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Pegida chama "imprensa da mentira" para entrevista coletiva

19 de janeiro de 2015

Após se recusar a falar com representantes da mídia, movimento "anti-islamização" surpreende com entrevista e participação em programa de debates. Fundadores dizem que não mudaram de opinião, mas querem "novo diálogo".

Lutz Bachmann e Kathrin Oertel falaram para mais de 80 jornalistas em DresdenFoto: AFP/Getty Images/R. Michael

O movimento Pegida (sigla em alemão para "Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente"), cujos simpatizantes evitam falar com jornalistas alemães e se referem a ela como "imprensa da mentira", causou surpresa ao convocar sua primeira entrevista coletiva, nesta segunda-feira (19/01).

A entrevista ocorreu em Dresden, cidade do Leste da Alemanha onde o movimento surgiu, e foi concedida por dois dos fundadores do Pegida, Lutz Bachmann e Kathrin Oertel. Compareceram mais de 80 jornalistas, da Alemanha e também do exterior.

Questionada sobre uma possível incoerência, Oertel afirmou que a coletiva não implica uma "mudança de opinião". Ela disse que a imprensa alemã difamou o Pegida desde o começo, mas ainda assim o movimento procura o diálogo.

"Não vamos agora dar uma de teimosos e esperamos que haja um relacionamento mútuo de outro tipo", declarou. "Essa coletiva de imprensa deve ser um começo para outro diálogo."

Os dois representantes do Pegida disseram que as manifestações vão continuar, apesar da proibição de atos públicos em Dresden nesta segunda-feira. "Não vamos permitir que tirem de nós os direitos de opinião e reunião", afirmou Oertel.

Diante da proibição e da ameaça de um atentado, o movimento optou por cancelar a manifestação desta segunda em Dresden: "Mas isso não significa que vamos nos deixar calar." A marcha da próxima semana está confirmada.

Oertel reiterou que o Pegida é um movimento social e não político: "Não somos políticos. Nós apenas damos o estímulo. O resto os políticos devem fazer." Bachmann leu as seis exigências do movimento, já anteriormente divulgadas, incluindo uma lei de imigração nos moldes da canadense ou da suíça, e a deportação de radicais islâmicos. Ele disse que o Pegida não quer se manifestar "para sempre" e que é hora de os políticos "fazerem seu trabalho".

"Há, sem dúvida, pessoas xenófobas que se unem a nós", afirmou Bachmann. "Mas eles são uma minoria ínfima e ao há motivos para alguém na cidade ter medo." Depois da morte violenta de um jovem africano, refugiados declararam estar com medo de sair às ruas nas noites de segunda-feira, quando acontecem as manifestações do Pegida.

A coletiva de imprensa durou cerca de meia hora, e Bachmann deixou o local escoltado por seguranças. Ele está sob proteção policial depois de serviços de inteligência alemãs terem dito que ele seria o alvo de um atentado que estaria sendo planejado por radicais islâmicos.

Programa de debates

No domingo, Oertel participou de um dos programas de debates mais famosos da Alemanha, com o apresentador Günther Jauch, na emissora pública ARD. A participação de Oertel no programa foi a primeira de um organizador do Pegida.

Ela argumentou que a mensagem de seu grupo é mal entendida e que a maioria das pessoas tem uma "falsa impressão" do grupo.

No programa, Oertel rejeitou as acusações de que o Pegida é racista e hostil contra estrangeiros. "Nós realmente não somos uma organização xenófoba", insistiu, acrescentando que, em vez de provocar um sentimento anti-imigrante, o propósito das marchas é "agitar as coisas". "Queremos destacar as deficiências do nosso governo nos últimos anos", disse.

PV/AS/dpa/epd

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