Pedidos de pizza perto do Pentágono podem prever conflitos?
18 de junho de 2025
Essa é a teoria por trás do "índice pizza", que disparou na noite em que Israel se preparava para atacar o Irã e em outros momentos de grande tensão geopolítica.
Os pedidos de pizza perto do Pentágono aumentaram uma hora antes dos atentados a Teerã, revelando padrões de consumo associados a crises internacionaisFoto: Jen Golbeck/SOPA Images/Sipa USA/picture alliance
Anúncio
Nas horas que antecederam os primeiros ataques aéreos de Israel contra o Irã, em 13 de junho, havia sinais sutis de que uma operação militar era iminente. Um pico nos pedidos de pizza nos arredores do Pentágono pode ter sido um deles.
A análise é do Pentagon Pizza Report (Relatório sobre Pizza no Pentágono, em tradução livre do inglês), uma conta que viralizou na plataforma X ao se dedicar à análise de dados do Google sobre a demanda por pizza na região do quartel-general da Defesa americana, no estado da Virgínia.
O perfil é definido como um "monitoramento de código aberto da atividade de pizzarias no Pentágono (e em outros lugares)", e cunhou o que chama de "índice pizza". O indicador parte da premissa de que, com um evento de grande impacto geopolítico à vista, oficiais precisam esticar o expediente para acompanhar seus desdobramentos, aumentando a demanda por comida de delivery, especialmente pizza.
Às 18h59 do dia 12 de junho (horário do leste dos EUA), momentos antes do início da ofensiva israelense, "quase todas as pizzarias próximas ao Pentágono experimentaram um ENORME aumento na atividade", segundo publicação na conta.
Às 23h55 (horário em que a maioria dos restaurantes já havia fechado), um restaurante para viagem que fica aberto até meia-noite apresentou outro pico súbito de atividade, ficando "mais movimentado do que o normal".
Sem limitar sua análise à pizza, a conta observou que um bar gay perto do Pentágono tinha "tráfego estranhamente baixo para uma quinta-feira à noite" e afirmou que isso provavelmente indicava "uma noite movimentada no Pentágono".
Padrões de consumo durante crises geopolíticas
Além dos funcionários do Pentágono, o "Pentagon Pizza Report" constata que funcionários do Departamento de Estado e da Casa Branca permanecem no escritório até tarde da noite sempre que ocorre um grande evento envolvendo os Estados Unidos no cenário internacional. Isso leva a um aumento nos pedidos de comida para viagem em Washington e arredores.
Há picos do "índice pizza" também no Departamento de Estado e na Casa Branca; na foto, entregador de pizza no Capitólio, em outubro de 2023Foto: Alex Brandon/AP Photo/picture alliance
Embora longe de ser científico, o "índice pizza" não é algo "inventado pela internet", observou no início do ano o site especializado em gastronomia The Takeout.
De acordo com o veículo, as pizzarias próximas ao Pentágono também ficaram muito mais movimentadas do que o normal durante o ataque com mísseis de Israel ao Irã em 2024, já que há "uma infinidade de restaurantes de fast-food no complexo do Pentágono, mas nenhuma pizzaria".
As entregas de pizza ao Pentágono teriam dobrado pouco antes da invasão americana ao Panamá, em dezembro de 1989, e aumentado novamente antes da Operação Tempestade no Deserto, contra o Iraque, em 1991.
O governo americano nega que tenha participado dos ataques até o momento, mas admitiu que estava por dentro das intenções de Israel. O presidente Donald Trump disse ao Wall Street Journal que estava plenamente ciente da campanha de bombardeios, que Israel considera necessária para pôr fim ao programa nuclear iraniano: "Sabemos o que está acontecendo."
Anúncio
Sinais de alerta antes do conflito
Para o restante dos americanos, o fluxo de pizzas de pepperoni não era o único indício de que algo estava prestes a acontecer.
Washington já havia anunciado que estava transferindo alguns diplomatas e suas famílias para fora do Oriente Médio na quarta-feira.
E cerca de uma hora antes de Israel liberar seu poder de fogo contra o Irã, o embaixador dos EUA em Jerusalém, Mike Huckabee, publicou uma mensagem bastante reveladora no X: "Em nossa embaixada em Jerusalém, monitorando de perto a situação. Ficaremos aqui a noite toda. 'Rezem pela paz de Jerusalém!'"
sf/ra (AFP, DW, ots)
O mês de junho em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
Milhares protestam na Argentina contra prisão de Cristina Kirchner
Apoiadores da ex-presidente da Argentina saíram às ruas em defesa da líder peronista, que começou a cumprir seis anos de prisão domiciliar por corrupção. Os manifestantes se concentraram em frente à casa do governo argentino e se espalharam pelas ruas vizinhas. Em discurso, Kirchner prometeu "voltar com sabedoria", apesar de não poder mais se candidatar a cargos públicos. (18/06).
Foto: Gustavo Garello/AP Photo/picture alliance
PF indicia Carlos Bolsonaro e Ramagem por "Abin paralela"
A PF concluiu a investigação sobre esquema de espionagem ilegal de celulares na Abin e indiciou mais de 30 pessoas, incluindo o ex-diretor da agência Alexandre Ramagem e o vereador Carlos Bolsonaro. A investigação mira servidores e políticos que teriam monitorado telefones e computadores de desafetos de Jair Bolsonaro durante seu governo. Ele é acusado de se beneficiar do esquema (17/06)
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Agência para refugiados da ONU demitirá 3,5 mil funcionários
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) anunciou que cortará 3,5 mil empregos – quase um terço de seus custos com a força de trabalho – devido à escassez de recursos, e reduzirá a escala de sua ajuda em todo o mundo após uma queda no financiamento à ajuda humanitária, principalmente dos recursos vindos dos EUA sob Donald Trump. (16/06)
Foto: Florian Gaertner/IMAGO
Milhares protestam nos EUA contra Trump
Uma multidão tomou as ruas de 2 mil cidades americanas em oposição à gestão de Donald Trump, acusado de autoritário pelos manifestantes. O envio de forças federais para reprimir protestos em Los Angeles na última semana e a convocação de um desfile militar que acontece neste sábado em Washington também pautaram as críticas nos atos apelidados de "No Kings" (Sem Reis). (14/04)
Foto: Yuki Iwamura/AP/dpa/picture alliance
Israel e Irã trocam agressões em escalada militar
Israel lançou um ataque contra instalações nucleares do Irã, matando 78 pessoas, incluindo três dos chefes militares do país e dezenas de civis. A ofensiva desencadeou uma troca de agressões sem precendentes entre os países. Em retaliação, a República Islâmica disparou dezenas de mísseis contra Tel Aviv e Jerusalém, furando o Domo de Ferro israelense e ferindo 34 pessoas. (13/06)
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
Queda de avião na Índia deixa mais de 200 mortos
Um avião da Air India com 242 pessoas a bordo caiu em uma área residencial logo após decolar perto do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia. Apenas um dos passageiros a bordo sobreviveu. A polícia indiana contabiliza ainda outras 24 vítimas que estavam no solo e morreram no momento do acidente. A causa do acidente está sendo investigada (12/06)
Foto: Ajit Solanki/AP Photo/picture alliance
Ajuda humanitária em Gaza na mira de militares israelenses
Pelo menos 21 palestinos morreram enquanto se dirigiam a locais de distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Entidades denunciam, além da violência, quantidade insuficiente de alimentos, após meses de bloqueio à entrada de itens básicos por Israel. O exército israelense alegou que disparou "tiros de advertência". O número de palestinos mortos em 20 meses de guerra já supera 55 mil. (11/06)
Foto: Saeed Jaras/Middle East Images/AFP/Getty Images
Réu no STF, Bolsonaro é interrogado em processo da trama golpista
Ao longo de dois dias, ex-presidente e outros sete ex-auxiliares acusados de integrar "núcleo crucial" da trama golpista depuseram na Primeira Turma. Político negou ter discutido planos de golpe após perder a eleição e disse que só debateu medidas constitucionais com militares, mas que não editou "minuta do golpe". (10/06)
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Israel detém barco que levava Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila
A Marinha de Israel interceptou um barco que tentava levar ajuda humanitária a Gaza. O veleiro Madleen, da iniciativa internacional Flotilha da Liberdade, levava 12 ativistas a bordo. Eles foram escoltados até um porto e, segundo o governo israelense, serão deportados. (09/06)
Trump chama militares para reprimir protestos na Califórnia contra prisão de imigrantes
O presidente americano Donald Trump enviou militares da Guarda Nacional a Los Angeles para conter protestos que eclodiram na esteira de uma série de operações de detenção de supostos migrantes irregulares. A medida não tem apoio do governo do estado da Califórnia, que acusou Trump de tentar provocar uma crise. (08/06)
Foto: Frederic J. Brown/AFP
Rússia amplia ataques contra 2ª maior cidade da Ucrânia
A Rússia executou diversos ataques no centro de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, deixando cinco civis mortos e mais de 61 feridos, incluindo um bebê e uma adolescente de 14 anos. Bombas planadoras, um míssil e 53 drones atingiram prédios residenciais. O prefeito do município classificou a ação como o ataque mais severo desde o início da guerra. (07/06)
Foto: Sofiia Gatilova/REUTERS
Marcelo livre
Um juiz americano determinou a libertação do estudante brasileiro Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, que chegou aos Estados Unidos com cinco anos de idade e foi detido pelo Serviço de Imigração (ICE) a caminho de um treino de vôlei. Ele ficou preso por cinco dias, durante os quais dormiu em chão de concreto, sem acesso a chuveiro, acompanhado de homens com o dobro da sua idade. (06/06)
Foto: Rodrique Ngowi/AP
Musk e Trump trocam insultos e rompem relações
Bilionário que atuou como conselheiro da Casa Branca criticou projeto de lei de Orçamento de Trump que prevê cortes de impostos e aumento de gastos batizado pelo presidente como "Big Beautiful Bill". Musk chegou a endossar impeachment de Trump e associou presidente ao pedófilo Jeffrey Epstein. Trump reagiu dizendo que Musk "enlouqueceu" e ameaçou cortar contratos da SpaceX com governo. (05/06)
Foto: Nathan Howard/REUTERS
Moraes ordena prisão de Carla Zambelli após deputada deixar o país
O ministro do STF acatou pedido da PGR de prisão preventiva contra a deputada federal e determinou a inclusão dela na lista de procurados da Interpol. Moraes determinou bloqueio de salários, bens, contas bancárias e perfis em redes sociais. Parlamentar deixou o país após ser condenada a 10 anos de prisão e à perda de mandato por envolvimento na invasão do CNJ. (04/06)
Foto: Adriano Machado/REUTERS
Governo da Holanda desmorona após saída de ultradireitista
Alegando insatisfação com a política migratória, Gert Wilders – também conhecido como "Trump holandês" – e seu partido deixaram coalizão de governo, levando primeiro-ministro Dick Schoof (foto) à renúncia após menos de um ano de mandato. Sem maioria no parlamento, Schoof permanecerá interinamente no cargo até a realização de novas eleições e formação de um novo gabinete. (03/06)
Foto: Peter Dejong/AP/picture alliance
Conservador Karol Nawrocki vence eleição presidencial na Polônia
Resultado é derrota para o governo do primeiro-ministro Donald Tusk e deve dificultar andamento de políticas pró-União Europeia. Apoiado pelo partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS), Nawrocki poderá vetar leis e desgastar o governo com bloqueios no Parlamento. Aliança frágil de Tusk pode não resistir até 2027. (02/06)
Foto: Czarek Sokolowski/AP/dpa/picture alliance
Ucrânia destrói aviões de guerra da Rússia em ataque massivo de drones
Na véspera de uma nova rodada de negociações de paz, Ucrânia e Rússia intensificaram sua ofensiva militar e protagonizaram ataques sem precedentes. Enquanto, Kiev destruiu 41 aviões militares na Sibéria, ofensiva de maior alcance no território russo em três anos de guerra, Moscou lançou número recorde de drones contra território ucraniano. (1º/06)