Passeio por Leipzig une literatura, história e música
19 de março de 2011Foi a contragosto que o jovem Johann Wolfgang Goethe foi parar em Leipzig em 1765. O pai estudara Direito na cidade e acreditava que não poderia haver futuro melhor para o jovem poeta do que seguir a profissão da família. Goethe, então com 16 anos, não tinha muitos argumentos contrários a apresentar. Foi matriculado na universidade local, mas é sabido que fez pouco caso das aulas de Direito – como é de praxe nos adolescentes, preferiu as mulheres e os bares.
A cidade por onde o maior poeta alemão perambulou pela sua juventude continua atraindo estudantes. São mais de 30 mil, boa parte deles estrangeiros, e emprestam ao centro de Leipzig um jeito de capital universitária que se mistura com seus ares interioranos. E, como nos tempos de Goethe, os estudantes continuam lotando os bares, agora também na companhia de um número crescente de turistas.
Goethe
Leipzig, é claro, faz questão de lembrar os anos de juventude que o poeta por lá viveu e ostenta um monumento ao jovem Goethe no Naschmarkt, um dos pontos mais conhecidos do centro. A estátua tem suas peculiaridades: mostra, à esquerda e à direita, os rostos das duas meninas que ocuparam o coração do poeta nos seus tempos de cidade.
Outro detalhe está na pose retratada. Enquanto a cabeça se inclina para a esquerda, na direção da universidade, os pés apontam para a direita, no caminho do bar favorito de Goethe nos seus tempos de Leipzig: o Auerbachs Keller, que mereceu até mesmo uma citação na obra-prima do escritor, o Fausto.
Mädlerpassage e Altes Rathaus
Optando pelo caminho indicado pelos pés do escritor, sai-se numa das mais famosas galerias comerciais da cidade, a Mädlerpassage. Construída entre 1912 e 1914 pelo comerciante Anton Mädler, é ainda hoje um dos pontos comerciais mais valorizados de Leipzig. Mädler fez ainda questão de manter o Auerbachs Keller, que, como diz o nome, fica no porão da galeria. Além da bela decoração com cenas do Fausto, o local é uma ótima dica para provar pratos típicos da Saxônia.
Saindo da galeria, outro lugar obrigatório de visitação é o Marktplatz, largo que serve de ponto de encontro e onde também é montada a feirinha de Natal e são apresentados concertos musicais. Toda a parte leste do largo é dominada pelo prédio da Antiga Prefeitura (Altes Rathaus), que, diz a lenda, foi erguido em apenas nove meses no ano de 1556. Nele se destacam a torre com o relógio e os seis frontões laterais.
Bares, música e história
Saindo do prédio da Antiga Prefeitura e atravessando o largo, chega-se a um dos locais mais agradáveis da cidade: o Drallewatsch, região muito frequentada que concentra alguns dos melhores bares e restaurantes da cidade.
O mais famoso é o Zum Arabischen Coffe Baum, que serve café, chá e chocolate quente desde 1720. O lugar é conhecido pelo relevo que ostenta sobre a porta de entrada e que exibe um príncipe árabe entregando uma xícara de café a um anjo. Outra boa pedida é o Zill's Tunnel, tradicional restaurante da cidade.
À parte de sua história literária, Leipzig é, também, uma cidade dedicada à música. Saindo do Zill's Tunnel e seguindo pela Klostergasse, chega-se à Igreja de São Tomás, especial para os amantes da música por ter tido como seu diretor musical, de 1723 até a sua morte, Johann Sebastian Bach.
Foi na sua época em Leipzig que Bach compôs algumas de suas mais famosas obras, como a Paixão Segundo São Mateus e a Paixão Segundo São João, além de mais de 300 cantatas.
E, depois de conhecer a Igreja de São Tomás, pode-se encerrar o passeio pelas ruas centrais de Leipzig no outro lado do centro, visitando a Igreja de São Nicolau, a maior e mais antiga da cidade.
Além de permitir apreciar o exterior do prédio, com elementos góticos e classicistas, a visita tem valor histórico: foi no largo ao lado da igreja que, em 1989, começaram os protestos pacíficos que derrubaram o regime comunista da antiga Alemanha Oriental.