Enquete revela que, ao mesmo tempo, 45,2% da população apoia permanência da chefe de governo no cargo. Chanceler federal vem perdendo popularidade em meio ao agravamento da crise migratória.
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Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (29/01) pela revista alemã Focus revela que quatro entre cada dez alemães querem a renúncia da chanceler federal, Angela Merkel.
Enquanto 39,9% dos 2 mil entrevistados pelo instituto de pesquisas Insa são a favor de que a chanceler deixe o cargo, 45,2% defendem sua permanência como chefe de governo.
Durante muito tempo, Merkel gozava de índices elevados de popularidade, mas acabou perdendo apoio nos últimos meses, em particular, devido ao agravamento da crise migratória no país.
Os apoiadores do partido de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) são os mais críticos ao governo da chanceler. A renúncia de Merkel é defendida por dois em cada três adeptos do partido eurocético.
Entre os apoiadores do partido A Esquerda, 45,4% defendem que Merkel deixe o cargo, e 44% dos adeptos do Partido Liberal Democrático (FDP) também são favoráveis à saída da chanceler. Entre os que apoiam o Partido Social Democrata (SPD), que integra a coalizão governista juntamente com a União Democrata Cristã (CDU) de Merkel, 41,3% são a favor da renúncia da chefe de Estado.
A menor rejeição à Merkel vem dos apoiadores do Partido Verde e da própria CDU, com 30% e 26,6%, respectivamente, favoráveis à sua saída.
Novas leis de asilo
Os resultados da pesquisa foram divulgados após a coalizão governista chegar a um acordo sobre asmudanças nas leis de asilo do país.
Os líderes concordaram que os refugiados não poderão mais trazer automaticamente seus familiares para a Alemanha. Em alguns casos, eles terão que aguardar dois anos para poder buscar a família.
A coalizão também concordou em acrescentar Marrocos, Argélia e Tunísia à lista de países considerados seguros, o que torna mais rápida a análise do pedido de asilo e a deportação dos requerentes desses países.
Além disso, ficou decidido que os requerentes de asilo que concluírem um curso profissionalizante na Alemanha terão o direito de trabalhar por dois anos no país, independentemente do seu status como refugiado.
RC/rtr/afp/dpa/ap
Dez anos de Merkel como chanceler federal alemã
Angela Merkel chegou a ser vista apenas como líder interina do partido União Democrata Cristã (CDU) depois da saída de Helmut Kohl da chancelaria federal da Alemanha. Dez anos depois, a era Merkel continua.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Primeiro juramento
"Eu quero servir a Alemanha". A promessa foi feita por Angela Merkel no dia 22 de novembro de 2005, quando tomou posse como chanceler. Depois da vitória apertada nas eleições gerais, ela se tornou a primeira mulher e a primeira alemã da antiga parte oriental a ocupar o cargo. Merkel se tornou a chefe de governo, comandado pela grande coalizão formada entre os partidos CDU, CSU e SPD.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Bergmann
O convidado do Tibet
O início da gestão de Merkel foi marcado por uma forma reservada de governar e por seu estilo de liderança "presidencial". Mas, em 2007, Merkel causou polêmica ao se reunir com Dalai Lama. O encontro gerou descontentamento em Pequim e fragilizou as relações entre Alemanha e China. A chanceler desafiou as preocupações e sinalizou querer se destacar como defensora de direitos humanos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Schreiber
Quem tem medo do cão de Putin?
Merkel é conhecida por sempre ser racional e se manter calma. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, quis aparentemente testar os nervos da chanceler quando a recebeu na residência presidencial em Sochi, em 2007. Putin conseguiu revelar o ponto fraco de Merkel: ela tem medo de cães. Isso não impediu que o presidente russo deixasse o labrador Koni farejar os sapatos da chanceler.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Astakhov
Resgate financeiro
Em situações de crise, Merkel age com frieza. Quando os mercados financeiros entraram em colapso em 2008 e ameaçaram prejudicar a economia alemã, a chanceler se empenhou na proteção do euro e na criação de fundos de resgate para as economias mais fracas do bloco europeu. Ela se destacou como eficiente gestora de crises, mas não escapou de receber críticas de países como Grécia e Espanha.
Foto: picture-alliance/epa/H. Villalobos
Caminho para o segundo mandato
Apesar do pior desempenho da aliança conservadora na história, Merkel venceu as eleições de 27 de setembro de 2009. Depois de se aliar ao Partido Social-Democrata (SPD), a chanceler estava pronta para iniciar o segundo mandato ao lado de outro parceiro, o Partido Liberal Democrático (FDP).
Foto: Getty Images/A. Rentz
Resposta rápida
Merkel que, como física, é conhecida por pensar de forma objetiva, não previu a catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão. Denfensora da política nuclear na Alemanha, Merkel mudou de posição em tempo recorde. A extensão do prazo de funcionamento das usinas foi suspenso e a Alemanha iniciou o processo de colocar fim ao uso da energia nuclear.
Foto: Getty Images/G. Bergmann
O homem ao seu lado
Quem o reconheceria? Quem conhece sua voz? Há dez anos, o marido de Merkel, Joachim Sauer, professor de Química da Universidade Humboldt, em Berlim, se mantém discreto. Eles estão casados desde 1998.
Foto: picture alliance/Infophoto
Amizade em crise
As escutas de comunicações de políticos alemães por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, abalaram as relações da Alemanha com a Casa Branca. Até o celular de Merkel foi alvo de espionagem. Uma frase da chanceler ficou famosa: "Não é aceitável que países amigos espiem uns aos outros".
Foto: Reuters/F. Bensch
O paciente grego
O clube de fãs de Merkel é extenso, mas na Grécia é provavelmente menor. A hostilidade contra a chanceler alemã nunca foi tão grande como em 2014, no auge da crise da dívida grega. A imagem de velha inimiga ressurgiu, mas Merkel se manteve firme em relação à política de austeridade que previu cortes e reformas a serem cumpridos por Atenas.
Foto: picture-alliance/epa/S. Pantzartzi
Emotiva, às vezes
Tipicamente reservada, Merkel quebrou os protocolos durante a final da Copa do Mundo de 2014 no Rio de Janeiro. A chanceler federal alemã celebrou a vitória da Alemanha sobre a Argentina ao lado do presidente alemão, Joachim Gauck. Ela estava no auge de sua popularidade, assim como a seleção vitoriosa.
Foto: imago/Action Pictures
"Nós podemos fazer isso!"
Para Merkel, o direito de asilo a refugiados não pode ser limitado. "Nós podemos fazer isso" se tornou o credo da chanceler sobre a política alemã de acolhida aos migrantes que fogem de guerras e perseguições. Se o país dará conta da enorme demanda, isso já é uma pergunta ainda em aberto.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
"E agora, Merkel?"
Sexta-feira 13 – um massacre em novembro. A França está em situação de emergência e Merkel ofereceu "toda a assistência" ao país vizinho. O medo do terrorismo se espalha. Não há dúvidas de que esse é maior desafio de Merkel em dez anos no poder.