Paul Bocuse, o cozinheiro do século, morre aos 91 anos
20 de janeiro de 2018
Bocuse foi um dos criadores da Nouvelle Cuisine e chef mais famoso de seu país, cultivando uma cozinha baseada em preparações simples, ingredientes frescos e regionais. "A gastronomia está de luto", diz ministro francês.
Paul Bocuse iniciou sua carreira de cozinheiro aos 10 anosFoto: AFP/Getty Images
Anúncio
Paul Bocuse foi para a gastronomia o que Coco Chanel foi para moda, simplificando e elevando a culinária à condição artística. O lendário chef francês morreu neste sábado (20/01) aos 91 anos.
"Paul Bocuse morreu, a gastronomia está de luto. O senhor Paul era a França. Simplicidade e generosidade. Excelência e arte de viver. O papa da gastronomia nos deixou", disse o ministro do Interior francês, Gérard Collomb, em mensagem postada no Twitter.
Paul Bocuse é uma lenda culinária. Seu restaurante "Auberge du Pont de Collonges" vem sendo premiado com três estrelas do guia Michelin desde 1965, sem interrupção. Na década de 1970, o chef aperfeiçoou a Nouvelle Cuisine e cultivou uma cozinha baseada em simples preparações, ingredientes frescos e regionais.
Nascido em 11 de fevereiro de 1926 em Collonges-au-Mont-d'Or, perto de Lyon, foi escolhido pelo guia Gault et Millau como o cozinheiro do século. Bocuse estreou nos fogões aos 10 anos, num negócio de sua família, e só abriu seu próprio restaurante em 1958, recuperando o estabelecimento familiar L'Auberge du Pont, que foi rebatizado por ele como Paul Bocuse.
O ponto de inflexão em sua carreira aconteceu na década de 1970 com a Nouvelle Cuisine, corrente gastronômica que se tornou o pilar da modernidade culinária, graças em parte ao seu livro "A cozinha de mercado".
Criador em 1987 do Bocuse d'Or, prestigioso concurso bienal de gastronomia, esta lenda dos fogões franceses contribuiu também para a formação de sucessores com a fundação, em 1990, do Instituto Bocuse, com sede em Lyon.
Completou seu aprendizado como chefe de cozinha com a chef três estrelas Eugénie Brazier, em Lyon. Muitos de seus alunos eram até conhecidos chefs, entre outros, Eckart Witzigmann e Heinz Winkler.
CA/afp/dpa/ap
----------------
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
Cozinheiros por um mundo melhor
Alguns mestres-cucas não se contentam em cozinhar. Nomes como Jamie Oliver e Julia Child contribuíram para quebrar preconceitos, lançar tendências e influenciar comportamentos.
Foto: picture-alliance/Everett Collection
Nova cozinha britânica
No fim da década de 90, o inglês Jamie Oliver provou, com seu programa na BBC "The Naked Chef", que um homem comum também pode se divertir na cozinha e ter boa aparência. Ele conquistou rapidamente a simpatia do público e ganhou enorme influência sobre os hábitos dos britânicos. Em 2005, iniciou uma campanha contra a "fast food" nas escolas, revolucionando a política alimentar do Reino Unido.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Hamilton
Pioneira à francesa
A americana Julia Child (1912-2004) descobriu a culinária relativamente tarde. Nos anos 50, seu marido foi trabalhar para o Departamento de Estado dos EUA na França. Ela aprendeu a amar a comida do país. Depois de frequentar a famosa escola Cordon Bleu em Paris, passou a apresentar a cozinha francesa aos americanos em seu programa de TV "The French Chef".
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Chase
Primeiro chef da TV alemã
Clemens Wilmenrod (1906-1967) é outro pioneiro. O ator formado foi o primeiro a apresentar suas excêntricas receitas na TV da Alemanha, a partir de 1953. Em sua cozinha não havia regulamentos: "Isso é coisa para a caserna", dizia. Ele é tido como o inventor da "torrada Havaí": pão de forma, queijo, presunto e uma fatia de abacaxi – gratinado no forno e decorado com uma cereja ao marasquino.
Foto: picture-alliance/dpa
Cozinheira nº 1 do mundo
No clube masculino que é o mundo das artes culinárias, Hélène Darroze se destaca duplamente. Com um restaurante em Paris e outro em Londres, ela ostenta estrelas do Guia Michelin. Em 2015, a "Restaurant Magazine" a elegeu como melhor cozinheira do mundo. A francesa leva adiante uma tradição familiar, pois seus bisavós já atuavam na gastronomia.
Delícias no Polo Norte
Em vez de competir nos redutos metropolitanos da alta culinária, o sueco Magnus Nilsson atrai os gourmets a um dos locais mais isolados do mundo. Num velho celeiro reformado, nas proximidades do Círculo Polar Ártico, ele oferece iguarias da "new nordic cuisine". Seu lema: quem se limita é mais criativo. Com 31 anos, é um dos mais jovens gastrônomos na lista "The World's 50 Best Restaurants".
Foto: picture-alliance/AP Photo/Netflix
Artista do fogo
O mestre-cuca argentino Francis Mallmann se destaca como autodidata intuitivo, com um gosto por jogar para o alto todo tipo de convenção. Em vez de uma cozinha, seu local de trabalho preferido é uma fogueira ao ar livre. Há décadas ele viaja pelo mundo criando delícias – de preferência ligeiramente carbonizadas, para acentuar o aroma. Sua filosofia: onde se pode fazer fogo, pode-se cozinhar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Netflix
Magia da fermentação
Mais de dez anos atrás, o americano de origem coreana David Chang abriu o Momofuku Noodle Bar, no bairro de East Village, proporcionando a moradores de Nova York a descoberta do kimchi e outras variantes de legumes fermentados. Em seu Momofuku Culinary Lab, cientistas alimentares experimentam com os novos sabores obtidos através da fermentação.
Foto: Gabriele Stabile
Salvador do queijo parmesão
A Osteria Francescana, do italiano Massimo Bottura, ocupa o segundo lugar entre os "World's 50 Best Restaurants". Em maio de 2012, mais de 300 mil peças de parmesão se partiram quando um terremoto abalou sua região natal, a Emilia-Romagna. Bottura foi a público cozinhar receitas utilizando o famoso queijo. Milhares de italianos o imitaram. E no fim a montanha de parmesão havia sido vendida.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Chiba
Cozinhar por um sorriso
A história de Vikas Khanna é simples de resumir: de lavador de pratos a chef celebrado em Nova York. Por todo o mundo, cozinheiro natural de Amritsar, Índia, é considerado o embaixador da cozinha indiana. Ele também se engaja em projetos sociais: com a campanha "Cook for a Smile", Khanna procura combater a subnutrição das crianças indianas.
Foto: Getty Images/AFP/N. Nanu
Rei dos aromas
A cozinha de Reuben Riffel é honesta, direta e repleta de aromas. Representando como ninguém uma África do Sul cosmopolita, ele mistura influências de sua infância e inspirações de outros cozinheiros sul-africanos e internacionais. Ele é autor de livros de culinária, tem um programa na TV e atua como embaixador da iniciativa "Hope through action".
Foto: Getty Images/AFP/S. de Sakutin
A versátil
A austríaca Sarah Wiener conseguiu se tornar onipresente na cena culinária europeia. Ela faz palestras sobre alimentação saudável; dirige restaurantes e firmas de catering; na televisão, viaja pelas mais diversas regiões à procura de aventuras culinárias. Sua especialidade é a boa comida caseira. A fundação que leva seu nome se engaja "por crianças saudáveis e comer direito".