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Crise no Iêmen

30 de maio de 2011

Violência continua no Iêmen, apesar dos apelos internacionais. Presidente do país se recusa a deixar o poder. Até agora, são mais de 200 mortos em quase quatro meses de protestos na mais pobre nação árabe.

Revoltas já duram mesesFoto: dapd

Forças leais ao presidente do Iêmen mataram 20 manifestantes ao reprimirem um protesto na cidade de Taez , afirmaram manifestantes nesta segunda-feira (30/05). Agentes de segurança, apoiados pelo exército e tropas da Guarda Republicana, tomaram de assalto na noite de domingo um acampamento de ativistas que ocupavam a Praça da Liberdade, no centro da segunda maior cidade do Iêmen, em protesto contra o presidente do país, Ali Abdullah Saleh. Segundo testemunhas, os soldados atiraram contra as pessoas e incendiaram as barracas dos manifestantes.

"Pelo menos 20 manifestantes foram mortos", disse um dos organizadores do protesto. Tropas apoiadas por tanques de guerra invadiram um hospital de campanha e detiveram 37 dos feridos que recebiam tratamento no local, prendendo, ainda, centenas de pessoas. Os tanques passaram a ocupar a praça e atiradores de elite foram dispostos nos telhados de prédios próximos, segundo manifestantes.

"Foi um massacre. A situação é terrível. Eles arrastaram os feridos para centros de detenção", afirmou o ativista Bushra al-Maqtari. Os manifestantes disseram que a praça foi totalmente evacuada, enquanto as forças de segurança invadiram um hotel nas proximidades e prenderam vários jornalistas.

Presidente Saleh se negou a firmar acordo por três vezesFoto: dapd

Oposição diz que presidente enfrentará Justiça

A coalizão de oposição Fórum Comum condenou os "crimes contra a humanidade" cometidos pelas "remanescentes forças militares, de segurança e milícias armadas" de Saleh, alertando o presidente iemenita que ele será "pessoalmente responsabilizado por seus crimes contra o povo" e que não conseguirá fugir à Justiça.

O acampamento de Taez, iniciado há quatro meses, era o protesto de mais longa duração contra o regime de Saleh. Os confrontos ocorreram no domingo à noite próximo a uma delegacia de polícia nos arredores, quando cerca de 3 mil pessoas se uniram para exigir a libertação de um manifestante detido.

A polícia desferiu tiros de aviso e, em seguida, disparou contra a multidão, quando os manifestantes se recusaram a deixar o local, segundo testemunhas

Até agora, mais de 200 mortos

A luta pelo poder no Iêmen já dura quase quatro meses e ganha contornos cada vez mais sangrentos, com o governante do país se negando a deixar o poder, apesar dos protestos e de ter perdido o apoio de muitos de seus antigos aliados.

Em 18 de março, 52 pessoas morreram quando tropas fiéis ao regime tentaram dispersar um protesto contra o governo de Saleh na Praça da Universidade, na capital, Sanaa. O presidente declarou estado de emergência após o massacre.

Mais de 200 manifestantes foram mortos desde a eclosão dos protestos no Iêmen. Além disso, grande número de pessoas morreu em confrontos armados entre as tropas legalistas e membros de tribos dissidentes.

No sul do país, supostos militantes da Al-Qaeda mataram seis soldados iemenitas, de acordo com um oficial do Exército e um oficial de segurança. Agentes de segurança afirmaram que supostos integrantes do Al-Qaeda tomaram o controle da maior parte de Zinjibar, capital da província de Abyan, em três dias de confrontos durante os quais pelo menos 21 pessoas morreram, segundo médicos e fontes militares.

Al-Qaeda como álibi

País caminha para uma guerra civilFoto: dapd

Comandantes dissidentes do exército acusam Saleh de entregar a província para "terroristas". O Fórum Comum acusou Saleh de "entregar Zinjibar para grupos que formou e armou, para continuar a utilizar o fantasma da Al-Qaeda" em favor próprio.

O grupo de opositores havia assinado um acordo, fechado sob o aval dos países ricos vizinhos , segundo o qual Saleh, no poder desde 1978, entregaria o cargo ao vice-presidente dentro de 30 dias, em troca da promessa de imunidade contra possíveis processos. Inicialmente, o presidente concordou com o plano, mas depois começou a impor cada vez mais condições para assinar o documento.

Saleh negou sua assinatura por três vezes seguidas, alegando, entre outras coisas, que "não permitiria que o país se tornasse um refúgio de combatentes da Al-Qaeda". O comportamento do governante levou o Conselho de Cooperação do Golfo, formado por seis nações da região, a suspender seus esforços de mediação.

O Iêmen é um dos países mais pobres e menos desenvolvidos do mundo árabe, com 75% de sua economia dependente do petróleo. Entretanto, a produção petrolífera está recuando desde 2001 e, segundo especialistas, no mais tardar em 10 anos as reservas do país terão se esgotado. Quase a metade dos 23 milhões de iemenitas ganha menos de dois dólares por dia.

MD/afp/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer

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