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Cientistas: Arafat ingeriu polônio, mas "não há provas conclusivas"

7 de novembro de 2013

Apesar de confirmarem ingestão de grande quantidade do elemento radioativo, cientistas dizem que ainda não é possível determinar causa da morte de líder palestino. Viúva de Arafat fala em "assassinato político".

Suha e Yasser ArafatFoto: picture-alliance/dpa

Numa entrevista à imprensa nesta quinta-feira (07/11), na cidade suíça de Lausanne, dois cientistas do grupo que examinou os restos mortais do líder palestino Yasser Arafat relativizaram a conclusão de que ele que teria morrido por causa do envenenamento com polônio 210, apesar de confirmarem que ele ingeriu esse elemento radioativo.

"Nossas observações são coerentes com a hipótese de envenenamento, que é, de qualquer modo, mais consistente do que a hipótese contrária", declarou Patrice Mangin, diretor do centro médico-legal do Hospital da Universidade de Lausanne. Segundo ele, não é possível dizer de forma inequívoca o que matou Arafat porque as amostras biológicas examinadas estariam muito degradadas.

François Bochud, que dirige o Instituto de Física Radioativa da universidade, também ressalvou que as evidências não eram conclusivas. "Podemos dizer, com certeza, que o polônio foi a causa da morte do presidente Arafat? Infelizmente, para aqueles entre vocês que querem uma resposta definitiva, a resposta é 'não'. Ou seja: nossos exames não nos permitem demonstrar categoricamente a hipótese do envenenamento com polônio."

Além de amostras retiradas do cadáver, foram também objeto de exame as roupas de baixo de Arafat e uma bolsa de viagem que ele trazia consigo nos dias anteriores ao óbito. Ficou comprovado que ele ingeriu uma dose letal antes de sua morte, em 11 de novembro de 2004, e que apresentava no corpo níveis elevados de polônio e chumbo que não podiam ser acidentais.

Líder palestino em 2003, um ano antes de sua morteFoto: Jamal Aruri/AFP/Getty Images

"Você não absorve uma fonte de polônio de forma acidental ou voluntária – não é algo que exista no ambiente desta forma", afirmou Mangin.

O procedimento realizou-se por encomenda da Autoridade Palestina e de Suha Arafat, viúva do líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). O relatório resultante, com um total de 108 páginas, foi entregue a ambos num encontro secreto num hotel em Genebra, nesta terça-feira.

A viúva acusa

Bochud observou que poucas microgramas do elemento bastam para provocar a morte. "Por exemplo, pode-se colocá-lo numa bebida, ou na comida. Cinco microgramas é quase nada."

São poucos os casos conhecidos de envenenamento com polônio. Mas, até onde se sabe, o lapso entre ingestão e morte é de cerca de um mês, prosseguiu o cientista. "Isso é comumente observado em envenenamento radioativo, e foi também o que observamos com o Sr. Arafat", disse Bochud.

Apesar das reservas dos especialistas, Suha Arafat declarou à agência de notícias Reuters, nesta quarta-feira, em Paris: "Estamos revelando um crime real, um assassinato político. Está cientificamente provado que ele não morreu de causas naturais, e temos provas científicas de que esse homem foi morto".

Baseada na informação de que o polônio teria sido colocado no café, no chá ou na água, a viúva conclui que o veneno teria sido administrado por alguém "no círculo íntimo" do líder, então contando 75 anos de idade. Ela não acusou nenhum país ou pessoa, mas enfatizou que Yasser Arafat tinha muitos inimigos.

AV/ap/rtr

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