Cerca de 1.600 soldados poderão ser acionados para auxiliar forças de segurança locais, comunicam militares. Protestos pela morte de George Floyd continuam pelo país, e manifestantes desafiam toque de recolher.
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O Pentágono anunciou nesta terça-feira (02/06) ter deslocado cerca de 1.600 soldados para postos militares na área de Washington para apoiar as forças de segurança da capital caso seja necessário, diante dos protestos pela morte de George Floyd, homem negro morto durante ação policial na semana passada.
As tropas ficarão estacionadas inicialmente em bases próximas do Distrito de Columbia e poderão ser acionadas se necessário, comunicou o Pentágono. O deslocamento ocorreu depois de o presidente Donald Trump ter anunciado, na segunda-feira, que iria deslocar "milhares e milhares" de militares armados para conter as manifestações.
O New York Times noticiou que um helicóptero militar deu uma "demonstração de força" ao sobrevoar um grupo de manifestantes em Washington, na noite de segunda-feira, levantando objetos do chão. Segundo o jornal, a manobra é normalmente feita por jatos em áreas de combate, para assustar insurgentes. A Guarda Nacional do Distrito de Columbia afirmou que vai investigar o caso.
O secretário em exercício de Segurança Interna, Chad Wolf, disse nesta terça-feira que o governo federal vai controlar os protestos "a todo custo".
"O Departamento de Segurança Interna e seus parceiros não vai permitir que anarquistas, perturbadores e oportunistas explorem os protestos civis em andamento para saquear e destruir nossas comunidades", afirmou Wolf.
Na Alemanha, o ministro do Exterior, Heiko Maas, criticou a ameaça de Trump de usar militares armados contra os manifestantes. "Em vez de jogar óleo no fogo, é necessário reconciliar", afirmou Maas à revista Der Spiegel. Ele acrescentou que a violência apenas gera mais violência.
Protestos continuam
Dezenas de milhares de pessoas voltaram a protestar pelos Estados Unidos nesta terça-feira, uma semana após a morte de Floyd A maioria dos protestos transcorreu de forma pacífica ao longo do dia, mas houve registro de violência e prisões de manifestantes à noite.
Um dos maiores protestos ocorreu em Houston, no Texas, a cidade natal de Floyd, e reuniu cerca de 60 mil pessoas. Em Los Angeles, a polícia prendeu centenas de pessoas, segundo um porta-voz. Durante o dia, as manifestações foram pacíficas.
Em muitas cidades, os manifestantes desrespeitaram o toque de recolher a partir do início da noite. Em várias manifestações, os participantes deitaram no chão, com as mãos cruzadas às costas, para simbolizar a impotência de Floyd durante a ação policial que resultou na sua morte, em Minneapolis.
Em Washington, cerca de 2 mil pessoas participaram de um protesto em frente à Casa Branca, segundo o Washington Post. A manifestação foi, na maior parte do dia, pacífica, e à noite alguns manifestantes jogaram garrafas de água contra as forças de segurança em frente à Casa Branca.
Mais tarde, um grupo de 200 manifestantes ainda estava no local e lançava objetos contra os agentes de segurança, que respondiam com gás lacrimogêneo.
Em Nova York, milhares de pessoas ignoraram o toque de recolher a partir das 20h e continuaram com as manifestações. A polícia afirmou que cerca de 200 manifestantes foram detidos.
Milhares se manifestaram nos Estados Unidos e até no Canadá contra o maltrato sistêmico de negros pela polícia, redundando em confrontações violentas. Trump contribuiu para acirrar os ânimos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Cortez
"Não consigo respirar"
Protestos tensos contra décadas de brutalidade policial perante cidadãos negros se alastraram rapidamente de Minneapolis a outras localidades dos Estados Unidos. As manifestações começaram na cidade do centro-oeste após a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos: em 25/05/2020, um policial o algemou e pressionou o joelho em seu pescoço até ele parar de respirar.
Foto: picture-alliance/newscom/C. Sipkin
De pacífico a violento
No sábado, os protestos foram basicamente pacíficos, mas se tornaram violentos com o avançar da noite. Em Washington, a Guarda Nacional foi mobilizada diante da Casa Branca. Tiroteios no centro de Indianápolis deixaram pelo menos um morto: segundo a polícia, não havia agentes envolvidos. Policiais ficaram feridos em Filadélfia. Em Nova York, dois veículos da polícia avançaram contra uma multidão.
Foto: picture-alliance/ZUMA/J. Mallin
Saques e destruição
Em Los Angeles, manifestantes enfrentaram com brados de "Black Lives Matter!" (Vidas negras importam) os agentes da lei armados de cassetetes e revólveres com balas de borracha. Na cidade, assim como em Atlanta, Nova York, Chicago e Minneapolis, os protestos se transformaram em revoltas de massa, com saques e destruição de estabelecimentos comercias.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Pizello
Provocador de Estado
O então presidente Donald Trump ameaçou enviar militares para abafar os protestos: "Minha administração vai parar a violência de massa, e de uma vez só", anunciou, acirrando as tensões nos EUA. Apesar de ele ter culpado supostos grupos de extrema esquerda pelas agitações, o governador de Minnesota, Tim Walz, citou diversos relatos de que supremacistas brancos estariam incitando o conflito.
Foto: picture-alliance/ZUMA/K. Birmingham
Mídia na mira da polícia
Diversos jornalistas que cobriam os protestos foram atacados por policiais. Na sexta-feira (29/05), o correspondente da CNN Omar Jimenez e sua equipe foram presos em Minneapolis. A polícia local também atirou na direção de Stefan Simons, da DW, quando ele se preparava para transmitir ao vivo, na noite de sábado. Outros repórteres foram alvejados com projéteis ou detidos quando estavam no ar.
Foto: Getty Images/S. Olson
Além das fronteiras
As manifestações chegaram até o Canadá: no sábado milhares marcharam pelas ruas de Vancouver e Toronto. Nesta cidade, os participantes também lembraram a morte da afro-canadense Regis Korchinski-Paquet, de 29 anos, na quarta-feira (27/05), caída da varanda de seu apartamento no 24º andar, onde se encontrava só com policiais.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Shivaani
#GeorgeFloyd
Milhares também desfilaram diante da embaixada dos Estados Unidos em Berlim, manifestando indignação contra o homicídio de Floyd e o racismo sistêmico.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M:.Schreiber
Casa Branca cercada
A Força Nacional fez um cordão de isolamento, no domingo, para proteger a Casa Branca. O presidente Trump chegou a ser levado para um bunker na sede do Executivo, que foi alvo de manifestações por dias.
Foto: Reuters/J. Ernst
Soldados em Washington
Após Trump anunciar o uso de soldados para conter as manifestações, o Pentágono deslocou cerca de 1.600 militares para a área de Washington para apoiar as forças de segurança da capital caso seja necessário, diante dos protestos que marcaram uma semana da morte de Floyd. Na Alemanha, o ministro do Exterior, Heiko Maas, criticou a ameaça de Trump de usar militares armados contra os manifestantes.
Foto: Getty Images/AFP/W. McNamee
Recado de Obama
No dia em que a procuradoria endureceu as acusações contras os quatro policias envolvidos na ação, o ex-presidente dos EUA Barack Obama disse que protestos refletem "mudança de mentalidade" no país e incentivou os jovens a continuar realizando as manifestações. "Espero que (os jovens) sintam esperança, ao mesmo tempo que estão indignados, porque eles têm o poder de mudar as coisas", afirmou.
Foto: Reuters/J. Skipper
Funeral reúne centenas em Minneapolis
Centenas participaram de uma cerimônia fúnebre em homenagem a George Floyd em 04/06. Elas ficaram em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, tempo em que Floyd ficou com o pescoço prensado pelo joelho de um policial. "É hora de nos levantarmos em nome de Floyd e dizer: tirem o seu joelho dos nossos pescoços", afirmou o reverendo e ativista pelos direitos civis Al Sharpton (foto) durante o funeral.