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Pequim aumenta repressão nos 25 anos do massacre da Praça da Paz Celestial

3 de junho de 2014

Governo prende ativistas, restringe trabalho da imprensa e bloqueia acesso a sites. Comissária de direitos humanos da ONU pede que detidos sejam soltos e que autoridades permitam debate sobre o ocorrido em 1989.

Foto: AFP/Getty Images

Nos 25 anos do massacre da Praça da Paz Celestial, lembrados a partir desta terça-feira (03/06), o governo chinês aumentou o número de policiais nas ruas de Pequim e prendeu críticos do governo, além de montar postos de controle ao redor do local da tragédia de 1989.

As medidas fazem parte da mesma operação de segurança que impôs elevadas restrições a ativistas políticos, artistas, advogados e críticos do governo. Dezenas deles tiveram que deixar Pequim ou estão confinados em suas casas e em outras partes do país. Alguns foram detidos.

Aparentemente as conexões com a internet global foram interrompidas – o que certos meios de comunicação interpretam como um sinal de nervosismo do governo. O e-mail do Google e outros serviços estão fora do ar. A China já bloqueia com frequência mídias sociais, como o Twitter e YouTube, e censores fiscalizam sites chineses à busca de conteúdo politicamente sensível.

Além disso, o governo chinês não permite a discussão pública sobre os eventos dos dias 3 e 4 de junho de 1989, quando soldados invadiram com tanques a praça, onde civis protestavam por liberdade e democracia, atropelando os manifestantes, além de abrir fogo contra a população desarmada.

Estima-se que mais de 3 mil pessoas morreram na ação e outras 60 mil ficaram feridas. O governo nunca divulgou dados oficiais sobre o massacre. Segundo a versão de Pequim, estudantes organizaram protestos para derrubar o Partido Comunista e precipitar o país no caos.

China bloqueou acesso ao Google no paísFoto: picture-alliance/dpa

Legitimação

Todos os anos as autoridades do país aumentam as medidas de segurança em torno do aniversário do massacre, mas neste ano as ações estão sendo mais duras. Ativistas que só recebiam um alerta foram presos. A polícia também anunciou jornalistas estrangeiros que cobrirem assuntos delicados sobre a data sofrerão sérias consequências.

Uma emissora francesa afirmou que seus correspondentes foram interrogados por seis horas, ao serem pegos fazendo entrevistas na rua sobre o massacre. Alguns dos detidos estão sendo acusados de criar perturbação, por terem participado de discussões particulares sobre o protesto.

Nesta terça-feira, o governo chinês também defendeu a violenta repressão aos manifestantes em 1989, afirmando que escolheu o caminho certo para salvar a população.

"Com relação ao incidente político que aconteceu no final da década de 1980 na China, assim como questões relacionadas a ele, o governo chinês chegou a uma conclusão há muito tempo", afirmou o porta-voz do Ministério do Exterior Hong Lei. Ele negou casos de perseguição política.

"Nas últimas três décadas, além das reformas e aberturas, as enormes conquistas no desenvolvimento social e econômico da China receberam atenção mundial. A construção da democracia e do Estado de direito continuam sendo aperfeiçoados", argumentou o porta-voz.

Em resposta à repressão das autoridades chinesas, a alta comissária das Nações Unidas para direitos humanos, Navi Pillay, pediu a Pequim a libertação dos ativistas detidos.

"Eu insisto junto às autoridades chinesas para que libertem imediatamente aqueles que foram detidos e permitam que exerçam seus direitos humanos e de liberdade de expressão. Ao invés de reprimir tentativas para lembrar o evento de 1989, as autoridades deveriam incentivar e facilitar o diálogo e a discussão como forma de superar o passado", afirmou.

CN/rtr/afp/ap

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