Partido Verde da Alemanha aprova acordo de coalizão
6 de dezembro de 2021
Votação interna era um dos últimos obstáculos para formação do governo que vai suceder administração de Angela Merkel. Social-democratas e liberais já aprovaram aliança. Novo governo deve tomar posse na quarta-feira.
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O Partido Verde alemão aprovou nesta segunda-feira (06/12) o acordo de coalizão negociado com o Partido Social-Democrata (SPD) e o Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) para formar o próximo governo da Alemanha.
Em uma reunião, 86% dos membros do Partido Verde que participaram da decisão votaram a favor do acordo. Cerca de 57% dos 125 mil membros do partido votaram, de acordo com o secretário-geral do partido, Michael Kellner.
"Estamos entrando em um novo governo forte, com um ministério forte e com diversidade", disse a colíder da legenda, Annalena Baerbock, que vai assumir o cargo de ministra do Exterior.
A decisão dos verdes deixa o social-democrata Olaf Scholz, atual ministro das Finanças e vice-chanceler federal, sem impedimentos para substituir a chanceler federal Angela Merkel.
Os membros do SPD e do FDP já haviam aprovado o acordo de coalizão, negociado ao longo de dois meses, no fim de semana. Agora, o último passo para oficializar o novo governo é a votação no Bundestag (Parlamento Alemão), que está prevista para esta quarta-feira e que deve ocorrer sem percalços, já que os três partidos detêm a maioria das cadeiras.
Com a aprovação pelo Bundestag, a Alemanha será governada pela primeira vez em nível federal por uma "coalizão semáforo" – em alusão às cores dos partidos social-democrata (vermelho), liberal (amarelo) e verde.
O Partido Verde foi o terceiro mais votado no pleito de setembro, conquistando 14,8% dos votos. Já o SPD foi o mais votado, com 25,7%. Os liberais ficaram em quarto, com 11,5%.
No sistema alemão, um governo que pretenda ser estável precisa contar com mais de 50% dos parlamentares do Bundestag. Como raramente um partido consegue sozinho essa marca, entra a costura de coalizões.
O governo liderado por Scholz terá uma característica inédita em mais de seis décadas: será a primeira vez desde o final dos anos 1950 que um governo alemão será formado por uma coalizão com mais de dois partidos.
Ainda nesta segunda-feira, o SPD anunciou suas indicações de ministros para o novo governo federal.
O partido ficará com as pastas do Trabalho e Social, Saúde, Interior, Defesa, Desenvolvimento, Obras e Habitação, além da Chancelaria Federal. A pasta da Saúde, vista como crucial em meio à quarta onda de pandemia no país, será ocupada pelo epidemiologista Karl Lauterbach.
Os verdes terão cinco ministérios (Exterior, Economia e Clima, Agricultura, Família, Meio Ambiente). Os liberais, quatro (Finanças, Transportes e Digitalização, Justiça, Educação).
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Os planos da nova coalizão
O acordo de coalizão alcançado pelas lideranças das legendas, de 177 páginas, prevê mudanças significativas na política ambiental da Alemanha, com grandes investimentos em energias renováveis.
O plano também inclui a legalização da maconha e um aumento do salário-mínimo e aborda problemas persistentes do país, como o envelhecimento da população alemã e a escassez de habitações.
Em discurso antes da votação do acordo pelo SPD no último sábado, Scholz afirmou que a pandemia de covid-19 é a tarefa mais importante com que o novo governo terá que lidar, afirmando ser necessário combatê-la com todas as forças.
Na semana passada, Scholz se pronunciou a favor de uma vacinação obrigatória geral e culpou os não vacinados pelo agravamento da crise sanitária na Alemanha. Com a taxa de vacinação praticamente estagnada em 68,8%, o país é assolado pela quarta onda de covid-19, com infecções em alta e alertas para sobrecarga do sistema de saúde.
jps/as (ots, DW, dpa)
Todos os presidentes alemães
O presidente da Alemanha tem apenas funções representativas. Após falar com representantes dos partidos, ele sugere ao Bundestag um nome para a chefia do governo. Ele também ratifica decisões do Parlamento e dá indultos.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Frank-Walter Steinmeier
Frank-Walter Steinmeier foi eleito presidente da Alemanha em 12 de fevereiro de 2017 com 931 dos 1.239 votos. Ele nasceu em 05/01/1956 em Detmold e entrou para o SPD em 1975. Ele queria ser arquiteto, mas acabou estudando Direito e Ciências Políticas. Considerado eficiente, discreto e confiável, foi o braço direito do ex-chanceler federal Gerhard Schröder e ministro do Exterior de Angela Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Joachim Gauck (de 2012-2017)
O candidato sem filiação partidária recebeu 991 dos 1228 votos logo na primeira votação, em 18 de março de 2012. Tomou posse em 23 de março de 2012. Natural de Rostock, no leste alemão, é conhecido por dizer o que pensa.Gauck estudou Teologia, foi pastor luterano e antes da queda do Muro foi o porta-voz da Aliança 90, união de movimentos sociais que exigia democracia na então Alemanha Oriental.
Foto: picture-alliance/dpa
Christian Wulff (2010-2012)
O democrata-cristão ex-governador da Baixa Saxônia foi eleito presidente apenas na terceira votação da Assembleia Federal em 30 de junho de 2010, o que foi interpretado como derrota ao governo de Angela Merkel. Pressionado por acusações de ter se favorecido no cargo, ele renunciou em 17 de fevereiro de 2012.
Foto: picture-alliance/dpa
Horst Köhler (2004-2010)
Horst Köhler, ex-diretor-geral do FMI, foi candidato dos partidos cristão-democrata e social-cristão, e dos liberais. Eleito a 23 de maio de 2004 e tomou posse em 1º de julho. Foi reeleito em 23 de maio de 2009, mas renunciou em 31 de maio de 2010 em consequência das críticas aos seus comentários sobre as ações militares e os interesses comerciais da Alemanha no Afeganistão.
Foto: AP
Johannes Rau (1999-2004)
Johannes Rau assumiu o cargo no dia 1º de julho de 1999. Ele fora eleito a 23 de maio daquele ano, com 51,8% dos votos do colegial eleitoral. Político de grande destaque no Partido Social Democrata (SPD), Johannes Rau foi governador de um dos mais importantes estados da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália.
Foto: AP
Roman Herzog (1994-1999)
Roman Herzog ocupou o cargo durante um mandato, depois de ser eleito com 52,7% dos votos do colégio eleitoral. Anteriormente, Herzog ocupara um dos cargos mais importantes do país: foi presidente do Tribunal Constitucional Federal, a Corte Suprema da Alemanha.
Foto: AP
Richard von Weizsäcker (1984-1994)
O sexto presidente da República Federal da Alemanha teve dois mandatos. Já na sua primeira eleição, ele obteve 80,9% dos votos. Sua reeleição em 1989, com 86,2% dos votos, foi quase uma consagração: somente Theodor Heuss, o primeiro presidente alemão, obteve maior votação em 1954. Richard von Weizsäcker, político destacado da União Democrata Cristã (CDU), foi prefeito de Berlim Ocidental.
Foto: picture-alliance/dpa
Karl Carstens (1979-1984)
Ex-presidente do Parlamento federal, Karl Carstens foi candidato do seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), sendo eleito com 51,2% dos votos a 23 de maio de 1979. Ele foi o primeiro dos chefes de Estado da República Federal da Alemanha a ser eleito no dia 23 de maio – o Dia da Constituição. Desde então, tornou-se uma tradição que os presidentes alemães sejam eleitos nessa data.
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Walter Scheel (1974-1979)
Walter Scheel destacou-se como ministro do Exterior, antes de ser eleito presidente, com 51,3% dos votos, a 15 de maio de 1974. O político do Partido Liberal Democrata (FDP) desempenhara papel importante nas negociações para a formação da coalizão de governo entre seu partido e o Partido Social Democrata (SPD).
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Gustav W. Heinemann (1969-1974)
Conservador e religioso, Gustav W. Heinemann abandonou a União Democrata Cristã (CDU) por discordar da sua política de rearmamento da Alemanha, transferindo-se para o Partido Social Democrata (SPD). Em 5 de março de 1969, Heinemann foi eleito presidente alemão com 50% dos votos. A mais baixa votação já recebida por um chefe de Estado alemão do pós-guerra.
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Heinrich Lübke (1959-1969)
Para o seu primeiro mandato, o político conservador da União Democrata Cristã (CDU) foi eleito a 1º de julho de 1959, com 50,9% dos votos. Sua reeleição se deu a 1º de julho de 1964. Ele recebeu então 69,3% dos votos do colégio eleitoral.
Foto: AP
Theodor Heuss (1949-1959)
O primeiro presidente da República Federal da Alemanha teve dois mandatos seguidos, de 1949 até 1959. Sua primeira eleição foi em 12 de setembro de 1949, com 52% dos votos. A reeleição foi em 17 de julho de 1954 e Heuss obteve 88,2% dos votos! Theodor Heuss é o mentor do liberalismo alemão no pós-guerra. Ele ajudou a fundar o Partido Liberal Democrático (FDP).<br> Edição: Roselaine Wandscheer