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CriminalidadeAlemanha

Pedras em memória a vítimas do nazismo somem em cidade alemã

9 de outubro de 2024

Todas as dez plaquetas de latão que lembravam antigos moradores de Zeitz deportados no Holocausto foram arrancadas das calçadas da cidade. Incidente ocorreu na ocasião do aniversário do ataque de 7/10 contra Israel.

Stolpersteine em calçamento
Encravadas no calçamento presas a cubos de concreto, placas levam os nomes das vítimas e o que se sabe sobre seus destinosFoto: Andrea Grunau/DW

Todas as pedras adornadas com plaquetas lembrando moradores da cidade de Zeitz, no Leste da Alemanha, que foram vítimas do Holocausto foram arrancadas das calçadas do município, afirmaram autoridades locais nesta segunda-feira (08/10).

As "pedras de tropeço", chamadas de stolpersteine em alemão, podem ser encontradas em toda a Alemanha e em outros lugares da Europa e até fora do continente. Elas são pequenas placas de latão, geralmente de 10 por 10 centímetros, fixadas sobre paralelepípedos de concreto e são colocadas na calçada em frente da última moradia de vítimas do regime nazista.

Nessas placas estão inscritas os nomes das vítimas, assim como o que se sabe sobre seus destinos.

Em Zeitz, as autoridades locais notaram na segunda-feira (07/10) que todas as 10 "pedras de tropeço" da cidade estavam faltando. Aquele dia também marcou o primeiro aniversário da ofensiva terrorista de 7 de outubro contra Israel.

Uma queixa criminal foi registrada na polícia, que está investigando o crime, assim como possíveis motivações políticas extremistas.

De acordo com a polícia, acredita-se que as "pedras de tropeço" tenham sido roubadas durante a madrugada de domingo para segunda-feira, embora a última vez que as pedras foram vistas em seu lugar, encravadas no calçamento, tenha sido na sexta-feira.

Zeitz é uma cidade com pouco mais de 30 mil habitantes.

O ato é "imperdoável e jamais desculpável", escreveu Götz Ulrich, administrador do distrito de Burgenland, que inclui Zeitz. "Qualquer pessoa que faça isso também quer tirar o Holocausto de nossa cultura de memória".

Artista promete substituir plaquetas

Gunter Demnig, o artista alemão que iniciou o esforço para colocar "pedras de tropeço" em todo o país e que instalou pessoalmente muitas das placas disse que já houve incidentes de roubo em outros locais.

Até o momento, cerca de 112 mil stolpersteine foram colocadas em 32 países desde 1996. De acordo com Demnig, cerca de 900 foram roubadas.

Ele apontou dois incidentes que ocorreram por volta do aniversário dos Pogroms de Novembro, também conhecidos como "Noite dos Cristais", quando judeus alemães foram executados pelos nazistas, em 1938.

Em 2012, todas as "pedras de tropeço" na cidade de Greifswald foram roubadas e, há sete anos, pelo menos 16 desapareeram do bairro de Neukölln, em Berlim.

Demnig disse que vê uma clara conexão entre o aniversário do 7 de Outubro e o roubo em Zeitz.

Mas ele prometeu substituir as pedras que faltam o mais rápido possível.

A iniciativa Stolpersteine for Zeitz, um grupo de moradores locais formado em 2006 com objetivo de colocar as pedras na cidade, convocou uma caminhada na próxima semana para todos os dez locais de onde os pequenos memoriais foram arrancados.

Nas últimas décadas, o projeto das "pedras de tropeço" se tornou o maior memorial descentralizado do mundo, e envolve voluntários, estudantes e familiares de vítimas do Holocausto.

As pedras homenageiam as vítimas do regime de Hitler, tanto os assassinados em Auschwitz e outros campos, como também os sobreviventes e os que escaparam.

md (DPA, ots)

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