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Paulo Maiurino será o novo diretor-geral da Polícia Federal

7 de abril de 2021

Troca foi confirmada pelo novo ministro da Justiça, Anderson Torres, poucas horas após a sua posse. Em 2020, mudança no comando do órgão provocou crise no governo.

Brazão da Polícia Federal
Maiurino será o terceiro chefe da Polícia Federal durante o governo BolsonaroFoto: picture-alliance/dpa/M. Brandt

O novo ministro da Justiça, Anderson Torres, empossado na manhã desta terça-feira (06/04), anunciou que nomeará o delegado Paulo Maiurino para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal (PF).

Maiurino será o terceiro diretor-geral da PF do governo Jair Bolsonaro. Ele substituirá Rolando de Souza, que havia assumido o cargo em maio de 2020. A confirmação da troca do comando da PF foi feita por Torres em seu perfil no Twitter.

"Agradeço ao Dr. Rolando Souza pelo período em que esteve à frente da Direção-Geral da @policiafederal. Iniciamos hoje o processo de transição do cargo para o Dr. Paulo Maiurino, a quem desejo felicidades nessa importante função no @JusticaGovBR", escreveu o ministro.

Delegado da PF desde 1998, Maiurino atuava como assessor especial de Segurança Institucional do Conselho da Justiça Federal. Até setembro do ano passado, ele era secretário de segurança do Supremo Tribunal Federal. Antes, comandou a secretaria estadual de Esporte, Lazer e Juventude do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, e integrou o Conselho de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro.

Torres também anunciou que nomeará Silvinei Vasques para o cargo de diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, em substituição a Eduardo Aggio.

Alinhamento com o presidente

O novo ministro da Justiça é próximo de Bolsonaro e, antes de assumir a pasta, era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Nesta terça, ao tomar posse, Torres demonstrou alinhamento ao presidente ao afirmar que a "força de segurança pública tem que se fazer presente" durante a pandemia, "garantindo a todos um ir e vir sereno e pacífico".

Bolsonaro tem ameaçado usar forças de segurança para se contrapor a decisões de governadores e prefeitos que restringem a circulação de pessoas para conter a circulação do coronavírus.

Esse teria sido um dos motivos da demissão do então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e do comandante do Exército, Edson Pujol, no final de março, que se recusaram a mobilizar as Forças Amadas com esse objetivo, segundo apuração de veículos de imprensa.

 

Em 2020, troca provocou crise

A Polícia Federal está subordinada ao Ministério da Justiça e ao Palácio do Planalto, mas tem autonomia investigativa. Ou seja, o governo em tese não pode dizer quais casos devem ser apurados e quais, não.

Supostas tentativas de interferência política na PF provocaram uma crise no governo em abril de 2020, quando o então ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu demissão e acusou o presidente de tentar usar o órgão para ter acesso a informações de inquéritos. Pouco antes da decisão de Moro, o presidente havia demitido o então diretor-geral da PF, Mauricio Valeixo.

Após a queda de Valeixo e a saída de Moro, Bolsonaro nomeou para a diretoria-geral da PF Alexandre Ramagem, que havia sido seu segurança pessoal. A nomeação, porém, foi barrada liminarmente pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a pedido do PDT, que afirmou que a nomeação havia sido feita com desvio de finalidade. O caso ainda não teve seu mérito julgado.

Em seguida, Bolsonaro nomeou para o cargo Rolando de Souza, e colocou Ramagem na direção-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cargo que ocupa até hoje.

Entorno do presidente no alvo da PF

A Polícia Federal abriu em março um inquérito para apurar possível tráfico de influência de Jair Renan, filho do presidente, a pedido da Procuradoria da República no Distrito Federal.

Segundo representações feitas pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP) e pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE), a partir de reportagens publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo e pela revista Veja, Jair Renan teria usado uma empresa em seu nome, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, para intermediar contatos de empresários com o governo federal.

A PF também atua ou atuou em investigações sobre outras pessoas próximas a Bolsonaro, como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, investigado sobre a gestão da pandemia, seu ex-assessor Fabrício Queiroz, por conta de transações financeira suspeitas, e o deputado federal Hélio Negrão (PSL-RJ), em um caso de supostos crimes previdenciários.

A PF também atua na investigação de atos antidemocráticos, no inquérito das fake news aberto pelo Supremo, que mira diversos apoiadores do presidente.

bl (ots)