Pedidos de refúgio de venezuelanos no Brasil quadruplicam
20 de junho de 2017
Crise econômica e política no país vizinho fez com que muitos buscassem refúgio em solo brasileiro nos últimos dois anos. Somente em 2017, já foram 3.971 novos requerimentos. A maioria atravessa a fronteira em Roraima.
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Dados divulgados pelo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, celebrado nesta terça-feira (20/06), revelam que a quantidade de pedidos de refúgio no Brasil cresceu 23,6% de 2015 para 2016, impulsionada sobretudo pela crise na Venezuela.
Estatísticas do Ministério da Justiça apontam que nos últimos dois anos os pedidos de refúgio de venezuelanos no Brasil mais que quadruplicaram em dois anos. Em 2015 foram 829 pedidos e este ano, até o mês de maio, foram registrados 3.971 novos requerimentos.
A maioria dos venezuelanos chega ao Brasil através do estado de Roraima. Desde o agravamento da crise política e econômica no país vizinho, em torno de 30 mil venezuelanos atravessaram a fronteira, segundo o governo roraimense.
Indígenas venezuelanos migram para o Brasil
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Entre outubro de 2016 e junho deste ano, 3.039 pessoas foram recebidas nos centros de atendimento ao migrante em Boa Vista, Paracaima e unidades móveis em outras regiões do estado.
Alerta internacional
Nesta segunda-feira, o Acnur também divulgou que, em todo o mundo, o número de pessoas forçadas a abandonar suas casas devido a guerras, violência ou perseguição chegou a 65,6 milhões em 2016, incluindo deslocados internos e refugiados. Esse total equivale à população de um país como o Reino Unido e é um pouco superior ao do ano anterior, de 65,3 milhões.
O Brasil oferece proteção a cidadãos que sejam alvo de perseguições em seus países de origem por motivos, religiosos, raciais, de nacionalidade, grupo social ou posicionamento político, ou que estejam sujeitos a violações graves dos direitos humanos.
Segundo o Acnur, o total dos pedidos de refúgio no Brasil passou de 28.670 em 2015 para 35.464 em 2016. O número de refugiados no país aumentou 9,3% no mesmo período.
RC/lusa/abr
A crise na fronteira com a Venezuela em imagens
Venezuelanos enfrentam situação de emergência em Roraima. Para escapar da fome e da pobreza, eles vivem na informalidade e de maneira precária no lado brasileiro.
Foto: DW/K. Andrade
Fronteira seca
Venezuelano cruza a fronteira sem passar pelo posto de fiscalização da Polícia Federal, em Pacaraima, no estado de Roraima. A região é de fronteira seca, ou seja, não há um rio que divide os dois países.
Foto: DW/K. Andrade
Abrigo para os índios
Indígenas venezuelanos da etnia Warao se abrigam no espaço da Feira do Passarão, em Boa Vista. Parte deles passa o dia vendendo artesanato e pedindo esmolas nas ruas.
Foto: DW/K. Andrade
Casa de imigrantes
A venezuelana Johandra Adabalo, de 23 anos, migrou de Ciudad Guayana para Boa Vista em setembro. Ela divide a casa onde vive com outros venezuelanos.
Foto: DW/K. Andrade
Trabalho informal
Jovem venezuelano tenta abordar motoristas na avenida Venezuela, em Boa Vista. Parte dos venezuelanos que chega a Boa Vista e não consegue trabalho formal passa os dias nos semáforos da capital, vendendo pão caseiro, morangos, garrafas d'água ou limpando vidros.
Foto: DW/K. Andrade
Trabalho pesado
Em Pacaraima, venezuelanos trabalham descarregando caminhão com alimentos que abastecem as lojas da cidade. Os caminhões vêm de Boa Vista, e os mantimentos são vendidos principalmente para comerciantes e famílias venezuelanas.
Foto: DW/K. Andrade
Bolívares venezuelanos
O comerciante brasileiro Ivanilton Barros de Santana (de boné), de 40 anos, usa máquina para contar o dinheiro venezuelano em sua loja, na cidade de Pacaraima.
Foto: DW/K. Andrade
Sem abrigo
Índia venezuelana da etnia Warao cozinha em terreno baldio, no centro de Pacaraima. Pelo menos 60 indígenas dormem nos arredores do terreno, ao lado da rodoviária, enquanto outras dezenas estão instaladas em outros pontos da cidade.
Foto: DW/K. Andrade
Cruzando a fronteira
Em meio à crise de desabastecimento na Venezuela, carreta com mantimentos prepara-se para cruzar o posto de fiscalização da Polícia Federal, na fronteira que divide Pacaraima e Santa Elena de Uairén.
Foto: DW/K. Andrade
Prostituição em Boa Vista
Prostituta venezuelana aguarda cliente no bairro do Caimbé, em Boa Vista. Muitas das prostitutas têm ensino superior, tinham outras profissões no país vizinho e, agora, trabalham nas ruas para conseguir comprar comida.
Foto: DW/K. Andrade
Abandono
Venezuelanos dormem na varanda de uma casa abandonada, no centro da cidade de Pacaraima. O governo de Roraima estima que 30 mil cidadãos do país vizinho tenham entrado e permanecido no estado desde 2015.