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Perspectivas para Cuba sem Fidel

Tobias Käufer md
28 de novembro de 2016

Embora exilados comemorem a morte de seu antigo carrasco, no enfraquecido campo da oposição cubana há pouca esperança de mudança e nenhuma estratégia coerente para uma vida sem o "máximo líder".

Revolução cubana
Foto: picture alliance/Photoshot

Na manhã posterior à notícia da morte de Fidel Castro, a famosa blogueira cubana Yoani Sánchez fotografou o nascer do sol numa Havana ainda sonolenta. Era a primeira manhã sem o homem que determinou cada detalhe da vida de gerações inteiras em Cuba.

Cuba sem Fidel Castro, Cuba sem o "máximo líder", algo impensável até agora. Mas é a realidade. Sánchez escreveu sobre nervosismo nas forças de segurança e cubanos incrédulos, que se recusam a acreditar nas notícias levadas pelo chefe de Estado, o general Raúl Castro, a seus compatriotas, por meio da televisão.

A blogueira cubana Yoani Sánchez pertence à pequena parcela da população cubana que se atreve publicamente a manifestar resistência ao líder revolucionárioFoto: DW

Sánchez pertence à pequena parcela da população cubana que se atreve publicamente a manifestar resistência ao líder revolucionário. A blogueira foi ameaçada por forças de segurança, cuspida e humilhada. Ela paga por sua coragem com isolamento, degradação oficial e ódio. Agora, a "geração Sánchez" espera que, finalmente, algo mude em Cuba. Há alguns anos Sánchez opera seu blog 14ymedio, popular sobretudo entre os exilados cubanos e estrangeiros, pois os próprios cubanos não têm acesso à internet.

Oposição emigrou

Não sobrou muito da oposição cubana. Oswaldo José Payá, um dos políticos de oposição mais proeminentes, morreu há quatro anos num misterioso acidente de carro. Até hoje, a família dele fala em atentado. Muitos outros não resistiram à tremenda pressão da inteligência interna cubana e optaram, após anos de prisão, por uma vida no exílio.

Entretanto, a partir de Miami ou Madri, eles quase não têm influência sobre o desenvolvimento político em Cuba. Na mídia estatal, eles não têm lugar e, por causa da falta da internet, não conseguem alcançar seus compatriotas.

Até mesmo as líderes do movimento pelos direitos civis Mulheres de Branco estavam em Miami nesses dias históricos, participando de uma cerimônia de inauguração de uma rua que leva o nome do grupo, a Damas de Blanco Way.

Embora muitos exilados cubanos tenham comemorado a morte de seu antigo carrasco, no enfraquecido campo da oposição em Cuba há pouca esperança e nenhuma estratégia coerente para uma vida sem Fidel Castro.

Resistência à dominação externa

O Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel adverte contra expectativas demasiado exageradas. Em entrevista à DW, o argentino diz não acreditar que haverá mudanças rapidamente. "Cuba tem o direito de autodeterminação, e acho que as portas também vêm se abrindo um pouco. Cuba sempre teve de resistir a uma agressão, e o embargo ainda não foi abolido."

O argentino, que resistiu ele mesmo a uma ditadura durante o regime militar na Argentina, vê principalmente o medo dos comunistas de interferências de fora como um freio ao desenvolvimento. "Depois de mais de 50 anos de resistência, é preciso respeitar o fato de Cuba ainda querer resistir a uma dominação vinda de fora."

Prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel alerta para expectativas exageradasFoto: DW/T. Käufer

Em Havana, o domingo é tradicionalmente o dia em que a oposição celebra sua resistência. As Damas de Branco fazem uma marcha dominical silenciosa pelas ruas da cidade, pela democracia e a liberdade, depois da missa na Igreja de Santa Rita de La Habana.

No entanto, neste domingo (27/11), elas decidiram cancelar o protesto, pela primeira vez em 13 anos. "Não queremos dar ao governo motivo algum para interpretar isso [o protesto] como uma provocação", acrescentou Berta Soler, líder do grupo, em entrevista ao jornal Diário de Cuba, editado em Miami.

 

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