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SaúdeChina

Peritos da OMS frustrados com investigação do vírus em Wuhan

14 de fevereiro de 2021

Além de atrasos devido a quarentena, autoridades chinesas não teriam fornecido "dados brutos" suficientes a conclusões sobre as origens da covid-19. EUA pressionam Pequim para disponibilizar informações.

Cientistas de roupas protetoras em laboratório de Wuhan, China
Laboratório em Wuhan, ChinaFoto: AFP

Após seu retorno da cidade chinesa de Wuhan, peritos da Organização Mundial de Saúde (OMS) queixaram-se que, durante as semanas de sua estada, não tiveram acesso suficientes a "dados brutos" sobre o transcurso dos contágios com o novo coronavírus.

O chefe da delegação, Peter Ben Embarek, exprimiu seu descontentamento neste sábado (14/02), falando à agência de notícias AFP: "Há um misto de frustrações, mas também de expectativas realistas quanto ao que se pode fazer num determinado prazo." Os dez membros do grupo tiveram pouco tempo para realizar seu trabalho, pois só puderam entrar em Wuhan após quarentena de 14 dias.

Embarek acrescentou estar torcendo que os dados reclamados às autoridades chinesas sejam fornecidos, para que se possa prosseguir nas investigações, pois ainda "há um monte de coisas para aprender, para descobrir".

Em Wuhan, no centro da China, foram registradas em dezembro de 2019 as primeiras infecções com o vírus Sars-Cov-2. A finalidade da missão liderada por Embarek era traçar a origem da atual pandemia de covid-19. Sua estada se concluiu no início da segunda semana de fevereiro com a apresentação de um relatório, sem que se chegasse a conclusões definitivas.

O governo dos Estados Unidos expressou "profunda apreensão" em relação às queixas da OMS. O conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan declarou ser imperativo que haja um relatório independente e livre de "alterações pelo governo chinês": "Para entender melhor esta pandemia e se preparar para a próxima, a China deve disponibilizar seus dados dos dias iniciais do surto."

Peter Ben Embarek dirigiu equipe da OMS em WuhanFoto: Christopher Black/World Health Organization/AFP

O que aconteceu antes de dezembro de 2019?

A busca pela origem do coronavírus é politicamente delicada. A China teme ser condenada como culpada pela pandemia. Pequim rechaça qualquer responsabilidade pela eclosão global da doença, evocando outras possibilidades de propagação para além de Wuhan.

De início, o governo chinês negara permissão para uma investigação internacional sobre a origem do patógeno com o fim de otimizar o combate à atual e a futuras pandemias. Só com um ano de atraso, Pequim autorizou a missão da OMS.

A equipe da OMS espera poder examinar dados sobre afecções como pneumonias, gripes ou febres registradas em Wuhan entre outubro e dezembro de 2019, pois é possível que já se tratasse da covid-19. De 72 mil desses casos, os cientistas chineses só testaram 92, a posteriori. Todos os testes foram negativos.

Os especialistas internacionais acreditam que o vírus causador da doença, responsável por cerca de 2,4 milhões de mortes em todo o mundo, originou-se em morcegos, sendo transmitido a seres humanos através de um hospedeiro intermediário, possivelmente um outro mamífero.

De início, eles descartam a teoria de que o patógeno tenha sido criado em laboratório. No entanto continua-se sem saber onde e quando a pandemia começou, não tendo sido assinalado nenhum foco importante em Wuhan ou em qualquer outro local antes de dezembro de 2019.

av (AFP,Lusa,Reuters,DPA)

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