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SaúdePeru

Peru suspende teste com vacina chinesa

14 de dezembro de 2020

Estudo clínico com produto da Sinopharm é interrompido por precaução depois de voluntário apresentar problemas de saúde. Imunizante já foi aprovado em outros países.

Profissional com roupa de proteção aplica injeção em homem com máscara
Voluntário recebe dose da vacina da Sinopharm em LimaFoto: Ernesto Benavides/AFP

O Peru anunciou nesta sexta-feira (11/12) a suspensão temporária dos ensaios clínicos da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinopharm para covid-19, após terem sido detetados problemas neurológicos em um dos voluntários.

Não se trata, porém, da vacina Coronavac, que começou a ser produzida em São Paulo pelo Instituto Butantan, na semana passada. O imunizante adquirido pelo governo paulista foi desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac.

O Instituto Nacional de Saúde peruano decidiu suspender os testes como medida de precaução, depois de um voluntário se ter queixado de dificuldades para mexer as pernas, devido a fraqueza, de acordo com órgãos de comunicação locais. 

"Há alguns dias, comunicamos devidamente as autoridades reguladoras de que um dos nossos participantes [nos ensaios clínicos] apresentava sintomas neurológicos que poderiam corresponder a uma complicação conhecida como Guillain-Barré", explicou o chefe da equipe de pesquisa principal dos ensaios clínicos da vacina, German Malaga, segundo a imprensa peruana. 

A síndrome de Guillain-Barré é uma doença rara, não contagiosa, em que o sistema imunológico do paciente ataca parte do sistema nervoso periférico, podendo levar a fraqueza muscular, perda de sensibilidade nas pernas e braços e até paralisia. 

Em meados de 2009, o Peru tinha declarado emergência sanitária em várias regiões do país devido a vários destes casos.

Casos semelhantes nos EUA

Casos semelhantes ocorreram durante a vacinação contra a gripe suína nos Estados Unidos na década de 1970. Cerca de 450 pessoas apresentaram sintomas da síndrome de Guillain-Barré.

Os testes da vacina, realizados em cerca de 12 mil voluntários, deveriam estar concluídos esta semana.

Em caso de resultados positivos, que não eram esperados até meados de 2021, o governo peruano tinha planeado adquirir cerca de 20 milhões de doses para vacinar dois terços da população do país.

A Sinopharm usa o método do vírus inativado para fabricar vacinas. Assim, o ingrediente ativo não precisa ser resfriado a baixíssimas temperaturas como é o caso do inoculante da Biontech-Pfizer sendo, portanto, um produto mais fácil de transportar e armazenar.

No entanto, como outros fabricantes chineses, Sinopharm ainda não publicou quaisquer dados sobre a segurança ou eficácia da substância. A reputação de fabricantes chineses de vacinas também tem sido afetada por escândalos envolvendo produtos vencidos ou de baixa qualidade.

Desde o início da pandemia, o Peru registou 36.499 mortes devido ao novo coronavírus e 979.111 casos de covid-19. 

Emirados Árabes Unidos

Os Emirados Árabes Unidos já aprovaram a vacina da Sinopharm para uso popular generalizado nesta semana. Na decisiva terceira fase do estudo, foi atestada uma eficácia de 86%, segundo o Ministério da Saúde em Abu Dhabi.

O país também disponibilizou doses da substância para seu aliado Egito, como um "presente dos Emirados Árabes Unidos", conforme anunciou a ministra da Saúde egípcia, Hala Sajid, nesta quinta-feira, após a chegada do carregamento ao Cairo, conforme noticiado pela mídia estatal. A vacina deve ser disponibilizada gratuitamente aos cidadãos.

MD/lusa/afp/dpa/efe