda-feira (18) para esclareceram seu eventual envolvimento com o caso. A comissão de investigação do SPD, em Düsseldorf, vai avaliar o resultado das declarações até sexta-feira.

De olho na eleição para o novo Parlamento e o governo federais, em 22 de setembro, a cúpula social-democrata em Berlim tem interesse em esclarecer o caso e punir os culpados o mais rápido possível. Em meio ao escândalo de donativos, estourou outro de corrupção em Wuppertal. O prefeito do SPD, Hans Kremendahl, é acusado de ter recebido 256 mil euros de um empreiteiro para a sua campanha eleitoral em 1999.

Peixes pequenos

- O escândalo de doações ilegais no SPD se diferencia, sob vários aspectos, do que teve repercussão internacional há mais de dois anos, envolvendo a União Democrata-Cristã (CDU). Uma das figuras-chave do caso da CDU era o ex-chanceler federal Helmut Kohl, político de expressão mundial que conduziu o processo de unificação da Alemanha.

Os protagonistas do escândalo atual são peixes pequenos. O próprio Kohl admitiu ter depositado dois milhões de marcos de doações anônimas em contas secretas na Suíça e até hoje não revelou os nomes dos doadores. Os donativos ao SPD são comparavelmente pequenos.

Kohl renunciou à presidência de honra da CDU e entrou no ostracismo por causa do escândalo, embora continue deputado federal. O seu sucessor na presidência do partido, Wolfgang Schäuble, também renunciou e até hoje não esclareceu uma doação de 100 mil marcos que disse ter recebido, dentro de uma mala, do lobista da indústria armamentista Karlheinz Schreiber. A ex-tesoureira Brigitte Baumeister também garante que recebeu o dinheiro.

Numa acareação na CPI que apura se o governo Kohl tomou decisões influenciado por doações ao seu partido, tanto quanto Schäuble e Baumeister sustentaram que receberam o dinheiro do lobista residente há anos no Canadá e cujo repatriamento foi pedido pela Alemanha.

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