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Extrema direita

6 de março de 2011

Eleições presidenciais na França poderão surpreender, com vitória da extrema direita. Enquete indica predileção do eleitorado por Marine Le Pen, atual presidente da Frente Nacional e sucessora do pai no cargo.

Marine Le Pen: discurso abertamente xenófoboFoto: AP

Segundo enquete divulgada na edição deste domingo (06/03) do jornal Le Parisien, Marine Le Pen teria hoje 23% dos votos dos franceses, enquanto o atual presidente, Nicolas Sarkozy, e sua adversária Martine Aubry ficariam com 21% respectivamente.

Com isso, Le Pen chegaria ao segundo turno do pleito que decide no país quem ocupa a presidência. Apenas dois meses após ser nomeada para a sucessão do pai na presidência do partido de extrema direita Frente Nacional, Le Pen, aos 42 anos, atinge o melhor prognóstico nas urnas já registrado por seu partido na história.

"Política do medo"

Sarkozy: popularidade em baixaFoto: AP

O cenário parece pior ainda do que aquele considerado traumático para muitos franceses, quando, no ano de 2002, Jean-Marie Le Pen chegou ao segundo turno das eleições no país. Na época, Jacques Chirac acabou obtendo mais de 80% dos votos, mas mesmo assim a Frente Nacional demonstrou sua força entre o eleitorado.

"Sarkozy brincou com o fogo nas últimas semanas", acusa Martine Aubry, presidente do Partido Socialista. Segundo ela, o presidente conduz "uma política do medo", que acaba fortalecendo a extrema direita. A popularidade do presidente nunca esteve tão baixa. Até agora, ele sequer se pronunciou diretamente a respeito de uma nova candidatura.

Brechas para a extrema direita

Fato é que Sarkozy desperta polêmica até mesmo dentro de seu próprio partido, em função de sua predileção em apelar para o tema da migração em campanha eleitoral. No último ano, ele foi criticado por isso pela União Europeia, por ocasião da deportação de ciganos da etnia rom da França para a Bulgária. Um debate que acabou abrindo brecha para a Frente Nacional.

Cada vez que o presidente critica os imigrantes, Marine Le Pen aproveita a oportunidade para levar a discussão a extremos: enquanto Sarkozy defende, por exemplo, a perda da cidadania para criminosos de origem estrangeira com passaporte francês, Le Pen vai mais além e pleiteia que eles sejam deportados.

Martine Aubry: 'Sarkozy brinca com fogo'Foto: AP

Enquanto Sarkozy defende um Estado laico, Le Pen é a favor da proibição de alimentos específicos para os muçulmanos nas escolas do país, chegando mesmo a comparar a presença dos muçulmanos na França com "forças de ocupação".

Discurso nacionalista

Inegável é o fato de que a filha de Jean-Marie Le Pen se tornou, em pouco tempo, mais conhecida no país que seu pai. Mãe e divorciada, ela parece conseguir modernizar as fileiras da Frente Nacional, um partido extremamente católico.

Marine Le Pen promete "salvar a cultura" do país e fortalecer o Estado, priorizando os franceses em detrimento dos imigrantes na distribuição de empregos e até mesmo cogitando a volta do franco francês no lugar do euro. Discursos nacionalistas que, dado o percentual de predileção por ela nas pesquisas de intenção de voto, parecem agradar.

Alerta contra "política ameaçadora"

Associações judaicas e organizações de imigrantes alertam para o risco representado pela nova candidata e pensam como será possível obter a união em uma campanha contra a "política ameaçadora" de Marine Le Pen.

Enquanto isso, o Partido Socialsita e o UMP de Sarkozy procuram desenvolver estratégias contra a ascensão da extrema direita. A eles restam apenas 14 meses até as próximas eleições no país.

SV/afp/dpa/rtr
Revisão: Marcio Damasceno

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