Presidente mexicano condena decisão dos Estados Unidos de construir um muro na fronteira entre os dois países e exige respeito, mas mantém visita programada a Washington, onde vai se encontrar com Trump.
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Presidente do México diz que país "não pagará por muro"
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Numa breve mensagem televisiva nesta quarta-feira (25/01), o presidente do México, Enrique Peña Nieto, reagiu à decisão dos Estados Unidos de construir um muro na fronteira entre os dois países e à intenção do presidente Donald Trump de forçar o vizinho do sul a pagar a conta.
"Lamento e condeno a decisão dos Estados Unidos de continuar com a construção de um muro que por anos nos dividiu em vez de nos unir", disse Peña Nieto. "O México não acredita em muros. Repito o que disse outras vezes: o México não pagará por nenhum muro."
No comunicado de cerca de três minutos, Peña Nieto assegurou também que as autoridades mexicanas defenderão os migrantes "com toda a força da lei" e ordenou que os 50 consulados do México nos EUA se tornem "defensores autênticos dos direitos dos migrantes". Ele acrescentou que o país fornecerá aconselhamento jurídico para assegurar a proteção dos cidadãos mexicanos.
"Nossas comunidades não estão sozinhas, o governo do México vai proporcioná-las aconselhamento jurídico que lhes garantam a proteção necessária. Apelo aos legisladores e organizações da sociedade civil que unam esforços para apoiá-las", disse.
"O México oferece e exige respeito"
Ele ressaltou que as ordens executivas assinadas por Trump relativas ao México "ocorrem num momento em que nosso país está iniciando conversas para negociar as novas regras de cooperação, comércio, investimento, segurança e imigração na região da América do Norte".
Peña Nieto disse que, com base no relatório final das autoridades mexicanas que se encontram em Washington, "e em consulta com representantes do Senado e da Conferência Nacional de Governadores", tomará decisões sobre os próximos passos.
"O México oferece e exige respeito, como nação plenamente soberana que somos. O México reafirma sua amizade com o povo dos Estados Unidos e sua vontade de chegar a um acordo com seu governo. Acordos que sejam em favor do México e dos mexicanos", disse.
Peña Nieto não comentou os diversos pedidos para que cancele sua visita a Washington, onde será recebido por Trump, programada para a próxima terça-feira. Mais tarde, no entanto, o ministro mexicano das Relações Exteriores, Luis Videgaray, confirmou que a reunião entre os dois líderes na Casa Branca será realizada conforme planejado.
PV/efe/afp/rtr
Fronteira entre EUA e México: sai metal, entra concreto
Uma das promessas mais polêmicas da campanha de Donald Trump foi construir um muro na fronteira sul dos EUA. Ali, já há uma cerca em alguns pontos, que pode ser substituída por concreto.
Foto: Reuters/J. L. Gonzalez
Trump é familiarizado com construções
"Vou construir um grande muro na nossa fronteira sul – e ninguém constrói muros melhor do que eu, e vou fazer com que o México pague por esse muro." Isso é o que o presidente americano, Donald Trump, disse na campanha eleitoral. Até agora, ele construiu sobretudo arranha-céus e hotéis. O muro está no topo de um plano de 10 pontos sobre política de imigração.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Torres
Final no nada
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3.200 quilômetros – dos quais, cerca de 1.100 quilômetros são protegidos por uma cerca. A fronteira passa por quatro estados americanos e seis mexicanos, por desertos e cidades grandes. Devido à dificuldade de acesso, uma pequena parte da fronteira no Novo México é aberta. Outras áreas são patrulhadas por policiais.
Foto: Reuters/M. Blake
Colosso de metal
O número de imigrantes ilegais que entram no país por ano é estimado em 350 mil, uma grande parte vem do México. Alguns mexicanos irregulares são tolerados no país, mas a família mexicana do outro lado não recebe um visto. Os imigrantes desejam uma vida melhor, emprego e mais dinheiro para as suas famílias.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Zepeda
Apenas um pequeno toque
As famílias permanecem separadas pela cerca. Um abraço é impossível. No máximo, as pessoas conseguem esticar as mãos entre as vigas de aço. Se Donald Trump tornar realidade sua promessa eleitoral, como anunciou, logo o concreto vai substituir o aço, impossibilitando qualquer toque.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/J. West
Preconceitos
"Quando o México nos manda seus cidadãos, não manda os melhores", disse Trump durante a campanha eleitoral. "Eles enviam pessoas que têm muitos problemas. Eles trazem drogas, crime, estupradores. Alguns, suponho, são boas pessoas." Trump quer deportar imigrantes ilegais, pelo menos, os criminosos. Apesar das ameaças, muitos mexicanos continuam querendo emigrar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Bull
Mortes na fuga
Para alguns mexicanos, o sonho termina na fronteira. Eles acabam na prisão. Outros pagam por cruzar ilegalmente a fronteira com a própria vida. Há notícias de que as forças de segurança atiram em migrantes. Seis cidadãos mexicanos inocentes já foram mortos, sem que tenha havido condenação dos responsáveis. Apenas em 2015 um membro da patrulha da fronteira dos EUA foi indiciado.
Foto: Reuters/D.A. Garcia
Armado contra intrusos
Jim Chilton, um fazendeiro americano, vigia sua propriedade. Sua fazenda, de 200 mil metros quadrados, está localizada no sudeste do Arizona e é adjacente ao México. Há apenas uma cerca de arame farpado separando-a do país vizinho. Chilton costuma usar sua arma para defender o terreno.
Foto: Getty Images/AFP/F.J. Brown
Final curioso
"Tortilla Wall". Este é o nome popular e bastante depreciativo de uma parte da fronteira de 22,5 quilômetros de comprimento entre a Otay Mesa Border Crossing, em San Diego (Califórnia), e o Oceano Pacífico.