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Pequeno glossário da COP27

6 de novembro de 2022

A cada conferência mundial sobre o clima, aparecem termos e expressões ligados ao setor climático. Conheça alguns.

Fumaça envolve chaminés de fábrica
Foto: J. David Ake/AP Photo/icture alliance

Vários jargões e termos se consagraram na abordagem das mudanças climáticas, por isso a DW organizou um glossário para ajudar a entender o que está em discussão nesta Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas:

Mudanças climáticas

Alterações dos ciclos climáticos naturais da Terra atribuídas aos efeitos da atividade humana, especialmente às grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) lançadas na atmosfera pelo uso intensivo de combustíveis fósseis. As mudanças climáticas manifestam-se em fenômenos como degelo das calotas polares, desertificação, extinção de espécies, destruição de ecossistemas, incêndios florestais, elevação do nível do mar, secas e inundações extremas. 

As mudanças climáticas em 11 gráficos

Antropoceno

Nova época geológica proposta pelos cientistas para definir a era atual, marcada pela ação humana sobre o planeta. Trata-se de uma referência às épocas geológicas tradicionais, do Paleoceno, Eoceno, Oligoceno, Mioceno, Plioceno, Pleistoceno ao Holoceno.

Aquecimento global

Aumento da temperatura da superfície do planeta devido à atividade humana nos últimos cerca de 100 anos, especialmente pelo uso de combustíveis fósseis. 

Biodiversidade

O mesmo que diversidade biológica, a variedade de seres vivos, entre plantas e animais existentes no planeta, resultado de milhões de anos de evolução. 

Combustíveis fósseis

Combustíveis com grande quantidade de carbono, como o petróleo, o gás natural ou o carvão. 

Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas

Conferências de alto nível sobre a proteção do ambiente. A primeira realizou-se no Rio de Janeiro em 1992, quando foi criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC na sigla em inglês). A convenção estabelecia protocolos sobre as emissões de gases com efeito de estufa. O mais conhecido é o Protocolo de Kyoto. A convenção instituiu a realização de reuniões periódicas, chamadas Conferências das Partes (COP). Até agora já se realizaram 26, sendo a de Sharm el-Sheikh a 27ª.

Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC)

A contribuição a que cada país se propõe para baixar as emissões de gases com efeito de estufa e manter o aumento da temperatura abaixo dos 2ºC. As NDC decorrem do Acordo de Paris.

Desenvolvimento sustentável

O que satisfaz as necessidades atuais sem comprometer o bem-estar de futuras gerações. Caracteriza-se pela preservação da natureza e do meio ambiente. 

Economia circular

Modelo econômico favorável ao ambiente, prolongando a vida dos produtos e envolvendo a partilha, reutilização, conserto e reciclagem. Implica a redução do desperdício ou de resíduos.  

Emissões zero ou neutralidade carbônica

Quando se remove da atmosfera a mesma quantidade de gases do efeito estufa que são emitidos pelas atividades humanas. Isso se consegue reduzindo ou eliminando os principais fatores de emissão de gases e investindo em florestas, que consomem carbono para crescer. Se a quantidade de gases de efeito estufa emitida for menor do que a absorvida, fala-se de emissões negativas. A União Europeia e vários países já se comprometeram em atingir a neutralidade carbônica em 2050. Portugal foi o primeiro a aprovar um roteiro para a neutralidade carbônica.

Energias alternativas ou renováveis

Provêm de recursos naturais que se renovam, como o sol, o vento ou as marés.

Época pré-industrial

Era anterior à revolução industrial, que começou na Inglaterra. Consensualmente, indica a época que começa na segunda metade do século 18 e vai até ao início do século 19, quando se generalizou o uso das máquinas a vapor, em que as cidades tiveram um grande crescimento e em que aumentou exponencialmente a produção de bens de consumo.

Extinção

Processo que afeta muitas espécies de animais e plantas e que coloca em risco sua sobrevivência, especialmente por efeito da ação humana. Alguns cientistas afirmam que a humanidade caminha para a sexta extinção, porque desde o início da vida na Terra, há cerca de 4 bilhões de anos, já aconteceram cinco momentos de extinção em massa de espécies. Estimativas indicam que metade das espécies possam desaparecer até ao fim do século devida à ação humana. 

Fenômenos climáticos extremos

Situações anormais cuja ocorrência, ou maior frequência, os cientistas atribuem à influência humana sobre o clima, como temperaturas recorde (ondas de frio e de calor), chuvas de uma intensidade nunca antes medida, secas severas e persistentes, ventos excepcionalmente violentos e furacões de grande intensidade, ou inundações no litoral. O IPCC e a ONU advertem que os fenômenos climáticos extremos aumentarão de frequência e de intensidade. 

Gases do efeito estufa

São gases que absorvem as radiações infravermelhas emitidas pelo planeta e impedem que elas se dissipem para o espaço, aquecendo a Terra ao provocar um efeito comparável ao de uma estufa. A produção desses gases é natural, mas ela foi aumentada exponencialmente pelas atividades humanas, sendo a queima de combustíveis fósseis a mais perigosa. O principal gás-estufa é o dióxido de carbono.

O metano é também um gás cuja concentração tem aumentado na atmosfera na última década e que aquece a Terra 80 vezes mais rapidamente do que o dióxido de carbono. Cerca de 60% do metano emitido para a atmosfera resulta da atividade humana, com grande parte provendo da agricultura. Os gases fluorados com efeito de estufa, mais conhecidos como HFCs (hidrofluorcarbonetos, usados por exemplo para refrigerar) também têm um potencial de aquecimento global muito superior ao do dióxido de carbono – até 23 mil vezes mais, segundo cientistas.

Lei europeia do clima

Lei aprovada pela União Europeia em maio de 2021, propondo que até 2030 haja uma redução de pelo menos 55% da emissão de gases que provocam efeito estufa. 

Mercado de carbono

Também é conhecido como comércio internacional de emissões. Tem origem no Protocolo de Kyoto. Estabelece para cada país metas de redução de emissão de gases-estufa, mas que podem ser negociadas com outros países menos emissores, ou seja, os que têm créditos por cada tonelada carbono que poderiam ter produzido. 

Mitigação e adaptação às alterações climáticas

As ações da população mundial para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa destinam-se a limitar e mitigar as alterações climáticas, pelo que é preciso reduzir essas emissões em 50% a nível global até 2050, comparando com 1990. Ao mesmo tempo, os governos estão se preparando para essas alterações, adaptando-se para reduzir as consequências. Por um lado, atua-se nas causas e procura-se minimizar efeitos; por outro, trabalha-se para ser o mais resistente possível a essas alterações.

Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC)

A organização que reúne centenas de cientistas de todo o mundo foi criada em 1988 sob os auspícios da ONU e produz informação científica sobre as alterações climáticas para que os países possam tomar decisões políticas. O IPCC já divulgou relatórios sobre as consequências do aumento da temperatura e sobre os impactos nos oceanos e no meio terrestre. 

Pegada de carbono

Medida que indica a emissão de dióxido de carbono causada por ações de pessoas, empresas, organizações ou Estados. O Acordo de Paris visa limitar a pegada carbônica dos países.

Protocolo de Kyoto

Foi o primeiro tratado jurídico internacional para limitar as emissões de gases do efeito estufa. Aprovado em Kyoto, Japão, em 1997, entrou em vigor em 2005. O documento propõe diferentes metas de redução de gases-estufa para os países desenvolvidos, prevendo emissões pelo menos 5% inferiores às de 1990. Kyoto não foi eficiente porque muitos grandes emissores demoraram a ratificá-lo ou sequer o fizeram, como os Estados Unidos.

Sumidouros de carbono

Absorção natural do carbono da atmosfera, por exemplo através das plantas, durante o processo de fotossíntese. Os oceanos também são sumidouros de carbono, e as algas absorvem ainda mais do que as plantas em terra. Em ambos os casos, o carbono é essencial para o crescimento. Florestas saudáveis e preservadas e a plantação de árvores sem destruir as que existem são fundamentais para baixar os níveis de carbono, segundo os cientistas. Já existem também sumidouros de carbono artificiais.

rw/av (DPA, Lusa)

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