Patrocinadores da Fifa pedem renúncia imediata de Blatter
2 de outubro de 2015
Em comunicados, Coca-Cola e McDonald's afirmam que saída de atual presidente é essencial para limpar imagem da entidade. Apesar de pedido, Blatter descarta deixar o cargo.
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Dois dos principais patrocinadores da Fifa, a Coca-Cola e o McDonald's, pediram nesta sexta-feira (02/10) a renúncia imediata do atual presidente da entidade máxima do futebol, Joseph Blatter. O pedido foi feito uma semana após o Ministério Público Suíço abrir uma investigação criminal sobre o cartola, devido a suspeitas de irregularidades administrativas.
"A cada dia que passa, a imagem e a reputação da Fifa continuam sendo manchadas. A Fifa precisa de uma reforma urgente e abrangente, que só pode ser alcançada por meio de um enfoque realmente independente", disse a Coca-Cola em comunicado.
Em seguida, o McDonald's seguiu a posição da fabricante de bebidas e pediu também o afastamento de Blatter. "O presidente da Fifa precisa renunciar imediatamente, para que o processo de reforma seja realizado com a credibilidade necessária", afirmou a empresa, em comunicado.
Após os anúncios da Coca-Cola e do McDonald's, outros patrocinadores da entidade, entre eles, a Visa e a cervejaria AB Inbev, fabricante da cerveja Budweiser, também pediram que o cartola deixe o cargo que ocupa na Fifa.
Blatter se pronunciou através do seu advogado, Richard Cullen, que descartou a renúncia de seu cliente. Segundo ele, o presidente da Fifa afirmou que sua saída não é de interesse da entidade e também não promoveria as reformas necessárias.
Após as denúncias das autoridades suíças, Blatter negou no início desta semana as acusações e declarou que só deixaria da presidência da entidade máxima do futebol em fevereiro.
CN/dpa/rtr/ap/ots
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.