Engenheiro do norte da Alemanha determinou em testamento que AfD é sua única herdeira e a beneficia com cerca de 7 milhões de euros em ouro e imóveis. Doador não era afiliado.
Herança chega em boa hora: dificuldades financeiras da AfD levou partido a pedir contribuição adicional de seus afiliadosFoto: imago/R. Peters
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O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) foi beneficiado com uma herança de cerca de 7 milhões de euros, noticiou o jornal Süddeutsche Zeitung nesta sexta-feira (14/02). Trata-se de um dos maiores repasses de dinheiro a um partido político já feitos na Alemanha.
O doador, um engenheiro do norte da Alemanha cujo nome ainda não foi divulgado, não era membro do partido, afirmou a AfD, que confirmou a notícia.
O milionário, da cidade de Bückeburg, no estado da Baixa Saxônia, deixou um testamento nomeando a agremiação populista de direita sua única herdeira. Ele morreu em 2018.
O testamento foi aberto em seguida. Entretanto, foi necessário um certo tempo para determinar se tudo estava correto e calcular o valor da fortuna, composta sobretudo de imóveis, moedas de ouro e barras de ouro.
A herança vem num momento oportuno para o partido, que tem dívidas de cerca de 1 milhão de euros por causa de multas relativas a um escândalo de doações ilegais. As dificuldades levaram a sigla a pedir para que seus 38 mil afiliados contribuam com uma anuidade adicional de 120 euros, a fim de reunir "centenas de milhares" de euros para a "luta de defesa jurídica".
Se a herança for considerada legalmente uma doação partidária, ela poderá ajudar a AfD ainda de outra maneira. Pela lei alemã, os partidos políticos só têm acesso a recursos do fundo partidário se comprovarem que foram capazes de obter por meios próprios um valor equivalente. Heranças, a princípio, não contam.
Nesta quarta-feira foi divulgado que um empresário de Berlim doou 100 mil euros à AfD do estado da Turíngia.
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Aliança 90/Os Verdes e A Esquerda.
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União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
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União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não está organizada. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
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Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com o proletariado. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
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Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
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Partido Liberal Democrático (FDP)
O FDP foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". Resgata a herança política de legendas liberais proibidas pelo nazismo.
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A Esquerda (Die Linke)
Die Linke surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
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Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, e atualmente representada no Parlamento Europeu e em legislativos estaduais alemães, a AfD se alinha com outros partidos populistas de direita europeus, como FPÖ, FN ou Ukip. Só em 2016 ela definiu seu programa partidário, que oscila entre visões reacionárias, conservadoras, liberais e libertárias.
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Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Partido Nacional-Democrata da Alemanha (NPD), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violeta, que reivindica uma política espiritualista.