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Peru oferece recompensa por pistas que levem a ex-presidente

10 de fevereiro de 2017

Ministério do Interior põe Alejandro Toledo na lista de criminosos procurados e disponibiliza 100 mil sóis por informações que levem a sua captura. Ele é acusado de receber propina de 20 milhões de dólares da Odebrecht.

Ex-presidente do Peru Alejandro Toledo
Foto: Orlando Sierra/AFP/Getty Images

O Peru colocou o ex-presidente Alejandro Toledo na lista de criminosos mais procurados do Ministério do Interior e ofereceu uma recompensa de 100 mil sóis (cerca de 95 mil reais) por qualquer informação que leve a sua localização e captura, afirmaram autoridades nesta sexta-feira (10/02).

O ministro Carlos Basombrío anunciou a recompensa depois de o juiz Richard Concepción ordenar a detenção do ex-presidente pelos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro, assim como sua prisão preventiva por 18 meses.

Basombrío disse que o alerta vermelho já foi transmitido à Interpol da França, onde o pedido está sendo avaliado. Ele acrescentou que a oferta de recompensa de 100 mil sóis vale para qualquer pessoa de qualquer país que repasse uma informação sobre onde está Toledo.

Segundo o site da Comissão Avaliadora de Recompensas Contra a Criminalidade, a recompensa será concedida "às pessoas que proporcionarem informações oportunas e verídicas que ajudem na localização exata e captura do ex-presidente". A ficha do ex-presidente com a foto, os crimes dos quais é acusado e a recompensa já se encontra no site do Ministério do Interior junto com a de outros criminosos foragidos.

O ministro salientou o empenho em "localizar ainda hoje" o ex-presidente, que está fora do país e não deu indícios de que voltará depois que, na última sexta-feira, foi revelado que os responsáveis da construtora Odebrecht teriam confessado o pagamento de 20 milhões de dólares para que ele facilitasse negócios. O advogado de Toledo, Paolo Aldea, admitiu que o ex-presidente está na França. "Toledo está em Paris, e vamos aguardar", disse.

"Não é um cidadão qualquer"

O juiz Richard Concepción ordenou a prisão de Toledo por considerar que há evidências suficientes de sua intervenção em favor da Odebrecht na licitação das obras da estrada Interoceânica do Sul. Segundo o promotor Hamilton Castro, Toledo recebeu 20 milhões de dólares em subornos pagos entre 2006 e 2010. As propinas foram recebidas por meio de uma rede de empresas offshore, em nome do empresário peruano-israelense Josef Maiman, amigo íntimo do ex-presidente.

"Não é um cidadão qualquer. Foi presidente da República e, valendo-se do mais alto cargo do país, teria cometido todos estes atos corruptos para enriquecer ilicitamente", afirmou o juiz. De acordo com o magistrado, Toledo não tem raízes no Peru, já que passa a maior parte de seu tempo fora do país, pois trabalha como pesquisador na Universidade de Stanford, nos EUA.

Toledo é a primeira grande figura da política peruana indiciada pelo caso Odebrecht, cujos responsáveis confessaram à Justiça americana o pagamento de 29 milhões de dólares a funcionários do Peru entre os anos de 2005 e 2014. Esse período compreende os governos de Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).

A Odebrecht fechou um acordo com o Ministério Público do Peru para pagar 9 milhões de dólares como uma antecipação da devolução dos lucros ilícitos obtidos com os subornos, além de entregar toda informação ou documentação que seja requerida pelas autoridades peruanas. A suposta propina de 20 milhões de dólares foi denunciada por Jorge Barata, ex-diretor da construtora brasileira no Peru.

PV/efe/rtr/dpa

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