Sociais-democratas alemães elegem primeira líder mulher
22 de abril de 2018
Primeira mulher a presidir a legenda em seus 155 anos de história, Andrea Nahles assume o cargo com o desafio de renovar o SPD. Mais antigo partido alemão obteve pior resultado do pós-Guerra nas últimas eleições.
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O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) elegeu neste domingo (22/04) Andrea Nahles como presidente. É a primeira vez nos 155 anos de história da legenda, a mais antiga do país em funcionamento, que uma mulher assumirá sua liderança.
Nahles, de 47 anos, foi eleita com 66,35% dos votos dos delegados do partido (414 dos 624 votos válidos). A adversária Simone Lange obteve 172 votos. Houve 38 abstenções. Foi a primeira vez em mais de 20 anos que mais de dois membros do partido se candidataram ao posto.
A nova presidente do partido assume o cargo num momento de crise sem precedentes e com a promessa de renovar o partido, que já foi liderado por nomes como Willy Brandt e Gerhard Schröder.
Há pouco mais de um ano, Martin Schulz foi eleito por unanimidade, pelos delegados do SPD, como presidente do partido e candidato a chanceler federal. O resultado foi um desastre eleitoral contra os conservadores de Angela Merkel nas eleições de setembro passado, em que os social-democratas obtiveram seu pior resultado do pós-Guerra, com 20,5%. Em fevereiro, Schulz deixou a presidência da legenda.
Apesar da recusa inicial, o SPD acabou decidindo formar novamente uma coalizão com os conservadores da União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, e da União Social Cristã (CSU). Agora, Nahles tem a tarefa de renovar o partido.
"Você pode reformar um partido enquanto ele está no governo, e eu pretendo provar isso a parti de amanhã", disse Nahles aos delegados do SPD reunidos neste domingo em Wiesbaden. "Mas os membros do governo precisam do nosso apoio. Não há dois partidos. Somos um partido."
As negociações de coalizão com os conservadores, que se estenderam por meses, provocaram divisões na legenda, sobretudo na ala jovem. O líder juvenil Kevin Kühnert apoiou a candidatura de Nahles, e, assim como a maioria dos delegados, espera que ela consiga unir o partido novamente.
"Precisamos de uma presidente que seja firme. Precisamos de mais jovens no partido, mas precisamos conciliar isso com a experiência de uma líder como Nahles", disse um dos apoiadores da social-democrata à DW.
Nahles, que foi ministra do Trabalho de 2013 a 2017, atribuiu a recente derrota eleitoral do SPD ao fato de ele não ter conseguido comunicar a seus eleitores como pretendia alcançar seus objetivos.
"Na minha opinião, há apenas um paradigma: o da solidariedade. Solidariedade é uma das principais coisas que faltam neste mundo globalizado, neoliberal e em rápida mudança", disse a política a seus correligionários.
Nahles anunciou como objetivos domar o capitalismo digital e cobrar mais de grandes empresas de internet, além de discutir reformas do sistema de assistência social alemão.
LP/rtr/dpa/dw
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As conquistas das mulheres alemãs
Do direito ao voto ao espaço na política: ao longo dos últimos cem anos as mulheres alemãs lutaram para derrubar leis e convenções que hoje soam impensáveis.
Foto: picture-alliance/akg-images
O direito ao voto
Em 1918, o Conselho dos Deputados da Alemanha proclamou: "Todas as eleições serão conduzidas sob o mesmo sufrágio secreto, direto e universal para todas as pessoas do sexo masculino e feminino com pelo menos 20 anos de idade". Logo depois, as mulheres puderam votar, pela primeira vez, nas eleições para a Assembleia Nacional alemã, em janeiro de 1919.
Foto: picture-alliance/akg-images
Lei de Proteção à Maternidade
A Lei entrou em vigor em 1952. Desde então, passou por várias alterações. O objetivo é assegurar a melhor proteção possível da saúde da mulher e do filho durante a gravidez, após o parto e durante a amamentação. Mulheres não podem sofrer desvantagens na vida profissional por causa da gravidez nem seu emprego pode ser ameaçado pela decisão de ser mãe.
Em 1971, Alice Schwarzer publicou na revista Stern um artigo no qual 374 mulheres confessaram ter interrompido a gravidez; entre elas, Romy Schneider. Após a publicação, dezenas de milhares de mulheres foram às ruas protestar a favor da maternidade autodeterminada. Em 1974, a coalizão social-liberal aprovou no Parlamento a descriminalização do aborto nos três primeiros meses da gestação.
Foto: Der Stern
Mais estudantes e professoras nas universidades
Em 1976, foi realizado em Berlim o evento "1° Universidade de Verão para as mulheres". Entre as exigências, as precursoras pediam o aumento da participação das mulheres entre estudantes e professoras, que era de 3 %. Em 1970, o percentual de estudantes passou para 9%. Hoje, ele chega a 48%. Em 1999, o número de professoras era de cerca de 4 mil. Hoje, elas são 11 mil em toda a Alemanha.
Foto: picture alliance/ZB/J. Kalaene
Livre da obrigação do serviço doméstico
Em 1977, entrou em vigor a nova lei de matrimônio. Até então, a esposa era "obrigada ao serviço doméstico". Ela só poderia trabalhar se não negligenciasse suas tarefas do lar e se o marido consentisse. Em 2014, 70% das mães trabalhavam fora; 30% em tempo integral e quase 40% em meio período. Entre os casais com crianças, a mulher alemã contribui com uma média de 22,6% da renda familiar.
Foto: picture-alliance/akg-images
Igualdade salarial
Em 1979, 29 funcionárias processaram o laboratório fotográfico Heinze, em Gelsenkirchen, pelo direito de ter a mesma remuneração por trabalhos iguais. Elas venceram: em 1980, o Parlamento alemão aprovou a lei sobre igualdade de tratamento de homens e mulheres no trabalho. Mas ainda há muito o que fazer: em , as mulheres ganharam 18% a menos por hora trabalhada do que os homens.
Foto: picture-alliance/chromorange
Pilotas da Lufthansa
Em 1986, a companhia aérea alemã Lufthansa permitiu, pela primeira vez, que duas mulheres completassem a formação de piloto. Elas são: Erika Lansmann e Nicola Lunemann (na foto). Hoje, nas diversas companhias aéreas do grupo, 417 mulheres trabalham como co-pilotas e 114 são comandantes.
Foto: Roland Fischer, Lufthansa
Trabalho noturno
Em 1992, o Tribunal Constitucional Federal revogou a proibição do trabalho noturno para mulheres. O Tribunal declarou que a alegada proteção estava associada com salários mais baixos e "desvantagens consideráveis". Na antiga Alemanha Oriental, as mulheres tinham sido autorizadas a praticar todas as profissões desde o início, a qualquer hora do dia ou da noite.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gerten
Sexo sem consentimento
Em 1997, a violação sexual no casamento passou a ser considerada crime. O Bundestag decidiu por uma maioria esmagadora que os maridos estupradores já não tinham direitos especiais. A ideia de que seria uma "ofensa menor de coerção" foi abolida. Todos os "atos sexuais" forçados passaram a ser punidos como estupro.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kästle
Mulheres na política
Depois de conquistarem o direito ao voto na maior parte dos países, as mulheres tentam alcançar a mesma proporção de participação política que os homens. Em 1949, o percentual de alemãs no Bundestag era de 6,8%. Atualmente, elas são 35,3%. A primeira mulher a chefiar o governo foi Angela Merkel, em 2005. Em 2018, ela chegou ao quarto mandato como chanceler federal, cargo que exerceu até 2021.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Tarefas domésticas
Hoje as mulheres alemãs também lutam por direitos iguais em relação às tarefas domésticas e ao cuidado com familiares. Em 1965, elas exerciam esse trabalho durante, em média, quatro horas por dia; os homens, 17 minutos por dia. Atualmente as mulheres ainda gastam 43,8 pontos percentuais a mais de tempo com tarefas domésticas do que os homens: são quase 30 horas semanais, contra 20 dos homens.
Foto: Imago/O. Döring
O futuro
Para despertar o interesse das meninas em profissões antes consideradas masculinas, especialmente na indústria, desde 2001 empresas alemãs convidam meninas do 5º ano para o 'Girls day'. O dia das meninas é considerado o maior projeto de orientação profissional do mundo e, graças a ele, cada vez mais jovens mulheres decidem seguir carreira da área de ciências exatas na Alemanha.