Peritos isolam 78 amostras de DNA de vítimas do 4U-9525
29 de março de 2015
Segundo investigadores franceses, material agora será comparado ao das famílias das 150 vítimas do avião que se chocou contra os Alpes. Pista está sendo construída para facilitar acesso ao local dos destroços.
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Investigadores franceses já conseguiram isolar 78 amostras de DNA a partir de partes de corpos encontradas junto aos destroços do voo 4U-9525, nos Alpes franceses. No entanto, nenhuma das 150 vítimas ainda foi identificada – isso deve ser feito em Paris, comparando o material com amostras trazidas por familiares.
Neste domingo (29/03), o promotor responsável pelas investigações, Brice Robin, voltou a afirmar que a prioridade no momento é o resgate de corpos. "Depois de resgatar os corpos, nós podemos ir para o segundo estágio, que é a recuperação de partes do avião, indispensável para se chegar à verdade", disse Robin.
Ele ainda negou notícias que surgiram na imprensa de que o corpo do copiloto, que teria deliberadamente causado a tragédia, fora identificado. "Não identificamos as vítimas, mas sim vestígios de DNA. E ainda não conduzimos comparações de DNA, portanto isso é impossível de especificar. Ainda é muito cedo", afirmou.
Segundo o promotor, uma pista de acesso ao local está sendo construída para permitir que veículos possam se aproximar da área e ajudar na remoção de peças maiores do avião. A pista deve ficar pronta nesta segunda-feira. Os trabalhos ainda podem durar duas semanas.
Cerca de 60 voos de helicópteros são realizados por dia para transportar equipes de busca até o local do desastre – em meio às montanhas, em uma área íngreme e escorregadia, sem uma parte plana que possibilite o pouso de helicópteros.
"Como segurança é prioridade, o processo de resgate está sendo um pouco lento", afirmou o vice-diretor do instituto de polícia criminal, Patrick Touron. Ele ressalta que detalhes ajudarão na identificação, como digitais, jóias, e radiografia de dentes. "Em catástrofes, geralmente 90% das identificações são feitas pelos dentes".
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comunicou neste domingo o envio de uma pequena delegação de especialistas para ajudar na missão de resgate. Entre as vítimas do 4U-9525 havia um cidadão israelense.
Oito voluntários do serviço Zaka, organização judaica, também deve ajudar na identificação das vítimas. O grupo é conhecido pela intervenção em atentados suicidas em Israel e por prestar primeiros socorros e buscar restos mortais.
As equipes de resgate também tentam encontrar a segunda caixa-preta, que contém gravação de dados do voo. Até agora, apenas a peça que contém a caixa-preta foi encontrada, mas ela estava vazia.
MSB/afp/dpa
Cronologia do desastre do voo 4U-9525
Airbus A320 da Germanwings caiu nos Alpes franceses 40 minutos após decolar de Barcelona, numa tragédia que investigadores tratam como um ato deliberado do copiloto. Uma cronologia com base nas primeiras investigações.
Foto: D. Bois/AFP/Getty Images
Decolagem com atraso
O voo 4U-9525, da companhia aérea alemã Germanwings, decola do aeroporto de Barcelona por volta das 10h00 (horário local), de 24 de março de 2015, com cerca de 20 minutos de atraso. O Airbus A320-211, com 24 anos de uso, deveria chegar às 11h55 em Düsseldorf. Havia 150 pessoas a bordo, a maioria delas alemães e espanhóis.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Vinte minutos sem problemas
Durante os 20 primeiros minutos, o voo é normal. O ambiente entre piloto, copiloto e tripulação foi descrito pelos investigadores franceses, com base no áudio de uma das caixas-pretas, como descontraído e relaxado.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Voo de cruzeiro
Às 10h20, o avião da Germanwings alcança a altitude de cruzeiro, de 38 mil pés (11,5 quilômetros). É a fase na qual a aeronave viaja de forma reta e nivelada, na velocidade máxima que pode atingir de modo a consumir o mínimo de combustível possível.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
Último contato
Às 10h30, o avião faz o último contato com o controle aéreo. Um dos pilotos diz: "Direção IRMAR. Obrigado, 18G." A sigla é uma indicação de que a cabine recebeu dos controladores a autorização para prosseguir a rota direta até "IRMAR", próximo ponto em que o A320 deveria fazer contato. Já 18G é a abreviatura do indicador de rádio do voo.
Foto: picture-alliance/dpa/Airbus_Industrie
Piloto trancado fora da cabine
Às 10h31 o avião começa a perder altitude, quando deveria manter-se em fase de cruzeiro. Na cabine fechada, estava apenas o copiloto Andreas Lubitz, de 28 anos. A caixa-preta registra chamadas de interfone, em que o piloto se identifica tentando entrar, mas sem receber qualquer resposta. Captada pelos microfones, a respiração de Lubitz é normal.
Foto: Reuters/L. Foeger
Copiloto em silêncio
Às 10h35, a agência de aviação civil francesa lança um sinal de alerta, ao perceber a perda de altitude contínua da aeronave. Um caça Mirage 2000 decola da base militar de Orange para alcançar o voo da Germanwings. Durante cerca de cinco minutos, o piloto golpeia a porta da cabine, de forma cada vez mais violenta, na tentativa de entrar. O copiloto (foto) se mantém em silêncio.
Foto: picture alliance/AP Photo
Desespero de passageiros
O transponder do A320, que envia automaticamente informações sobre sua localização, para de emitir sinais às 10h40. A caixa-preta registra a ativação do sistema de alerta sonoro do avião, que indica impacto imediato. Nos instantes finais, passageiros começam a gritar.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen
Queda nas montanhas
Cerca de 40 minutos após decolar, o A320 se choca contra o maciço de Trois Evêchés, numa zona não habitada dos Alpes franceses. Todos os 144 passageiros e seis tripulantes morrem, num dos maiores desastres aéreos da história na Europa. Entre os mortos, estão pessoas de 15 nacionalidades, incluindo 16 adolescentes da mesma escola de uma pequena cidade no oeste da Alemanha.