Partidos oficializam nova coalizão de governo na Alemanha
7 de dezembro de 2021
Líderes de SPD, FDP e Partido Verde assinam acordo de coalizão em Berlim. Documento oficializa primeiro governo de centro-esquerda em 16 anos, que vai substituir o Executivo liderado pela conservadora Angela Merkel.
Scholz, Lindner e Habeck apresentam o acordo de coalizãoFoto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance
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Líderes do Partido Social-Democrata (SPD), do Partido Verde e do Partido Liberal Democrático (FDP) assinaram na manhã desta terça-feira (07/12) o acordo de coalizão para formar o novo governo da Alemanha, abrindo caminho para o início da era pós-Merkel.
Os representantes da coalizão, conhecida como "semáforo" por causa das cores dos partidos, se encontraram em Berlim para formalizar a composição do primeiro governo de centro-esquerda em 16 anos, que vai substituir o Executivo liderado pela chanceler federal em exercício Angela Merkel.
A curta cerimônia foi realizada no prédio do Futurium na capital alemã, um local conhecido por eventos e exposições relacionados ao futuro.
O acordo de coalizão de quase 180 páginas foi negociado pelas três legendas nos últimos dois meses. O Partido Verde foi o último a votar pela aprovação do documento, intitulado Mehr Fortschritt Wagen (Ousar Mais Progresso, em tradução literal).
Será a primeira vez que uma coligação formada por três partidos governará em âmbito nacional.
Também pela primeira vez, mulheres comporão metade das lideranças dos 16 ministérios. Elas ocuparão postos-chave nas áreas de Segurança, Defesa e Relações Exteriores. O percentual de 50% é o maior da história da Alemanha.
O novo chanceler federal será o social-democrata Olaf Scholz, de 63 anos, que deverá ser formalmente eleito para o cargo nesta quarta-feira pelo Bundestag (Parlamento).
Inflação na mira do novo titular das Finanças
Designado para ficar à frente do mais poderoso dos ministérios alemães, o das Finanças, o líder do FDP, Christian Lindner, disse após a cerimônia que quer se empenhar pela estabilidade da maior economia europeia. A política financeira deverá considerar a alta da inflação no país, que, segundo Lindner, tem relação com uma série de efeitos originados pela pandemia de covid-19.
Para Lindner, o orçamento alemão para o ano que vem é suficiente e não será necessário contrair dívidas além do já previsto, no total de quase 100 bilhões de euros.
Christian Lindner, apontado como novo ministro das Finanças, quer conter dívidasFoto: picture alliance/dpa
Alguns economistas recomendam ampliar esse montante antes da reintrodução do chamado "freio da dívida" em 2023. A Alemanha ancorou o mecanismo na Constituição em 2009, mas suspendeu essa rigorosa limitação por causa da pandemia.
O futuro ministro das Finanças afirmou também que quer trabalhar principalmente para evitar aumentos de impostos e voltar a cumprir o "freio da dívida" a partir de 2023, quando a contenção de gastos voltará a valer.
Foco nas relações exteriores
Já futuro chanceler federal Olaf Scholz falou especialmente das relações da Alemanha com outros países. Ele destacou, por exemplo, a estreita relação da Alemanha com a Polônia, anunciando que irá viajar ao país vizinho.
Sobre a crise da Ucrânia, Scholz foi enfático ao dizer que é preciso estar "muito claro" que uma provocação adicional à Ucrânia pela Rússia será considerada inaceitável, numa alusão às mais recentes movimentações de tropas russas perto da fronteira entre os dois países.
Ele elogiou também o presidente americano, Joe Biden, por este querer fortalecer a comunidade de países democráticos, algo que ele não via no ex-mandatário Donald Trump. Ao mesmo tempo, Scholz afirmou que é preciso cooperar com outras formas de governo de maneira multilateral, fazendo referência à China e à Rússia.
A primeira viagem de Scholz deverá ser realizada a Paris. O futuro novo chanceler tamb[em quer fortalecer a parceria transatlântica da UE com os Estados Unidos e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
rk (Reuters, DW)
Os 16 anos da era Merkel em imagens
A longeva chefia de governo de Angela Merkel deixou o cargo em 2021. Reveja alguns momentos que marcaram os quatro mandatos da chanceler federal.
Foto: Georg Wendt/dpa/picture alliance
O primeiro juramento
Em 22 de novembro de 2005, Angela Merkel prestou juramento perante o então presidente do Bundestag, Nortbert Lammert, como a primeira mulher e a primeira representante do leste alemão a se tornar chanceler federal. Àquela altura, ninguém podia prever que ela permaneceria na chefia de governo por 16 anos.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Bergmann
O cachorro de Putin
Esta imagem ficará na memória: Merkel se mostrou inabalável durante uma visita ao presidente russo, Vladimir Putin, em 2007 - até mesmo quando o cachorro dele apareceu. Houve quem interpretasse a presença do animal como uma provocação: é fato conhecido que Merkel tem medo de cães desde que foi mordida certa vez.
Foto: Imago/ITAR-TASS
Selfie com a chanceler federal
A selfie de Merkel com o jovem refugiado Anas Modamani, da Síria, rodou o mundo. Quando a chanceler federal visitou o abrigo em que Modamani se encontrava, em Berlim, ele inicialmente não sabia quem ela era. A foto acabou se tornando um símbolo da famosa frase de Merkel "Nós vamos conseguir", proferida no contexto da crise migratória de 2015.
Foto: Getty Images/S. Gallup
Registro diplomático
O governo Merkel é marcado sobretudo por uma série de difíceis encontros políticos - como este da foto, durante a cúpula do G7 de 2018, no Canadá. A imagem ocupou manchetes em todo o mundo. Será que Merkel estava explicando ao então presidente dos EUA, Donald Trump, como as coisas devem ser feitas?
Foto: Reuters/Bundesregierung/J. Denzel
Experiência com personalidades difíceis
Durante uma visita aos EUA em 2017, Merkel ficou visivelmente irritada com o recém-empossado presidente Trump. O encontro gerou especulações: será que o líder americano realmente se recusou a apertar a mão da chanceler federal alemã diante das câmeras? Posteriormente, apesar de todo o o burburinho, Merkel falou numa "troca boa e aberta" com o republicano.
Foto: Reuters/J. Ernst
Uma questão de estilo
Não apenas a política de Merkel, mas também suas roupas foram objeto de discussão: durante uma visita à ópera em Oslo, ela usou um vestido decotado - e assim provocou discussões que chegaram até o nível da coletiva de imprensa do governo federal. Mas, no geral, Merkel optou principalmente por vestir blazers e calças.
Foto: picture-alliance/ dpa
Caminhadas nas horas vagas
Pouco se sabe sobre a vida privada de Merkel - exceto, por exemplo, sobre seu gosto por caminhadas, muitas vezes ao lado do marido, Joachim Sauer, na ilha italiana de Ischia. Uma vez ela revelou que as caminhadas a permitiam se desconectar do trabalho.
Foto: picture-alliance/ANSA/R. Olimpio
Viva o futebol!
Normalmente transmitindo uma imagem bastante tranquila, Merkel mostrou diversas vezes um lado diferente quando se tratava de futebol, como neste momento registrado durante a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, em que ela comemora um gol da seleção nacional. Uma confidente próxima revelou há alguns anos que particularmente o Bayern de Munique agradava à chanceler federal.
Foto: imago/ActionPictures
Um gesto simbólico
O típico gesto de Merkel - um losango feito com as mãos diante da barriga - tornou-se marca registrada da líder alemã. O losango não foi apenas usado na campanha eleitoral de 2013, mas também transformado em emoji. Quem sentir falta do gesto talvez possa matar as saudades com Olaf Scholz: na campanha eleitoral de 2021, o candidato social-democrata a chanceler federal também adotou o losango.
Foto: REUTERS
Olha o passarinho
Merkel como nunca se viu: às vésperas das eleições federais de 26 de setembro de 2021, quando eleitores foram às urnas para selar o fim da era Merkel, a chanceler federal visitou o Parque de Aves Marlow, no estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Fotos divertidas da chefe de governo na companhia de passarinhos logo viralizaram, transmitindo uma imagem descontraída da líder alemã.
Foto: Georg Wendt/dpa/picture alliance
Lembrança inusitada
Com blazer vermelho, colar e o típico gesto de losango, este ursinho de pelúcia fabricado pela empresa familiar Hermann homenageia Merkel. Os 500 exemplares do bichinho logo se esgotaram, mas um deles ainda deverá ser presenteado a chanceler federal que em breve deixará o cargo.