Partido Verde obtém resultado histórico em cidades alemãs
28 de setembro de 2020
Legenda ambientalista conquista pela primeira vez prefeituras importantes no estado mais populoso da Alemanha. Segundo pesquisas, a um ano da eleição que definirá sucessor de Merkel, partido é a segunda força política
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O Partido Verde obteve vitórias importantes neste domingo (28/09), ao conquistar, pela primeira vez em sua história, prefeituras importantes na Renânia do Norte-Vestfália, estado mais populoso da Alemanha.
As vitórias nas cidades de Bonn, Aachen e Wuppertal, que juntas tem quase 1 milhão de habitantes, são mais um sinal de força do partido, a um ano das eleições que escolherão o sucessor ou sucessora de Angela Merkel como chanceler federal.
Em Bonn, antiga capital do país, Katja Dörner, até então vice-chefe da bancada dos verdes no Parlamento alemão, desbancou o atual prefeito, o conservador Ashok-Alexander Sridharan, da União Democrata Cristã (CDU), de Merkel.
O resultado foi histórico porque acabou com a hegemonia dos grandes partidos do país, CDU e o Partido Social-Democrata (SPD), que desde o fim da Segunda Guerra Mundial se alternavam no poder na cidade.
O mesmo aconteceu em Aachen, na fronteira com a Bélgica e a Holanda. Ali, a candidata dos verdes Sibylle Keupen superou no segundo turno o candidato da CDU com mais de dois terços dos votos.
A terceira grande prefeitura conquistada pelos verdes, que também venceram em uma série de distritos e municípios menores no estado, foi a da cidade industrial de Wuppertal, onde Uwe Schneidewind foi eleito prefeito. Sua candidatura foi apoiada também pela CDU, e ele derrotou o representante do SPD no segundo turno.
O partido de Merkel, por sua vez, conseguiu eleger o novo prefeito de Düsseldorf, Stephan Keller, derrotando o candidato à reeleição dos social-democratas, e a prefeita de Colônia, Henriette Reker, que se candidatou sem partido, mas teve apoio da CDU e dos verdes.
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Termômetro para a política nacional
O domingo marcou o segundo turno das eleições mais importantes do ano na Alemanha, consideradas um termômetro para a política nacional. No ano que vem, o país terá eleições legislativas, e Merkel já anunciou que não tentará um novo mandato como chanceler federal.
No primeiro turno na Renânia do Norte-Vestfália, há algumas semanas, o Partido Verde já havia mostrado resultado expressivo: a legenda ambientalista saltou dos 11,8% de 2014 para 20% neste ano no cômputo geral de votos no estado, confirmando uma tendência em nível nacional. A CDU teve 34,3% dos votos.
No ano passado, nas eleições para o Parlamento Europeu, em que todos os eleitores alemães estavam aptos a votar, os verdes obtiveram mais de 20% dos votos. Foi o melhor resultado em nível nacional da legenda, que saiu então como segunda força da política alemã.
Segundo a última pesquisa para as eleições legislativas alemãs do ano que vem, divulgada no final de agosto, os verdes são atualmente a segunda força política da Alemanha, com 18% das intenções de voto. A primeira é a CDU, de Merkel, com 36%. Os social-democratas têm 16% de apoio.
RPR/ots
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.