Pence contrata advogado para lidar com caso Rússia
16 de junho de 2017
Vice-presidente dos EUA recorre a jurista experiente para ajudá-lo a responder a perguntas de procurador especial sobre possível envolvimento de Moscou em eleições americanas. Trump também contratou advogado particular.
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O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, contratou um advogado particular para lidar com questões envolvendo as investigações sobre uma possível colaboração entre a campanha do presidente Donald Trump e a Rússia para interferir nas eleições de 2016.
O jornal americano Washington Post informou nesta quinta-feira (15/06) que Pence contratou Richard Cullen, advogado que foi procurador-federal no distrito leste da Virgínia. Os honorários de Cullen – com experiência em litigar o Caso Irã-Contras, Watergate e a recontagem de votos na Flórida, em 2000 – serão pagos pelo vice-presidente e não com o dinheiro dos contribuintes americanos, assegurou um assessor da Casa Branca.
"Posso confirmar que o vice-presidente contratou Richard Cullen para ajudá-lo a responder às perguntas do procurador especial", disse Jarrod Agen, porta-voz de Pence, ao Washington Post. "O vice-presidente está concentrado inteiramente nas suas tarefas e em promover a agenda do presidente. E espera com interesse a rápida conclusão deste assunto", acrescentou.
A decisão de Pence ocorre menos de um mês depois de Trump ter contratado um advogado particular, Marc Kasowitz, pelo mesmo motivo. Na quinta-feira, o Washington Post informou que o procurador especial para o caso, Robert Mueller, estendeu suas investigações para tentar esclarecer se o presidente tentou obstruir à Justiça.
Mueller foi nomeado procurador especial depois da demissão do ex-diretor do FBI James Comey, que afirmou que Trump, antes de mandá-lo embora, pediu a ele que "deixasse de lado" as investigações sobre os vínculos do ex-assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, com a Rússia.
Antecessor de Comey no FBI, Mueller conta com a confiança de democratas e republicanos, e tem agora a responsabilidade de esclarecer se o presidente tentou obstruir a Justiça na investigação sobre a interferência de hackers russos na eleição presidencial americana.
Ao ser questionado sobre o assunto durante uma audiência no Senado, Comey não quis opinar. O ex-diretor do FBI disse confiar plenamente em Mueller para esclarecer o ocorrido.
O crime de obstrução à Justiça pode levar ao impeachment de Trump, algo que é apoiado pela oposição democrata, mas não pela maioria republicana no Congresso.
PVefe/afp/rtr/dpa
Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
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"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
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"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
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"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
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"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
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"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
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"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
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"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
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"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.